Barraca-
Povs' Selena.
Quem matou a bebê? Quem? Procuro vestígios dentro da barraca, algo que tenha passado despercebido na hora que peguei o seu corpinho morto com as minhas próprias mãos. O assassino deve ter pegado algo... um objeto para sufoca-lá, mas neste lugar não tem nem almofadada. Não tem nada, além de lençóis.
A bebê pode ter sido morta com esses lençóis. Cheiro um pano para sentir se tem algum outro cheiro, fora o meu, o do Justin e da Mabel. Mas não tem nada fora do comum.
Vagueio os meus olhos atrás de algo pela lateral da barraca, até que me deparo lá no cantinho com o brinquedo da bebê caído. Bate um aperto no peito já com saudade do seu chorinho fino, meu coração se sente tão apertado por tudo que aconteceu. Porque mãe é mãe, por mais cruel que seja.
Pego o seu brinquedo sobre as mãos e o coloco sobre o meu peito, lembrando do rosto da minha bebezinha e ficando em silêncio com o meu momento de luto. Prometi que não vou mais chorar, não mereço me martirizar, só quero achar algo que comprove que Justin ou Mabel que tenha a matado.
Eu preciso de uma certeza, antes de pensar em fazer uma loucura.
— Mamãe!— sua voz manhosa, me traz um embrulho no estômago.
— Não me chame de mãe. Me esqueça, Mabel.— a desprezo com tom duro e hostil, porque tudo que essa pestinha merece é a minha indiferença.
Depois de ter me virado as costas e preferido acreditar no outro, ela também morreu para mim. Não perdi só uma filha, perdi duas.
— Por que está falando assim comigo, mamãe? O que foi que eu fiz?— sua voz infantil de fingir não entender nada, me dá mais ranço. Nunca pensei que essa menina fosse tão sonsa.
— Eu sei que você a matou.— admito para mim mesma, tirando a própria conclusão com sua reação momentânea. Justin está muito abalado para ser o assassino, já Mabel não, está agindo como se nada tivesse acontecido.— Por quê? Por que você fez isso? Fale! Abra a boca! Confesse!— grito em seus ouvidos, perdendo a cabeça.— POR QUE MATOU A SUA IRMÃ?— seguro em seus ombros pequenos, apertando-os com as minhas unhas. Por mais que esteja a machucando, eu não me importo, estou fora de si.
— Mamã-e eu nã-o a matei, e-u juro.— choraminga, quase não conseguindo falar de tão amedrontada que fica.
Por um momento paro, hesitando em machucá-la. Estou confusa, não posso causar mal a garota que eu carreguei por nove meses no ventre.
— Eu acredito em você.— viro o rosto, num estado de negação. No fundo, não quero aceitar que Mabel tenha feito tamanha barbaridade.
Após, ela sai correndo da barraca, me deixando sozinha. Quero poder confortar o outro babaca, ele deve está sofrendo tanto. Justin estava tão feliz que tínhamos a bebê, ela tinha o seu sangue, ultimamente ele estava se comportando tão carinhoso. Chegou até a comprar um carrinho de bebê para levá-la para passear pra cima e pra baixo. Não posso crer que ele seria capaz de assassina-lá friamente, apenas na intenção de me atingir.
O que eu disse no momento do velório foi tudo da boca para fora, estávamos de cabeça quentes e falamos palavras tão estúpidas um pro outro. Levanto, limpando algumas lágrimas que escorreram sem querer, depois do meu surto momentâneo com Mabel.
Quero ir atrás de conforta-ló, dizer que estamos sofrendo a mesma dor e que iremos enfrentar esse luto juntos.
Saio à procura dele e escondo-me atrás da árvore de repente, avistando-o com a sem sal da tal Candice. Ela alisa o seu braço e fala:
— Minhas condolências, amor! Sinto muito pela sua perda.— pousa a mão sobre o rosto aflito do homem, acariciando. Reviro os olhos com a cena, principalmente por ouvir a sua voz enjoada.
Essa loira azeda está querendo roubar o meu lugar. Coitada! Ontem Justin me quis, mal sabe ela que quase transamos. Adoraria de interromper essa cena de casalzinho perfeito e expô-lo, no entanto recuo quando escuto:
— É bom ter você ao meu lado, Candice. — fecho os olhos, o amaldiçoando. Suspiro fundo de raiva, sem conseguir controlar. Que filho da puta!— Obrigado, babe, por estar aqui.— o próprio segura em sua mão, tocando com carinho.
Os observo juntos, de mãos dadas. Ele nunca me tratou assim! Meus olhos ficam incomodados, logo vem o desconforto que não sei capaz de digerir. Será que estou com ciúmes? Claro que não. É impossível! Nego com a cabeça, mordendo o meu lábio inferior.
Sinceramente, estou prestes a acabar com essa ceninha, porém volto atrás mais uma vez:
— Você acha que ela a matou?— a mulher pergunta, insinuando no tom de voz que eu seja culpada. Está nítido que há veneno no seu tom.
— Com certeza.— o outro afirma, o que soube um ódio. Ele acha mesmo que eu assassinei a nossa bebê?— Gomez é pirada! Eu não sei o que vou fazer com ela ainda. Minha vontade é de matá-la, mas não tenho coragem.
Ainda está cogitando na ideia de me matar.... Tadinho! Ainda diz na cara da namorada que só não me mata, porque não tem coragem. Está na cara que esse covarde não vive sem mim.
— Existem outras opções, Bieber.— sugere. Rolo os meus olhos, com desdém. Desde de quando essa vadia está autorizada em se meter em nossas vidas? — Um hospital psiquiátrico, por exemplo.— os olhos dele crescem, cogitando na ideia.
O quê? Essa mulher quer me internar?
Me seguro o máximo para não ir até a vagabunda e surra-lá com as minhas próprias mãos. Minha vontade é de matá-la na base da tortura.
— Do jeito que aquela perturbada é, ia seduzir todos os doidos e fugiria facilmente. — corta de tempo o pensamento da namoradinha, relutante em abrir mão de mim. Justin dá um de durão, mas no fundo é só pose.
— Se eu fosse você, amor, teria cuidado com essa louca.— ofende-me. Fecho as minhas mãos em punhos. — Se ela foi capaz de matar uma bebê indefesa, imagina o que ela pode fazer com você, querido. Sinto medo por vocês estarem aqui nessa floresta. Não é seguro.
— Candice, eu sei me defender, não se preocupe. — a olha no fundo dos olhos, garantindo.
Não estou gostando nem um pouco da aproximação desses dois.
— Por que vocês não vão morar comigo na cidade?— o convida, fazendo-o erguer a cabeça e encara-lá surpreso.— Você e a Mabelzinha. —sorri fraco, o chamando. Peraí, Mabelzinha?
O quê? Ela quer levar a minha filha também? A situação só piora.
Posiciono a faca, segurando-a na mão e colocando atrás do meu corpo, caso eu necessite usá-la. Venho guardando desde que a bebê morreu. Acho que vou precisar enfiar o objeto pontudo logo em alguém, caso essa puta continue querendo tomar o que é MEU.
Não vou admitir que ninguém os tome de mim.
— Preciso pensar, Candice.— nem negar, ele nega, dando a entender que está disposto a ir morar na cidade.
— Pense, amor. — desliza a mão sobre o seu braço tatuado, novamente tocando. Me incomodo. — Será bom para todos nós.— garante. Sem evitar, reviro os olhos. O que está dando em mim? — Preciso ir agora, tenho que voltar pro hospital. Mas nos encontremos mais tarde. — diz.
A tal Candice é enfermeira. Justin nunca gostou de loira, não sei o porquê dele ter escolhido essa patricinha miserável como namorada.
Eles se despedem e viro a cara quando os dois se beijam. Ah, que nojo!
— Está me vigiando?— me nota. Acabo saindo detrás da árvore na mesma hora, andando em passos vagarosos, de braços cruzados.
Apareço em sua frente com o olhar quebrado. Minha cara está tão inchada, já faz dois dias que não durmo direito. Estou cheia de olhares e com os olhos lacrimejando o tempo todo.
— Eu não a matei, Justin! Acredite em mim.— são as únicas palavras que escapam dos meus lábios, ao perceber a frieza de como o homem me encara.
Ele está tão distante.
— Se não foi você, Selena, quem foi?
Dou de ombros, abaixando a cabeça, calculando de que forma vou convencê-lo do contrário.
— Pode ter sido qualquer um dessa floresta. Todos teriam motivos. Todos os nossos amigos me odeiam e eles adorariam me ver chorar— concluo, acusando-os de um complô. Menos Anne e Sara, acho que as duas não teriam coragem. Mas o restante sim, principalmente Taylor e Bárbara. — Não foi por você que ela morreu, foi por minha culpa! Eu aprontei tanto com essa gentalha que eles quiseram se vingar de mim. Não se culpe por nada! — começo a chorar, soltando tudo pra fora que venho guardando há dias.— Podemos ter outra bebê, Justin. — fito o fundo de seus olhos, segurando os arredores do seu rosto e forçando-o me olhar. No seu olhar há tanta mágoa.
— Selena...— quer me interromper, não dando bola para o que eu digo, achando que tudo que digo é loucura da minha cabeça.
—Não é o fim. Prometi pra Annabelle que não teria mais nenhum bebê, mas eu abro uma exceção para deixar você feliz. Não me importo! Não me importo em parir outro bebê. Só não quero que você vá embora!— imploro aos prantos, com medo de perdê-lo. Num ato ríspido o próprio se afasta de mim, quando tento beija-ló.
Sinto-me tão desequilibrada emocionalmente que começo a falar coisa com coisa, após ser rejeitada por ele.
— Não me deixe sozinha. Não me abandone!
Ele fica calado, escutando a minha declaração exalar em alto tom. Num impulso, começo a empurra-ló. Na medida que o empurro, acabo esperneando, enquanto tenho um ataque de nervos.
— Selena, pare! Pare com isso! Está ficando maluca?– olha-me abismado com o meu comportamento agressivo. Não é incomum, entretanto, Justin não entende o motivo do meu descontrole.
— Você não pode me abandonar, Justin? Será que você não entende?— o encaro chorosa, com o nó na garganta. — Puna-me! Só não me deixe.
Sinto os seus braços grossos abraçando-me, para me fazer parar. E mesmo não querendo abraço, porque não me considero uma mulher apta a receber carinho, no final cedo. Pois é bom tê-lo me confortando nesse momento tão difícil. Estamos mal, que nos encontramos compartilhando a mesma porcaria de dor.
Fecho os olhos, inclinando a cabeça para fungar mais o seu cheiro embriagante entorno do seu pescoço. Estou aproveitando para me confortar nos seus braços. A tensão é tanta que as nossas respirações estão descompensadas. Para falar a verdade, sinto até as pernas bambas. Fora o coração que dispara tão alto, quase como se fosse sair pela boca. Caramba, é primeira vez na presença do Justin que mostro a minha vulnerabilidade. Sempre dou uma de durona, uso isso como escudo para me proteger de momentos assim, onde estou completamente no fundo do poço.
— Olhe para mim!— suas orbes cor de mel estão penetrantes, fazendo-me engolir em seco. Receosamente, o encaro.— Onde você enterrou o corpo, Selena? Onde? — pergunta, num tom de ressentimento. Mesmo cabisbaixa, lamento por eu ter tirado a chance dele se despedir dela.
Fui muito idiota de não ter dado a chance dele dizer adeus a nossa bebezinha.
(............)
O levo até o lugar que enterrei Annabelle há dois dias atrás. Justin e eu não trocamos nenhuma palavra ao longo desse trajeto que fizemos, ele está o tempo todo me ignorando e cabisbaixo. Talvez esteja decidido mesmo a ir morar na cidade, ainda por cima levar Mabel junto.
— Foi aqui.– paro, lembrando expressivamente do lugar onde cavei a cova com as minhas próprias mãos. — Foi neste lugar.— aponto pro molho de areia. Seus olhos percorrem confusos.
— Tem certeza?— há uma dúvida.
— Claro que tenho, Bieber.
Ele aproxima-se mandando eu sair do meio. Saio e ele começa a cavar, com tanta força como se quisesse tirar a nossa bebezinha de dentro. A cova que fiz é tão rasa que logo se avista....
— Não há nenhum corpo aqui.– soa tenso, amostrando a cesta vazia.
— Como não?— acabo ficando perplexa, porque eu lembro de ter a enterrado. — Quem foi que roubou o corpo da nossa bebê, Justin? Quem? — logo fico sem chão, porque novamente não pude protegê-la. É um sentimento de incapacidade.
— Só pode ter sido o assassino.— murmura.
Seja lá quem esteja fazendo uma crueldade dessas, eu não vou sossegar até matar essa pessoa. Eu vou torturar lentamente quem está tentando transformar a minha vida num inferno.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Amanda
Eita que está bem confuso
2025-01-06
0
Iara Drimel
Selena não aguentou e se declarou para Justin. 💖 Tenho tanta dó de Mabel, ela sofre nas mãos da própria mãe, enquanto Justin a trata bem como sua filha. Qual o mistério que envolve a nenê Annabele? Será que ela não morreu na verdade?
2023-08-05
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