Terapia

POV'S Selena.

Algumas semanas depois..

— Por que seu relacionamento é tóxico? Como se sente em relação a isto?— a terapeuta indaga, como uma especialista que me propõe a solucionar o que há de errado nessa merda.

Chegou a hora que tenho que contar toda minha vivência com Justin, uma grande perda de tempo.

Batuco os meus dedos na mesa, com aquela tensão toda sobrecarregando meu psicológico. Sinto-me inquieta, balançando as minhas pernas freneticamente. Minha vontade é de sair dessa sala e correr igual uma louca, fugir desesperadamente e nunca mais retornar. Porém, há um motivo que me faz permanecer: entender a porra da minha cabeça.

Os psicopatas não trabalham à base da pressão. Porque eles acabam deixando falhas e erros no meio do caminho e, depois acabam sendo achados pela polícia. Dessa vez é diferente, eu não me encontro assassinando ninguém, eu busco uma mudança que é impossível de achar. Não sou ingênua de acreditar que tenha alguma salvação para mim, pois não há. Só quero ser um pouco menos raivosa e agressiva, sem descontar minhas frustrações em ninguém. Preciso assumir o meu b.o, sem ter que causar mal a Mabel e nem pra essa bebê que nasceu agora. Elas não merecem aturar uma mãe descontrolada.

— Que relacionamento?— arqueio as sobrancelhas, emitindo dúvida, com sarcasmo no meu tom de voz. Nunca houve nada entre mim e Justin para ser considerado uma relação. Essa velha tá maluca!

— O que você mantém. —a bigoduda que usa um óculos de grau quadrado, sinaliza o seu dedo indicador a mim. Dou de ombros, contorcendo os lábios. Lógico que não! É uma piada de muito mal gosto para os meus pobres ouvidos.

Depois os psicopatas que são os cruéis quando matam pessoas assim...

— Nunca estabelecemos um status. Sempre o vejo como um parceiro insuportável que vive o maior tempo querendo chamar a minha atenção. Ele é deprimido, amargurado, faz tudo para me atingir. Como vou romantizar tudo isso, doutora?— lhe faço outra pergunta em cima do questionamento tolo. Me sinto ofendida pela conclusão.

— Não é questão de romantizar o relacionamento, Selena. Estamos tentando entender até que ponto existe um vínculo entre os dois.— a voz soa mais suave aos meus ouvidos, querendo me convencer que é normal sentir alguma coisa por Justin além de indiferença.— Vocês vivem anos juntos. Construíram uma família querendo ou não. Qual é o real sentimento por esse homem?— retorno o meu corpo para trás. É muita informação.

Passo a mão pelo cabelo, soltando um longo suspiro fundo. Ora, é engraçado, a velha querendo arrancar de todas as maneiras uma confissão que não existe.

Ela parece igual aqueles intrometidos da floresta. Falando neles, está sendo maravilhoso ficar uns dias afastada daquele bando de problemáticos.

— Não sinto absolutamente nada. Não há sentimentos. Ele me tira do sério!— Rebato na mesma hora, com aquela sensação de desconforto por estar sendo colocada contra a parede.

A velha de cabelo grisalho está testando a minha paciência e boa vontade.

— Ou você não consegue enxergar o que está diante dos seus olhos, querida?— bufo baixinho pela nova tentativa da terapeuta invasiva. De fato, é uma consulta ou uma sessão de fofoca?

— Quem a doutora pensa que é pra falar o que eu devo ou não sentir?— sou direta, cruzando os meus braços. Novamente vou me manter na defensiva para não sair desta sala estrangulando ninguém.— Não me pergunte mais sobre, Justin.— ameaço com o tom indignado, virando a cara.

Simplesmente eu deveria me levantar desta cadeira e ir embora, porque não está servindo de nada esse interrogatório. Prefiro mil vezes escutar os gritos dos insanos de lá, do que continuar me prestando a esse papel ridículo.

— Por que não falamos sobre Mabel? a sua menina.— ela abre um sorriso simpático, querendo mudar o rumo do clima tenso que circula por esse ambiente. Eu até me animo um pouco com a ideia.

— Minha filha é o meu tudo. — invento, colocando um tom de orgulho. Até que é fácil engana-lá com esse discurso..— Sem ela, nada faz sentido. Às vezes acho que sou mais sociopata do que mesmo uma psicopata fria, doutora.— rio dos meus próprios pensamentos calculistas..— Porque é estranho, sabe. Eu dou a minha vida pela da Mabel, até mesmo para essa bebê que nasceu há tão pouco tempo. Os psicopatas iguais a Justin pouco ligam para os seres humanos. E é diferente, pra mim... porque sinto no dever de protegê-las.— minto na cara dura.

— Isso é muito lindo, querida. É admirável.— ressalta, achando "encantador" o meu jeito de falar daquelas pestinhas.— Você tem a necessidade de mãe de estabelecer um vínculo materno. — engano seu, otária!— Capaz de mover obstáculos para aquilo que te motiva. A tua relação sincera com essas crianças, faz com que tu tenha o controle em si mesma. Afinal, de alguma forma, você sente medo de surtar e machuca-lás no final do dia. — na medida que a especialista diz, suas mãos se sinalizam. Olho para o movimento que a mesma agrega, enquanto ouço toda conclusão da análise. Em alguns pontos, a doutora Meren se equivoca completamente.

— Mas às vezes me sinto muito tóxica com Mabel.— admito, pois eu não sei retribuir carinho para garota.

— Por que sente esse medo, Selena?— seus olhos verdes me encaram curiosos.

Abaixo a cabeça, me sentindo uma inútil.

— Porque ela vai se crescer sendo igual a mim. Fria e calculista, capaz de causar estragos e danos irreparáveis. — a terapeuta não se assusta com as minhas palavras. Já deve está acostumada a lidar com pessoas iguais a mim, ou até piores no caso.

—Não tenha medo, querida. Ela crescerá sendo uma menina normal. Cada um tem a sua fase.—orienta compreensiva, mesmo eu achando que seja apenas um truque como médica para acalmar os seus pacientes— Eu te aconselho, Selena, que você continue a buscar um relacionamento saudável com a menor e que inclua o pai da criança nesse contexto. Será bom para os três terem um convívio harmônico.

Reviro os olhos, após ter que escutar essas palavras imbecis. SEM CHANCES. Já imaginou Harry tendo que dar pitaco em tudo que Mabel faz ou deixa de fazer? Nunca! Quero a minha filha longe daquele monstro!

— Coloca o pai dela fora disso.— falo a contragosto, com uma certa dificuldade de concordar com essa presepada. A velha de cinquenta e cinco anos (aparentemente), logo nota o meu desconforto.

— Selena....— balança a cabeça, me achando muito rebelde por não aceitar certas coisas.— Ter uma sessão de terapia é essencial para alguém, mas sinto um bloqueio em ti. Talvez seja medo... trauma... Meu trabalho como especialista não é te julgar, é estabelecer um recomeço que faça com que os seus pensamentos aflorem.

—Doutora, não nasci pra ser normal e, tampouco ser alguém boa. Sou péssima como pessoa. Contar tudo que eu fiz, ou o tanto de vítimas que eu já matei, não vai me tornar alguém melhor. Não estamos num filme de ação onde a protagonista muda da noite para o dia. É a vida real, é a minha vida!

— Em comparação a um filme, Selena, por que você não despeja o livro da sua vida para fora?— rebate a minha justificativa. Suspiro tensa. Estou nervosa pra caralho e foi uma péssima ideia ter vindo.Ela não irá sossegar enquanto não souber de tudo.

Falta meia hora pra esse lixo de consulta acabar e já estou de saco cheio.

— Porque não sou obrigada a ficar aqui assumindo que sou apaixonada por Justin. Porque tudo que eu queria era me transformar em alguém normal e sair daquela floresta maldita. Porque não vim até esse chiqueiro para me vitimizar! Então, doutora, cansei, não sirvo para fazer terapia.— levanto da cadeira, entregando os pontos e tirando um enorme peso das costas por ser sincera.

— Ainda não acabamos, Selena.— a voz grita em insistência, me pedindo para retornar.

— Pra mim, isso aqui, não deveria ter começado!— gesticulo para o consultório, tendo plena consciência de que foi um erro. Se arrependimento matasse... não teria perdido tantas horas ouvindo conselhos de uma terapeuta chata.

Não sei o que foi pior:

Eu assumindo que gosto de Justin ou em pensar na possibilidade de deixar a vida na floresta. Que essas confissões nunca saía dessa sala.

(....)

17:30 PM

Estamos sentadas no balançador do parque: eu, Mabel e a bebê que se amamenta enquanto dorme nos meus braços.

— Como foi lá, mamãe?— há uma curiosidade visível que se acede em seus olhos negros. Até que a pestinha parou de me ignorar e está voltando a falar comigo aos poucos.

— Foi normal. A médica conversou comigo e depois me mandou vim embora. Já estou de alta e não precisamos mais vir na cidade.— crio uma história totalmente controversa, ocultando algumas partes.

Não tem necessidade de eu encher a cabeça da Mabel com os meus problemas, até porque hoje é seu aniversário. Ela faz 8 anos, essa garota está crescendo tão rápido.

— Mamãe, você não vai precisar ficar internada?— acho que no fundo, é o desejo da própria. Me manter longe.

— Claro que não, pestinha.— bagunço seus fios de cabelo.— Ora, quer se livrar de mim, é?.— brinco— E de onde você tirou isso?— pergunto descontraída, sentindo o ar de leveza que a terapia causou, mesmo eu odiando.

Sinto-me menos rabugenta.

— Por um momento eu pensei mamãe que...

— Não pense besteira, Mabel. Vamos pensar em coisas boas. Você prefere seu bolo da Frozen ou da Cinderella?

— Prefiro que seja da Annabelle. — escolhe uma opção nada a ver, arrancando uma gargalhada alta de mim. Que pedido inusitado dessa mini aniversariante!

— Eu posso até adivinhar por qual motivo seja...— sugiro,lhe encarando com o ar de suspense, passando a ponta do dedo em seu nariz fino. Mabel faz uma careta engraçada, mostrando a língua.

— Não sei, não, mamãe.—dá de ombros sapeca, movimentando o seu corpo pequeno de um lado pro outro.

— Até parece.— fito minha filha de canto de olho, com aquele olhar que diz: "eu sei o que você está tentando fazer". Estamos nos falando através de códigos. — Começa com B e termina com E. Essas letras te lembram a alguém? — escuto a pequena morrer de rir.

—Porque ela é minha preferida, e eu já a amo, mamãe.— faz a revelação, radiante, com o sorriso travesso na face. Acho graça. Olha a mente dessa criança! Há uma empatia no fundo.... Talvez não seja tão pior do que eu imaginava.

— Ganha um doce para quem falar primeiro.— eu lanço a proposta tentadora, com o sorriso estampado na cara, desafiando-a confessar tudo.

Toda criança ama doces e minha filha pula de felicidade no mesmo instante:

—ANNABELLE. É por causa da minha bebê irmã, mamãe. — grita aquilo com alegria, por querer que a bebê tenha participação direta no seu aniversário. Mabel é completamente louca pela irmãzinha caçula. O que soa um pouco estranho.

— Eu sabia.— aponto para engraçadinha, que se derrete só em pronunciar o nome da bebê.

— Cadê o meu doce, mamãe? — a gulosa olho para os cantos, curiosa para receber o seu brinde.

Pego minha bolsa e entrego a barra de chocolate que comprei numa loja de conveniência hoje pela manhã. Mabel me solta o melhor sorriso, aquele que faz qualquer problema sumir da face da terra. Ela tem a capacidade de proporcionar sentimentos bons trazendo a inocência de uma criança doce e sapeca. Puta merda, o que está dando em mim?

— Só não come muito, porque ainda tem mais por vir.— aviso com o ar de suspense, vendo-a se atrapalhar para abrir a embalagem plástica. Às vezes ela é tão engraçada.

Estou tentando me redimir por ter ficado tanto tempo sumida.

— Por que não, mamãe?— olha-me curiosamente, seus olhos brilhando ficam mais puxados por estarem confusos.

Ela não faz a mínima ideia que estou preparando um aniversário surpresa.

Não convidei ninguém da floresta, até porque não quero aqueles desgraváveis presentes. As únicas que chamei foram Anne e Sara, mas nenhuma quis vim para cidade. Sara até tentou, mas o velho do Canibal fez a maior confusão.

[...]

19:40 PM

Cidade, lanchonete

— Tudo isso é meu, mamãe?— meu coração emociona-se ao presencia-la toda boba com a decoração. Suas íris escurecidas até brilham com a iluminação da vela acesa.

— Sim. —abro um sorriso de canto, tirando a bebê do carrinho para colocá-la nos braços. Annabelle até tenta chorar, mas eu acalento-a.— Gostou?

— Eu amei, mamãe.— admite docemente, fazendo a minha noite mais feliz ainda. Posso ser a pior ser humana quando se trata da minha instabilidade mental, porém quero mostrar para pestinha um outro universo, um universo no qual a morte não faça parte.

— Chegou a hora de cantar os parabéns, mimosa.— preparo-me para desejá-la feliz aniversário, com o tom de entusiasmo. Tive que implorar para o dono da lanchonete para ceder este lugar.

Eu até pensei em ameaço-ló, mas usei a chantagem emocional dizendo que Mabel nunca teve uma festa de aniversário na vida. Se bem que é verdade, não precisei mentir nessa parte. Ela nunca teve uma festa infantil.

— Mas cadê o papai?— olha para os lados, em busca de encontrar aquele babaca em algum canto. Até indiretamente ele estraga tudo. Que merda!

Justin ultimamente anda esfregando aquela namorada estúpida na minha cara. O nome da vadia é Candice.

—Justin não quis vim. Na verdade, eu não o convidei.— sou sincera em admitir, porque não estou com clima de ver a cara dele. Na mesma hora, constato uma tristeza se tornar visível em seu rostinho, com um misto de decepção.— Poxa Mabel, não fica assim...— conforto-a, tocando em seus ombros.

— Eu queria que ele tivesse vindo, mamãe.— confessa, porque infelizmente, Mabel enxerga aquele indivíduo como uma figura de pai.

Sinto-me culpada por estar estragando o seu momento especial.

— Quem disse que eu não vinha?

Pelo menos veio só. Respiro fundo, estando aliviada. Nossa garota praticamente se solta de mim e grita "Papai" com aquela voz de adoração que me faz sentir inveja do Justin por um segundo. Ele recebe o abraço da nossa filha com tanto carinho, parece mútuo, é louco e insano imaginar que o maluco finalmente percebeu que Mabel é preciosa. Antes o maníaco a odiava de todos os jeitos, mas é diferente do que eu observo com os meus próprios olhos agora. Um psicopata sendo protetor e agindo como um pai deveria agir. O outro doente jamais seria como ele!

— Como você nos achou, Justin?— questiono, curiosa. Deve ter sido ou Anne ou Sara que tenha me dedurado. Eu vou acabar com aquelas duas quando eu voltar pra floresta!— Me responde!— perco a paciência com o seu silêncio.

Pelo visto, o psicopata está super atacado nos nervos. Suas orbes parecem duas bolas de fogo, olhando-me com total indiferença.

— Quer saber, caralho?—seus lábios se entortam num sorriso cínico, soando debochado. Ele quer me provocar! Agora que está namorando uma garota normal, está todo para frente.

Fecho os olhos por alguns instantes, com vontade de esgana-ló.

— Fiquei o dia vigiando essas crianças no qual você abandonou sozinhas no parque. Achei entediante.—aponta para nossas filhas. Justin se diverte com a situação, com o sorriso miserável no rosto.— Que feio, hein, Selena.— de um modo extremamente desnecessário, sou ironizada pelo demônio que está se sentindo o máximo em me humilhar.

Engulo em seco. Droga, o obcecado passou o dia nos perseguindo.

— Só deixei elas por algumas horas.— fico nervosa, tentando justificar o porquê do meu sumiço. O idiota não pode descobrir em hipótese nenhuma que eu fui naquele lugar, senão ele é capaz de me expor para aquela gentalha.— Tinham várias outras crianças no local e adultos também. Eu não seria doida de colocar as minhas pestinhas em perigo.— dou de ombros, sentindo minha boca ficar seca, por mentir tão expressivamente.

—Será que você não foi atrás daquele babaca no qual você fugiu?.— enche a boca preocupado com a possibilidade, havendo uma pitada de ciúmes.

Reviro os olhos. Até namorando, esse descarado me trata como se eu fosse a sua prioridade!

— Não começa a pirar agora. — peço pro imbecil calar, balançando a cabeça em puro tédio. — E tu me respeita, Bieber, porque eu não sou como a sua namorada patricinha não. O lance aqui é muito mais em baixo.— ameaço, pra ver se causa algum efeito que esse louco caia na real. — Não somos um casal, nunca estabelecemos um status. Você não é o meu dono. E outra, vai se foder, seu merda! — perco o restante do limite que ainda possuo e volto o meu foco para o bolo.

—Vagabunda.— murmura ao meu lado, me xingando. Reviro os olhos por ter que receber esse xingamento pra lá de ofensivo. Não para mim.

— Bora Mabel, se coloca perto da mesa.— peço, fingindo demência. Propago um sorriso falso, mantendo as aparências.— Deixa o seu pai morrer de ciúmes sozinho.— sorrio satisfeita por causar esse efeito no merda do Justin.

É a primeira vez que ataco bem o seu ponto fraco. Se bem que eu não sabia dessa parte.

Justin sente ciúmes? logo de mim? Essa é nova.

— Eu vou te torturar tanto quando chegarmos na floresta, Gomez.— ameaça com o tom furioso, calculando seus próximos passos para fazer uma nova vítima. No caso, eu. É tão ruim ter que aturar esse insano. Porque ele só faz ameaçar, e nunca faz nada.— Vou arrancar seus olhos com as minhas mãos .— seu olhar me convence acreditar que o pirado está acreditando real na hipótese que estou o colocando um par de chifres.

Ele é vive num universo paralelo.

— Foca na Mabel, Justin.— continuo a sorrir, por deixá-lo "nervosinho". Realmente está sendo hilário fazê-lo ficar puto.

— Tú vai pagar, caralho.— o vejo travar o maxilar, com as veias do pescoço saltando pra fora. A indignação está sendo tanta, que seus olhos impiedosos me causam arrepios.

— Assim você infarta, querido.— debocho, notando o quanto é prazeroso deixá-lo desequilibrado. O próprio fica até sem rumo.

— De hoje você não passa, porra.— sussurra baixinho, enrolando os fios do meu cabelo e puxando-os levemente. Tento disfarçar, ainda sorrindo, para não estragar o aniversário da Mabel.

Saio de perto do louco, para entregar a Annabelle aniversariante pra cantarmos os parabéns.

Estamos reunidos em volta da mesa: Justin, eu e as meninas. Seguro a bandeja do bonito bolo nas mãos e fico na frente da minha pequena.

Quero que ela se sinta única e especial.

— Parabéns para você. Nesta, data, querida. Muitos anos, muito anos de vida.— emito animada, a musiquinha infantil de aniversário fazendo uma voz fina.— Viva, a Mabel! Viva.

— Ficou horrível.— Justin reprova, querendo ficar por cima e atrapalhando a comemoração dos oito anos da nossa filha.

Reviro os olhos. Dane-se. Eu não sou obrigada a nada e não nasci cantora.

— Apaga as velinhas, Mabel!!!.— ignoro o comentário ridículo. Até quando vou ter que conviver com esse traste?— Que linda!— solto com a voz de admiração, em contemplar o doce sorriso da minha boneca.

— Nós nos superamos.— a praga aparece novamente do meu lado, com um ar de orgulho. Esse homem não me deixa em paz. Sua mão envolve entorno da minha cintura, puxando-me para perto de si. Nós dois estamos muitos colocados, essa aproximação toda está me fazendo querer vomitar. Rolo os meus olhos, de saco cheio.— Fizemos duas obras de arte. — o sádico se gaba. O seu sorriso babão vai direitamente para as pequenas.

É impressão minha, ou ele está admirando as nossas filhas?

É a primeira vez que concordo com o Justin sobre algo.

— Puxaram a genética da mãe.

— E a beleza do pai.

Caio na gargalhada, é muita piada de péssimo gosto para uma pessoa só. Que convencido!

— Você é foda, Justin. Não dá pra mim— rio ainda mais, por o doidão ser tão sem noção ao ponto de viajar legal na maionese.

É legal que ele coloque Mabel como sua filha.

(...)

23:30 pm

O matagal está escuro. Passamos praticamente horas na cidade e perdemos a noção do tempo.

O bom é que o outro está com o bom humor depois que trocamos alguns sorrisos na lanchonete, que até se ofereceu para empurrar o carrinho da bebê até a barraca. Justin ama se conter com migalhas, porque é só eu chegar perto com jeitinho que a fera fica amansada.

Quero aprender a manipula-ló corretamente usando o meu charme e fazer com o que jogo ande de acordo com as minhas regras. Está quase lá.

Desperto com os gritos histéricos que vem da floresta a dentro. Quem será que está matando a essa hora?

— Você ouviu isso?— meu tom é baixo e cauteloso, olho para trás e só consigo enxergar o breu da escuridão da noite.

— Tá com medo, mulher?— o loiro pergunta duvidando e interrompe os passos. Mabel que está um pouco sonolenta sendo levada nas suas costas, encostando a cabecinha na dele.

— Até parece que tenho medo de alguma coisa, Justin. Se fosse assim, eu não teria virado uma assassina. — Rebato, sacaneando-o. Ele abre um sorrisinho despojado. Que vontade de dar na cara desse babaca!

— Tô vendo a sinceridade, pô! Com cara de super corajosa!— o idiota ri, não achando que estou sendo verdadeira. Muito pelo contrário, estou planejando até de matar os nossos próprios amigos.— O que foi?— para de me insultar, por ver eu ficando séria de repente.

— Descobri algo que talvez você precisa saber.— relato, mordendo o meu lábio inferior. Estou adiando essa conversa há semanas, mas acho que chegou a hora.

—————-

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Comments

Amanda

Amanda

Eita

2025-01-05

0

Iara Drimel

Iara Drimel

Selena procurando terapia? Será que a maternidade está operando milagres? É meio estranho ela conversar sobre suas fraquezas, esmk não admitindo que tenha. Deixar as duas crianças sozinhas? Realmente isso não é coisa de mãe 😅 Justin é um psicopata interessante, ele tem sentimentos amorosos e ciúmes tanto de Selena quanto das meninas. O que me deixa admirada é o carinho e a proteção com Mabel. Será que vamos ter outro assassinato está noite?

2023-08-05

2

Ver todos
Capítulos
1 Prólogo
2 Liz
3 Velório
4 Outra vítima
5 Mais uma vítima
6 Proposta do mendigo
7 Descoberta
8 Votação
9 Corte a cabeça
10 Grupos
11 Terapia
12 Annabelle
13 Eu sei que você a matou
14 Você está com ciúmes?
15 Acidente
16 Eu te mato
17 Não toque no nome dela
18 E nunca mais voltou
19 Quero que você seja a minha mulher
20 Você está linda!
21 Sempre soube que era você
22 Ele está me rejeitando porque tô assim
23 Aqui não é seguro
24 Proposta
25 Primeiro dia no FBI
26 Está me dizendo que não existe a menor chance?
27 Você não cansa de ser mentiroso não?
28 Eu agora sou outra pessoa
29 Que merda você fez hein caralho?
30 O que significa isso?
31 Pode deixar
32 É tão perigoso assim?
33 Foi a bebê
34 Vou te dá um crédito
35 Saiu os resultados do exame
36 Cemitério
37 Onde está o chip?
38 Não se engane, Selena
39 Você não cansa de ser patético não?
40 Foi você que a ajudou
41 Happy birthday, Giulia
42 Você me conhece e sabe do que sou capaz
43 Estou mais preparado
44 Nenhuma coisa no mundo é melhor que a nossa família
45 Acha mesmo que vai sair a essa hora?
46 Não consigo ser mulher de um viciado
47 Eu vim buscar o meu marido
48 Como está a minha linda garota?
49 Talvez, ela possa nos surpreender
50 Se eu cair, eu caio junto
51 2 meses…
52 Eu destruí a nossa família
53 Parto
54 Happy birthday, Annabelle
55 Como nos velhos tempos
56 Qual é a sensação de matar todas as strippers?
57 Diga para mim, o que você esconde?
58 Por que você fez isso comigo, sua maldita?
59 Eu nunca vou te perdoar
60 Está me chamando de egoista, por acaso?
61 Mami, é verdade que ele é um psicopata?
62 Você voltou a usar droga
63 Ele é um policial como nós?
64 Experimenta bater nela, pra tu ver
65 Qual é o problema de vocês comigo?
66 Sempre há a primeira vez
67 99%
68 Eu sinto muito
69 Joga no lixo
70 Fica longe de mim
71 Eu não posso pelo menos dizer que sinto a sua falta?
72 Mãe, fica
73 Justin, eu estou falando com você
74 Você não é a única que está sofrendo aqui
75 Até mesmo o FBI?
76 Você nunca me terá
77 O começo do FIM
Capítulos

Atualizado até capítulo 77

1
Prólogo
2
Liz
3
Velório
4
Outra vítima
5
Mais uma vítima
6
Proposta do mendigo
7
Descoberta
8
Votação
9
Corte a cabeça
10
Grupos
11
Terapia
12
Annabelle
13
Eu sei que você a matou
14
Você está com ciúmes?
15
Acidente
16
Eu te mato
17
Não toque no nome dela
18
E nunca mais voltou
19
Quero que você seja a minha mulher
20
Você está linda!
21
Sempre soube que era você
22
Ele está me rejeitando porque tô assim
23
Aqui não é seguro
24
Proposta
25
Primeiro dia no FBI
26
Está me dizendo que não existe a menor chance?
27
Você não cansa de ser mentiroso não?
28
Eu agora sou outra pessoa
29
Que merda você fez hein caralho?
30
O que significa isso?
31
Pode deixar
32
É tão perigoso assim?
33
Foi a bebê
34
Vou te dá um crédito
35
Saiu os resultados do exame
36
Cemitério
37
Onde está o chip?
38
Não se engane, Selena
39
Você não cansa de ser patético não?
40
Foi você que a ajudou
41
Happy birthday, Giulia
42
Você me conhece e sabe do que sou capaz
43
Estou mais preparado
44
Nenhuma coisa no mundo é melhor que a nossa família
45
Acha mesmo que vai sair a essa hora?
46
Não consigo ser mulher de um viciado
47
Eu vim buscar o meu marido
48
Como está a minha linda garota?
49
Talvez, ela possa nos surpreender
50
Se eu cair, eu caio junto
51
2 meses…
52
Eu destruí a nossa família
53
Parto
54
Happy birthday, Annabelle
55
Como nos velhos tempos
56
Qual é a sensação de matar todas as strippers?
57
Diga para mim, o que você esconde?
58
Por que você fez isso comigo, sua maldita?
59
Eu nunca vou te perdoar
60
Está me chamando de egoista, por acaso?
61
Mami, é verdade que ele é um psicopata?
62
Você voltou a usar droga
63
Ele é um policial como nós?
64
Experimenta bater nela, pra tu ver
65
Qual é o problema de vocês comigo?
66
Sempre há a primeira vez
67
99%
68
Eu sinto muito
69
Joga no lixo
70
Fica longe de mim
71
Eu não posso pelo menos dizer que sinto a sua falta?
72
Mãe, fica
73
Justin, eu estou falando com você
74
Você não é a única que está sofrendo aqui
75
Até mesmo o FBI?
76
Você nunca me terá
77
O começo do FIM

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