Annabelle

   POV'S Selena.

Floresta, Nova York 00:30 AM

Constato que há alguma coisa de errado com a reação do Justin. É incomum e fora do contexto. Não foi normal ele ter agido como se importasse comigo, quando na verdade um psicopata pouco liga para vida alheia. Desde que chegamos na barraca, o indivíduo permanece em total silêncio no canto da árvore. Como de costume esse horário ele sempre sai para caçar vítimas, mas o que é estranho é que hoje ele permanece paralisado sem sequer piscar os olhos.

Será que já está planejando como irá me assassinar? É impossível o doente me ajudar, esse negócio  poderá explodir a qualquer momento. Já até aceitei que isso será como pagamento de todos os meus crimes. Mereço sofrer e pagar por tudo de infeliz nessa vida. Só não quero que Mabel e a Annabelle sofram, elas não merecem serem punidas por terem uma mãe tão péssima.

— Vai ficar a noite inteira aí desse jeito?— descruzo os braços, tendo que me pronunciar após o demorado minutos de espera.— Que clima de velório é esse Justin? Até parece que horas atrás não estávamos comemorando o aniversário da Mabel. É sério que tú vai querer estragar o finalzinho da noite, com paranóias?— analiso a falta de expressão que transparece em sua face vazia. O homem está com o olhar vago, como se tivesse pálido igual um morto.

Qual o sentido dessa loucura do Justin, afinal? Sentir pena de mim ou bancar o salvador da pátria? Não consigo compreendo-ló.

— Me deixa, Gomez.— é tudo que fala, com o tom cansado, querendo desprezar a minha presença.

— Não vou te deixar porra nenhuma. — acabo me zangando. Seus olhos erguem-se focalizando na minha cara irritada.— Você está assim por conta daquilo que eu disse. Não precisa surtar antes da hora, ok?—peço que ele confirme que estou certa na minha tese. O fato da revelação sobre a doença quebrou as pernas do maníaco.

Achei que o indivíduo abominável soltaria fogos quando soubesse que tenho poucos meses de vida.

Seu cenho franzido traz um embrulho para o meu estômago. Sei lá,  é arrependimento de ter aberto o jogo para alguém que exala falta de confiança. Um psicopata nunca é a melhor opção para se recorrer, porque eles sempre sabem usarem as armas perfeitas na hora certa. O que pode levar a ser um crime perfeito.

A gentalha dessa floresta não pode nem sonhar o que está acontecendo  comigo!

— É estranho ter que admitir esse caralho...— o ouço revelar baixinho o que está passando por sua mente diabólica no momento. Aproximo-me sentando no seu lado, ao lado do tronco da árvore, disposta a ouvi-ló.

Será que é real essa mistura de sentimentos ou é apenas parte de um plano? Pelos anos de experiências convivendo com esse insano  consigo captar de longe o que pode ser mentira. Espero que ele não tente me enganar porque jamais vou cair nas suas trapaças.

— O que você quer admitir?— vacilo a minha voz, tocando em cima da sua mão larga que está sobre o tronco.

Estamos no meio do breu, com vários mosquitos me picando.

Há um clima estranho, tenso e complexo. Quando nossos olhos se cruzam na imensidão desse matagal, suas orbes carameladas refletem devido a luz da lua cheia. Pela primeira vez consigo enxergar um misto de humanidade em Justin, o que soa assustador. Porque eu não quero receber sentimento de pena de ninguém, e principalmente dele.

— Fale.— insisto em querer arrancar a verdade, quando o vejo virando a cara.

— Que será uma droga ficar sem você.

Cadê a vadia da peguete dele pra ouvir uma coisa dessas? Está na cara que esse namoro é de faixada.

Engasgo com a minha própria saliva por a revelação ser tão chocante e inesperada. Olho para dentro dos seus olhos. Desde de quando esse psicopata acha que a minha presença é importante em sua vida? Quando tudo que ele mais faz é querer me ameaçar e fazer tortura psicológica o tempo todo, ficou ainda pior quando eu voltei.

— Contando piadas a essa hora, Justin.— sacaneio, abaixando a cabeça. Não quero admitir que talvez... só talvez...

— Não é piada, Selena, eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.— o fito desconfiada. Cadê a parte que o mesmo solta que está  zoando com a minha cara?— Por pior que tú seja, eu sei que temos um lance inacabado. E essa coisa acaba nos afetando, porque não sabemos lidar.— ele solta no meio da conversa bizarra que estamos tendo.

Mesmo não querendo confessar para mim mesma, a terapeuta tinha razão: jogar para fora faz um bem danado. E Justin está admitindo ter sentimentos, logo por mim, eu não presto para nada! Até fugir com outro cara, eu fugi. É mesmo assim ele me aceitou de volta.

—Mas esse lance você faz questão de menosprezar, Selena. — acrescenta, falando na minha cara e eu fico imóvel. Como é que é?

— E isso te machuca?— rebato num tom curioso, por perceber o desconforto do próprio, pelo assunto que estamos tentando estabelecer.

— Machucar não é bem a palavra certa. — seus olhos fitam os meus exageradamente, o que me faz recuar um pouco. É louco pensar que estamos falando sobre sentimentos, sendo que nunca paramos para se importar com isso.

Suspiro fundo, ouvindo tudo calada, não tendo nem palavras.

— Há anos você me rejeita, Selena. E às vezes acredito que você possa me ver apenas como um monstro. — pelo jeito esse pensamento o deixa mexido.

— Eu não te vejo como um monstro, pelo contrário.— o interrompo sussurrando, surpreendendo a mim mesma.

Quero me enfiar num buraco para não ter que abrir certos pontos. Tudo que falo contra ele é da boca pra fora, isso não significa que eu considero Justin como um ser mais desprezível do mundo.

Somos assassinos, frios e iguais. De resto, o próprio é só insuportável mesmo.

— Você está falando sério?— ele parece não acreditar nas palavras que saem da minha boca. Assim que balanço a cabeça confirmando que sim, noto na sua reação mudar pro um olhar de expectativa.

— Lógico, né doidinho, senão eu nem perderia o meu tempo aqui me explicando. — quebro a tensão, levantando-me. O deixo com cara de tacho, largado-o sozinho.

No entanto, o atrevido segue os meus passos com os olhos, quase secando a minha bunda. Encaminho-me até a ensopo, abrindo e pegando uma bebida. Faz um bom tempo que não bebo cerveja. Já que neste lugarzinho no meio do mato não tem geladeira, a única coisa é se contentar com gelo.

—Vai querer também?— ofereço, dando uma trégua pra nós dois, erguendo a garrafa da bebida. O loiro arregala os olhos, como se eu tivesse dito algo de errado. —O que foi?— olho para trás, porque pela cara que Justin faz é como se houvesse uma outra pessoa atrás de mim. — Por que está assim?— franzo a testa, sem saber o motivo dos seus olhos estarem tão confusos.

— Achei que você não pudesse beber.—argumenta, por eu ainda amamentar a bebê.

—Eu vou quebrar essa regra. — pisco pra ele, observando que esse simples gesto nos conecta de forma positiva.— Annabelle se acostuma, se o meu leite secar, a gente busca uma vaca na cidade pra bebê. Simples assim. — abro um sorriso de canto, ouvindo a risada do homem que está com outro humor. É quase raro temos momentos assim de tranquilidade.

Despejo o líquido no copo descartável, não prestando atenção por estar conversando com o pai das meninas, até me atrapalho um pouco derramando.

— Oh não!— praguejo por sujar a minha blusa.

— O que houve?— quase não ver o que aconteceu, por conta do escuro.

— Me sujeitei toda. — reclamo, limpando a minha blusa, com as minhas mãos. Retiro a peça preta, coisa que acaba animando Justin por me ver apenas de sutiã.

— A visão está muito mais melhor agora.— com o sorrisinho nos lábios, o pervertido me seca com os olhos, apreciando o meu corpo de cima abaixo.

— Cala a boca!— o repreendo, sentindo as minhas bochechas ficarem quentes. Acho que estou com vergonha. Putz merda... Já imaginou se aquela Candice aparece. — Vira o rosto. — gesticulo com o dedo indicador, pedindo pro abusado me respeitar.— AGORA, JUSTIN!— mando, escutando a gargalhada alta do descarado.

Sei bem onde essa loucura vai parar.

De aqui por diante tenho que ficar na defensiva, não posso ceder pra fazer sexo com ele. Recaída acontece, mas não nasci para fazer o papel da outra.

— Tá bom, Gomez.— concorda em se comportar, coisa que acho difícil.—Mas você fica sexy de sutiã vermelho.— novamente procura um meio de me provocar, apreciando o meu decote.

— Oh seu merda, cala a boca! Você vai acabar acordando a Mabel e a bebê!—sôo, num tom de repreensão, afastando-me de perto da barraca. Ele me segue. — Eu ia te propor da gente retornar com aquele jogo, mas pelo visto vou ter que  cancelar, já que agora você está namorando. Como é o nome mesmo da vadia?— finjo na lembrar.— Ah sim, lembrei. É uma tal de Candice. — debocho.

Justin dá um sobressalto com minha sugestão. Ele fica incrédulo no que acaba de ouvir.

— Aquele jogo?— seus olhos brilham de luxúria em questionar sobre algo que trará prazer. A parte favorita do lunático  é o sofrimento alheio. Eu também vibro muito com essa tese.

— Sim, aqueles das regras.— dou de ombros, relembrando da proposta tentadora que Justin me fez no outono do ano passado. Foi até que interessante e eu concordei, porque estava obcecada em me livrar dele.

— Podemos criar novas regras excitantes, Selena. Que tal? Uma missão mais insana que a outra.— o olhar do assassino se torna sombrio. É como se tivesse outro indivíduo parado na minha frente, e aquele de minutos atrás, desaparecesse.

— Não se anima tanto.— lhe entrego o copo de cerveja, voltando a  sentar no tronco da árvore. — Dessa vez vai ser diferente.— mordo o meu lábio inferior. Logo em seguida, penso em como vou jogar a bomba, sem o maníaco surtar.— Esse jogo se chamará Jogo mortal. O objetivo dele é eliminar seus integrantes. Como será nós dois, quem vencer escolhe qual das meninas morre primeiro.

— Que loucura é essa, sua capeta?— seu tom fica alterado, que recebo até o xingamento sendo comparada com o morador do inferno. O doente faz uma careta de desgosto, mudando o humor para agressivo.

— Tenho poucos meses de vida, caramba. Eu como mãe preciso proteger as minhas filhas, esse câncer vai me matar. Eu preciso deixar Mabel e a Annabelle num lugar que seja tranquilo, longe desses problemáticos da floresta. Pensei que pode ser no céu, junto com Deus. Já que a minha alma vai direto queimar no inferno. Quero que elas se sintam seguras.

— Tú enlouqueceu real, caralho!— perde completamente o rumo. Seus dedos se fecham em punhos. — Não ouse tocar nelas!— grita, com os olhos arregalados.

Justin está fora de si e super nervoso do nada.

— Calma, esquentadinho! Estou apenas te testando. — rio, por ter conseguido arrancar alguma empatia do mesmo. — Ficou louco? Acha mesmo que ia  matar as minhas filhas?— bebo mais um gole de cerveja. É mais fácil eu matar a mim mesma do que tocar um dedo nelas. — Preciso apenas deixar elas com pessoas normais, sendo cuidadas e bem tratadas. até cogitei na Sara, ou na Anne, mas elas vivem com homens tão trapaceiros que não confio muito.— murmuro, Justin encosta-se ao meu lado me fitando.

Seu olhar fica sério.

— Eu posso cuidar delas quando você morrer.— declara e eu solto uma risada fraca, achando fofo isso soar tão fácil nos lábios de um psicopata. Mas, é patético!

— Por isso que esse é o intuito do nosso jogo, meu bem.— revelo a minha real intenção, ficando mais próxima do seu rosto, encarando o fundo dos seus olhos. De imediato, suas orbes cor de mel ficam confusas. — Vou te ensinar a ser pai, Bieber. Mas para isso você terá que deixar os fetiches de um lado por um tempo.— aliso seus ombros tatuados, mal imagina ele que Mabel não é tão santa.

— Como assim?

— Começando a trocar fraldas, fazer o café da manhã da Mabel todos os dias. E em troca, te dou 10 regras. Todas as regras são favoráveis a você.— ele fica curioso e animado em descobrir do que se trata.— Quer mesmo saber?— balança a cabeça positivamente.

Regras.

1- você poderá dormir comigo todos os dias. E uma vez na semana faremos sexo, só se a Candice permitir.— ainda uso o deboche ao menciona-lá.

Ele revira os olhos, não muito interessado em pedir permissão para aquela vadia.

2- Poderá me beijar em determinados dias da semana, menos nos fins de semana.

— Por que não, caralho? Corrige essa merda aí!— fica indignado, achando um absurdo. É muito cara de pau. Além de eu estar fazendo um favor, ainda quer tirar proveito.

— Escuta a regra número 3 primeiro, seu doido, pra depois reclamar.

Ele cruza os braços, continuando com a cara emburrada. O próprio está insatisfeito de não ganhar as devidas regalias. E no caso, nem deveria reclamar, ainda estou sendo bondosa.

3- nos fins de semana será liberado para caçar, matar e se divertir com outras pessoas interessantes.

— Como é que é Selena? Você tá dizendo que vai me trair?— falando assim, até soa como se tivéssemos em um relacionamento. Que ironia!

— Trair o quê, Justin? Acho que você não entendeu o objetivo do jogo. Porra! Presta atenção. — reviro os olhos. É muito burro mesmo.

4- Jogos peculiares na hora do sexo são permitidos, menos fantasia de stripper.

Mexo com o seu ponto fraco. O perfil específico do Justin é matar strippers, ele ama garotas vulgares.

— Nunca! — nega,  fazendo birra.— É um jogo podre.

— Por isso que se chama jogo mortal, meu bem.— aproveito a chance para alfineta-ló e me arrependo quando o transtornado aperta o meu pulso com força. Até resmungo pedindo pro idiota parar.

— Você está adorando né, Selena.— seus olhos parecem duas bolas de fogos por possuírem tanta ira. Não sinto o menor medo, eu amo desafiar o perigo.

— Claro, eu vou aproveitar esse corpitcho aí gostoso.—debocho com o sorriso malicioso, por ver o tesouro todo tatuado que me dará muito prazer. Pelo menos vou morrer fazendo sexo.

Sem entender o porquê dele estar tão parado olhando para mim, sou puxada. Logo ele toma os meus lábios, colando com desejo. O beijo começa a ser veloz, na medida que nossas bocas estão em sintonia, nossas línguas se enroscam procurando por espaço. 

Sinto o gosto da cerveja  misturado com o seu  hálito quente. Puxo alguns fios do seu cabelo loiro claro, enquanto Justin trabalha em puxa-me para cima do seu colo.

Gemo quando sinto o seu membro  já volumoso, entre as calças. Busco em manter o contato íntimo, cavalgando no seu colo. Estou enlouquecendo de tesão, mas não posso ceder!

Me dou conta do erro que vou cometer em transar sem camisinha, que logo o empurro:

— Não!— nego e Justin fica assustado, porque eu o rejeito. Seus olhos piscam algumas vezes.— Da última vez que fizemos essa merda, a bebê nasceu.

— A gente só vai brincar um pouquinho. —ameaçar tirar o meu sutiã, fitando os meus seios, com segundas intenções. Hoje tiramos o resto da madrugada para fazer joguinhos.—Não será um problema.. E nem vai doer—sugere com a voz rouca e meio sexy, aproximando-se do meu pescoço para distribuir alguns chupões entorno.

— Vai buscar a camisinha, Justin. Não vou falar de novo.— no momento nem estou ligando pro fato que ele está namorando, estou preocupada é em fazer sexo. E mesmo a contragosto, o surtado levanta-se para ir até a barraca caçar alguma embalagem.

Quando ele sai sem camisa mostrando suas inúmeras tatuagens, me abano pela quentura que sinto entre o meu corpo e dou uma risada baixinha.

Estou excitada.

Tomara que eu não vá me arrepender depois, mas com certeza sim, Justin é a própria tentação em pessoa.

Eu acho que estou caidinha por esse psicopata. Oh meu Deus, que castigo!

(............)

Algumas horas depois...

tragédia

  02:30 AM.

É um dificultoso aceitar que Mabel tenha feito uma monstruosidade como essa, pois é um crime pra lá de macabro.

Caramba, ela acabou de completar oito anos e já assassinou a bebezinha indefesa que tanto dizia amar? Há peças faltando nesse quebra-cabeça, quem garante mesmo que a minha filha matou a irmã? Estou em um estado de não aceitação, nos meus olhos até o momento não caiu uma lágrima. Posso estar sendo insensível como figura materna, mas de um lado tenho a sensação de angústia do que vai acontecer em seguida com a assassina da minha bebê-que no caso é também a minha filha- e do outro desconfio que alguém mais seja o culpado.

Mabel não teria tanta força para sufocar uma bebê. Definitivamente há um assassino à solta.

Com o andar do clima desta noite horrível, Anne é que está ajeitando tudo do velório. Minha amiga arrumou uma cesta de piquenique e encheu de flores  brancas já que não tínhamos condições para conseguir um caixão para enterrar o corpo da bebê, e jamais quero queimá-la na fogueira. Ela será enterrada como uma princesinha.

Annabelle parece um anjo com o vestidinho rosado, há uma tiara de lacinho em seus fios claros. Quem preparou ela pros últimos momentos foi Sara, porque não estou preparada para dizer adeus a minha filha.

Esta madrugada será a última homenagem e espero sinceramente estar de alma lavada na manhã seguinte. Não vou ficar me lamentando, porque nada vai trazer a bebê de volta. Devo focar em saber o que aconteceu naquela barraca depois que as deixei lá. Quem entrou lá depois? Já tenho até um suspeito em mente e vou acusá-lo caso necessário para proteger Mabel.

— Está fingindo derramar lágrima? Ou é culpa na consciência?— Engulo em seco, bebericando mais alguns goles de cerveja,  enquanto observo da cozinha da cabana da Anne, o pessoal da floresta soltando solidariedade de frente ao corpo da neném.

Bando de ridículos!

Eu não queria que esse circo tivesse rolando, mas infelizmente Justin fez questão de alarmar e chamar todos pro espetáculo. Claro que é muito exagero, visto que a maioria desse povo reunido na sala pouco liga para vida humana. Então agora do nada, vão se importar? É um pouco sem sentido até.

— Está insinuando o quê?— o olho  de relance indignada quase de olhos fechados, meio zonza por conta do efeito do álcool, como também me sinto vazia. É impressão minha, ou Justin está me acusando pela morte da bebê? Quem deve ter culpa no cartório é o próprio que está tenso como se escondesse alguma coisa.

— Eu sei que foi você, Gomez! Não seja sonsa agora! Bora puta arrombada, confessa! Foi você que sugeriu de matar nossas filhas!— De uma forma extremamente violenta, o maluco aperta o meu pulso quase querendo quebrar o meu braço. O tom que ecoa dos seus lábios é de total agressividade.

Porra, eu não desejo esse pesadelo nem pro meu pior inimigo!

— Eu vou gritar se você continuar me machucando. Está ficando louco ou se faz?!— Ameaço sendo bem desafiadora ao fita-ló com desprezo. Justin apenas expressa uma frieza em seu olhar duro e asqueroso, com as orbes mais arregaladas. — Aí esta doendo!— da minha boca escapa pequenos gemidos pela maneira estúpida que meu braço está sendo segurado a força.

Caso o imbecil continue a me importunar usando a tortura, eu vou acusá-lo de assassino na frente de todo mundo. Não tenho nada a perder. Será a minha palavra contra a dele, mas a maioria acreditará nele porque eu tenho péssima fama na floresta. Matar a própria filha não seria grande coisa para um psicopata que adora arquitetar atrocidades. No caso, eles me acusariam como assassina.

— Você vai pagar, sua filha da puta!— O principal suspeito berra alterado, querendo me enforcar.

Antes de toda a desgraça aconteceu, tivemos uma conversa tão reveladora...

— Me solta, Justin! Me solta, seu verme! Você está me machucando!—Debruço-me dando uma cotovelada na sua costela, mas o perturbador do inferno não se dá por vencido, agarra-me segurando no meu pescoço— Eu não a matei! Está satisfeito?! Por que eu ia matar a minha própria filha? A minha bebezinha.— choramingo por estar tão indefesa nas mãos desse sádico diabólico.

A primeira lágrima escorre pelo meu rosto, fazendo outras deslizarem pelas minhas bochechas na medida que lembro que a minha bebê está morta.

— Eu não acredito em você, vadiazinha de lixo! E nem nessas suas lágrimas de crocodilo!— Sinto o seu dedo aspado limpar as gotículas quase achando que estou fazendo cena. Justin menospreza a minha emoção, que não consigo evidenciar o que está apossado em seu olhar perverso. — Confesse esse caralho logo antes que eu perca a paciência, miserável!— me força a admitir.

Alguns olhares curiosos seguem para nós dois discutindo na cozinha. Anne sente a tensão pairando no ambiente, e eu imploro através dos olhos para que ela venha me salvar das garras do Justin.

— Você está me comparando com um lixo?— Lhe olho indignada, arrependida por ser tão burra. Merda, eu sou muito idiota mesmo. Até horas atrás estávamos nos beijando  e agora ele está querendo me ligar ao assassinato da Annabelle. — É engraçado, né. — com o sorriso amargo nos lábios, tento me sentir superior as ofensas. Não sou mulher de abaixar a cabeça.— Agora você me compara como um lixo, mas antes da tragédia acontecer, você tinha ficado feliz por eu não te ver como um monstro. Mas vejo que me enganei....— Uso um ar de arrogância, querendo atingir o seu ponto mais fraco. E ele se atinge— Tú é pior do que um monstro. Tú é pior do que um lixo! Foi você que matou a nossa filha e merece pagar por isso... seu assassino!—  O acuso em alto bom tom, enfatizando "assassino".

Por impulso, dou lhe um tapa bem forte em sua cara desvairada.

A força que recorro é tão grande que parto para agressão. Ele nem sequer se move. Alguns ficam se entreolhando, outros parecem surpresos e espantados com a cena. E em seguida, Justin me empurra com tanta força  que eu caio no chão bruscamente. Apenas lhe encaro sem um pingo de remorso entorno das minhas íris, sentindo o prazer de vê-lo tanto no chão como eu.

No momento o idiota está se sentindo um nada porque fui mulher suficiente para bater de frente. E por ele não querer ficar por baixo na frente da maioria, ganhei um "empurrão"para aliviar mais os ares pro seu lado, porque o falatório será enorme depois.

— Nunca mais repita isso, vagabunda! Posso ser um assassino como você diz, mas jamais iria tocar numa bebê  que não consegue lutar. Eu nunca machucaria a minha filha!— chora.— Sou um bosta pra você, Selena. Foda-se caralho! Mas sei que a sua atuação barata não vai me colocar como vilão. Entendeu? Porque vou proteger a criança que você está tentando pôr a culpa. A garota não vai pagar por um crime seu!— Soa completamente rude defendendo Mabel e depois sai andando.

Levanto do chão com a ajuda de Sara. Estou tão tonta de um jeito que as minhas pernas estão bambas, parece que o chão está sumindo na minha visão e tudo parece escuro demais.

— O quê é? Estão olhando o quê?— Ofendo os fofoqueiros de plantão que estão de ouvidos atentos para julgar o culpado.— O velório acabou, vazem!— eu os expulso, mesmo a casa não sendo minha, elevo o meu tom. Ecoa um pouco embargado devido o álcool está fazendo um baita efeito. — Agora!—Grito, apontando para porta de saída.

Mal consigo me manter de pé. Sara que está me segurando para que eu não possa cair e tropeçar.

— Calma, Selena. Tenha calma. Tudo ficará bem— ela pede, quase chorando, por ver o meu estado horrível.

—Você também pode ir embora, não estou disponível para receber sentimento de pena de ninguém, Sara. Vaza e leva junto essa gentalha— no momento que pronuncio as palavras, percebo que minha amiga ficou ofendida com as minhas palavras.

Estou sendo ingrata? Talvez! Mas quero ficar sozinha e as pessoas não estão respeitando o meu espaço. Quando Sara passa para ir embora, ela nem o mínimo  olha na minha cara. Justin conseguiu jogar todos contra mim.

Ignoro a circunstância tendo um instante a sós com a Annabelle. Ela era uma bebê tão linda, seria uma loirinha muito bonita quando crescesse. Só aproveitou três meses de vida e durou tão pouco. Mabel seria incapaz de machucar um anjinho perfeito como esse, coloco a minha mão no fogo para protegê-lá!

Prometo para mim mesma que nunca mais terei outro bebê na vida!

Acaricio a sua cabecinha, chorando baixinho no canto da cesta. Acho que é remorso. Gostaria muito de poder sentir a dor de uma mãe normal, mas é impossível, querendo ou não eu tenho maldade dentro mim. Faz parte do meu ser agir naturalmente para determinada circunstância, mas isso não quer dizer que eu não sofra. É só uma maneira peculiar de lidar com a dor.

Fungo um pouco o nariz, me concentrando em pegar a cesta para levar até a floresta para enterrar o corpo. Eu mesma vou enterrar a minha própria filha.

Saio da cabana em passos vagarosos, sem que Anne, Chaz e Justin percebam, estou saindo igual uma fugitiva. Tanto para não cair, como também pra deixar fora o assassino da Annabelle nesse momento. Claro que ele a matou! É Mabel viu tudo.

Por ela estar em estado de choque até agora, é provável que a minha filha tenha acordado no meio do crime e visto quem assassinou a irmã. Mas ele vai pagar muito caro! Nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida, mas o Justin vai se arrepender amargamente de ter nascido um dia.

(....)

Acabo parando num lugar tranquilo onde há várias árvores, é próximo do rio que leva ao bosque. Eu andei tanto até encontrar essa paisagem que já consigo até avistar o pôr-do-sol. Me sinto cansada e esgotada suando frio. Deixo a cesta com a bebê dentro e começo a cavar com as minhas mãos uma cova. Sinto no dever de fazer esta última coisa, quero guardar como lembrança e recordação do último momento que tivemos juntas.

Pode parecer espantoso, no entanto só penso em causar um estrago na medida que vou cavando o buraco.

Será que a Mabel será a próxima vítima?

Pego uma flor vermelha próxima dali e volto para colocar em cima da cesta. Não me importo em beijar a bochecha gélida da bebê, nunca beijei um cadáver, mas é a minha filha. Acho que não tem problema em demonstrar amor apenas por um milésimo de segundo.

— Sinto muito, bebê. Espero que você possa perdoar a mamãe um dia.— Sussurro as palavras delicadas e me despeço para sempre jogando areia por cima da cova rasa. Infelizmente uma lágrima solitária escorre e limpo rapidamente para arrancar qualquer vestígio de culpa.

Chega de chorar.

(...)

08:40 AM

Reúno no mesmo cômodo, Justin, Mabel e eu. Ele ainda está furioso pelo fato de eu ter enterrado a bebê sem ele.

O êxito da questão é saber: quem matou a Annabelle?

— Um dessa mesa é o assassino.— afirmo, encarando como Mabel reage. Porque não quero está sendo cega o suficiente para inocenta-lá, caso seja provado que tenha sido realmente a sua culpa.

— Ainda bem que você sabe.— Justin arruma um jeito de me provocar, com ironia, é arma que o delinquente está usando para me atacar.

Ele se estica na cadeira agindo normalmente em relação a acusação. É impressionante de como esse psicopata consegue ser o centro das atenções. Por outro lado, a garotinha de oito anos, apenas permanece com a carinha de tristeza. O choro da Mabel pode significar luto pela irmã ou culpa pelo acontecido.

— Caso tenha sido você, filha...— Pego em sua mão, tentando criar uma aproximação para que ela confie em mim. —A mamãe te perdoa de coração. Não vou ficar puta ou com raiva, talvez eu fique triste, mas passa. Nada vai trazer a bebê de volta, mas temos que no mínimo fazer justiça pelo o nosso anjinho que está no céu.— A olho com sinceridade, enxergando em seus olhos negros muita dor. Quero descobrir o que se passa no coração da minha filha.

Justin fica com ciúmes e pega na mão da Mabel também, querendo ganhar o foco da garotinha para si.

— O pai está aqui também.— ela vira a cabecinha em direção ao indivíduo invejoso. Não acredito que ele está querendo disputar atenção dela.— Não vou deixar essa aí te machucar.— alfineta-me com desprezo, tudo que faço é arregalar os olhos. Por acaso, Bieber enlouqueceu?

— Acha mesmo que eu machucaria a minha própria filha?— Lhe questiono bastante ofendida pelos absurdos que sou obrigada a escutar. Minha vontade é de quebrar essa mesa na cabeça desse cara de pau.

— Você já matou uma....— acusa-me sem poupar a pobre criança de ouvir tamanha barbaridade. Mabel me fita e estranho o seu comportamento de acreditar real nas palavras.—A outra não será um problema.

— JÁ CHEGA, JUSTIN!— bato sobre a mesa — Mabel, você prefere acreditar em mim ou no seu pai?— mando ela fazer uma escolha, dependendo do que será dito eu lavo as minhas mãos.

A menina nos olhos por vários instantes, super pensativa e dividida, antes de apontar o dedo escolhendo Justin.

— Está vendo, até a sua filha sabe a mãe tóxico que você é. — sente-se satisfeito em jogar na minha cara o quanto fui idiota em ter feito tudo por Mabel e na primeira oportunidade a mesma me virou a costa.— Quem matou a sua irmã, princesa? Diga pro papai.— ele faz a pergunta com o tom manso e novamente a pequena olha para mim:

— Foi a mamãe, papai! Eu vi tudo. Ela é um monstro!

Ou Mabel está tentando salvar a própria pele ou ela está sendo coagida por Justin. Das piores coisas que já cometi, a pior coisa  foi ter colocado essa garota no mundo. Porque agora consigo enxergar que Mabel é fria igual a mim e sua ingenuidade não passa de mero fingimento.

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Comments

Amanda

Amanda

Que loucura

2025-01-06

0

Iara Drimel

Iara Drimel

Não lembro que Selena estava doente, passei despercebido? E agora isso? A nenê foi morta mesmo? Justin está crescendo em meu conceito , começando a gostar dele, por que até agora ninguém além de Mabel tinha conquistado meu carinho. Porém estou perdida com tudo que está acontecendo , é muita doideira que Selena trás para todos, para mim ela é a pior do grupo. Mas quero continuar descobrindo sobre esses jogos mortais.

2023-08-05

3

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Capítulos
1 Prólogo
2 Liz
3 Velório
4 Outra vítima
5 Mais uma vítima
6 Proposta do mendigo
7 Descoberta
8 Votação
9 Corte a cabeça
10 Grupos
11 Terapia
12 Annabelle
13 Eu sei que você a matou
14 Você está com ciúmes?
15 Acidente
16 Eu te mato
17 Não toque no nome dela
18 E nunca mais voltou
19 Quero que você seja a minha mulher
20 Você está linda!
21 Sempre soube que era você
22 Ele está me rejeitando porque tô assim
23 Aqui não é seguro
24 Proposta
25 Primeiro dia no FBI
26 Está me dizendo que não existe a menor chance?
27 Você não cansa de ser mentiroso não?
28 Eu agora sou outra pessoa
29 Que merda você fez hein caralho?
30 O que significa isso?
31 Pode deixar
32 É tão perigoso assim?
33 Foi a bebê
34 Vou te dá um crédito
35 Saiu os resultados do exame
36 Cemitério
37 Onde está o chip?
38 Não se engane, Selena
39 Você não cansa de ser patético não?
40 Foi você que a ajudou
41 Happy birthday, Giulia
42 Você me conhece e sabe do que sou capaz
43 Estou mais preparado
44 Nenhuma coisa no mundo é melhor que a nossa família
45 Acha mesmo que vai sair a essa hora?
46 Não consigo ser mulher de um viciado
47 Eu vim buscar o meu marido
48 Como está a minha linda garota?
49 Talvez, ela possa nos surpreender
50 Se eu cair, eu caio junto
51 2 meses…
52 Eu destruí a nossa família
53 Parto
54 Happy birthday, Annabelle
55 Como nos velhos tempos
56 Qual é a sensação de matar todas as strippers?
57 Diga para mim, o que você esconde?
58 Por que você fez isso comigo, sua maldita?
59 Eu nunca vou te perdoar
60 Está me chamando de egoista, por acaso?
61 Mami, é verdade que ele é um psicopata?
62 Você voltou a usar droga
63 Ele é um policial como nós?
64 Experimenta bater nela, pra tu ver
65 Qual é o problema de vocês comigo?
66 Sempre há a primeira vez
67 99%
68 Eu sinto muito
69 Joga no lixo
70 Fica longe de mim
71 Eu não posso pelo menos dizer que sinto a sua falta?
72 Mãe, fica
73 Justin, eu estou falando com você
74 Você não é a única que está sofrendo aqui
75 Até mesmo o FBI?
76 Você nunca me terá
77 O começo do FIM
Capítulos

Atualizado até capítulo 77

1
Prólogo
2
Liz
3
Velório
4
Outra vítima
5
Mais uma vítima
6
Proposta do mendigo
7
Descoberta
8
Votação
9
Corte a cabeça
10
Grupos
11
Terapia
12
Annabelle
13
Eu sei que você a matou
14
Você está com ciúmes?
15
Acidente
16
Eu te mato
17
Não toque no nome dela
18
E nunca mais voltou
19
Quero que você seja a minha mulher
20
Você está linda!
21
Sempre soube que era você
22
Ele está me rejeitando porque tô assim
23
Aqui não é seguro
24
Proposta
25
Primeiro dia no FBI
26
Está me dizendo que não existe a menor chance?
27
Você não cansa de ser mentiroso não?
28
Eu agora sou outra pessoa
29
Que merda você fez hein caralho?
30
O que significa isso?
31
Pode deixar
32
É tão perigoso assim?
33
Foi a bebê
34
Vou te dá um crédito
35
Saiu os resultados do exame
36
Cemitério
37
Onde está o chip?
38
Não se engane, Selena
39
Você não cansa de ser patético não?
40
Foi você que a ajudou
41
Happy birthday, Giulia
42
Você me conhece e sabe do que sou capaz
43
Estou mais preparado
44
Nenhuma coisa no mundo é melhor que a nossa família
45
Acha mesmo que vai sair a essa hora?
46
Não consigo ser mulher de um viciado
47
Eu vim buscar o meu marido
48
Como está a minha linda garota?
49
Talvez, ela possa nos surpreender
50
Se eu cair, eu caio junto
51
2 meses…
52
Eu destruí a nossa família
53
Parto
54
Happy birthday, Annabelle
55
Como nos velhos tempos
56
Qual é a sensação de matar todas as strippers?
57
Diga para mim, o que você esconde?
58
Por que você fez isso comigo, sua maldita?
59
Eu nunca vou te perdoar
60
Está me chamando de egoista, por acaso?
61
Mami, é verdade que ele é um psicopata?
62
Você voltou a usar droga
63
Ele é um policial como nós?
64
Experimenta bater nela, pra tu ver
65
Qual é o problema de vocês comigo?
66
Sempre há a primeira vez
67
99%
68
Eu sinto muito
69
Joga no lixo
70
Fica longe de mim
71
Eu não posso pelo menos dizer que sinto a sua falta?
72
Mãe, fica
73
Justin, eu estou falando com você
74
Você não é a única que está sofrendo aqui
75
Até mesmo o FBI?
76
Você nunca me terá
77
O começo do FIM

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