capítulo 18

Capítulo 18

Aria

Eu não sabia o que pensar, ou como agir.

Tudo estava se acalmando em meu peito, toda aquela angústia de dias presa em casa. Nick parecia tão sincero e verdadeiro que eu me deixei levar, até mesmo o beijei. Eu não deveria, mas acabei fazendo.

E quando nos sentamos no sofá e contei tudo a ele, um peso enorme saiu do meu peito. Porém, quando aquela porta se abriu e eu vi o olhar de Adam, tudo retornou. Todo o medo, dor e angústia estavam em mim novamente.

Mas o que mais me doeu foram as armações. Nick tinha pedido à irmã que transasse com o meu marido? Ou isso foi algum improviso dela? Até que ponto eu poderia mesmo confiar no Nick?

E Adam? A Deus... ele tinha mesmo ido lá por livre e espontânea vontade e teria feito sexo com a Lara caso ela não tivesse o parado?

Eram tantas perguntas, tantas dúvidas.

- A escolha é sua, eu não a forçaria a nada! - ele concluiu com um rosto sereno, como se fosse um cordeiro. Sua mão ainda estava estendida.

Nick tirou os olhos de Adam e olhou para mim. Um questionamento claro em suas feições e no seu olhar. Ele parecia prestes a me arrastar dali. E Adam estava com sua mão estendida, me olhando com ternura e calma.

Eu não sabia o que fazer, não sabia o que escolher. Eu não tinha uma terceira opção?

As pessoas estavam se aglomerando e nos olhando, isso seria um escândalo para a carreira de Adam, ele ficaria furioso se eu não fosse e muito magoado, talvez até pensasse que eu planejei tudo isso.

- Eu... não fiz nada! - disse olhando nos olhos dele.

- Eu sei, tudo bem! Já entendi que foi uma armação deles, venha meu amor! Minha garota... - Adam sorriu e ainda estava com a mão esticada na minha direção.

Nick estava alguns centímetros à frente, virado de lado olhando de mim para meu marido. Suas irmãs me olhavam com um misto de pena e irritação.

Elas podiam saber o que Nick tinha contado, mas ninguém sabia de verdade o que eu passava, os julgamentos estavam estampados na cara daqueles que estavam de plateia. Me senti impotente, humilhada, ridicularizada e tantas outras coisas que nem sequer eu poderia medir.

- Venha, minha querida! - Adam falou com um sorriso amistoso - Vamos para a nossa casa!

Dei um passo hesitante e Nick arregalou os olhos e estendeu um braço, me parando.

- Ah... você não pode estar mesmo pensando em ir com ele! - ele disse baixo, para que somente eu o ouvisse.

- Ele é meu marido, Nick! - falei voltando a sentir as lágrimas queimarem os meus olhos.

A multidão formada do lado de fora se agitou e nós dois olhamos para a entrada.

- O que está havendo aqui? - era a voz dele, eu ainda me lembrava. Do pai do Nick, o senhor Grandman.

Ele afastou algumas pessoas e entrou no cômodo.

- Merda... - murmurou Nick e fechou os olhos brevemente.

- Alguém poderia me explicar o que é tudo isso? - ele olhou para seus filhos.

- Precisamos chamar a polícia para prender esse homem! - Nick disse e apontou para o Adam, me deixando nervosa e agora eu mal podia respirar.

- E por que exatamente? - Adam perguntou colocando as mãos na cintura - Sua irmã me seduziu e me agrediu logo em seguida!

- Agrediu? - perguntei confusa.

- Sim... mas foi para parar ele! - Lara falou - Era o único jeito!

- Viram, ela acabou de admitir! Todos ouviram! Se alguém tem que ser levada é ela!

O senhor Grandman olhava a todos nós em dúvida, sem saber exatamente em quem acreditar. Ele olhou para o filho com as sobrancelhas franzidas.

- Por que quer exatamente que eu chame a polícia para o senhor Fletcher?

- Vocês se conhecem? - perguntou ele chocado.

- Sim, fazemos alguns negócios juntos. Por ele está aqui! - o pai de Nick disse.

- Alex, peço desculpas por toda essa confusão! - Adam disse olhando para o senhor Grandman - Quero apenas que seu filho deixe minha esposa passar e vamos para a casa, deixar que sua exposição continue!

- Aria? - o senhor Grandman me reconheceu. - Você é a esposa do Adam?

- Sim... - murmurei acuada como um cachorro maltratado no meio de todos aqueles olhares julgadores.

- Feche a porta, Bea! - pediu o pai do Nick e a filha empurrou algumas pessoas que protestaram, mas logo conseguiu fechar a porta.

Alexander se aproximou, empurrando a mão do filho  que me impedia de passar e o olhou com severidade. Mas quando se dirigiu a mim, falou em um tom gentil como eu imaginava que deveria ser um pai amoroso.

- Minha querida, há quantos anos não é? - ele disse e sorriu - Diga, o que é tudo isso? Todos falaram e ao que me parece quem realmente deve ser ouvida é você! O que está havendo aqui?

Pisquei meus olhos que ardiam devido as lágrimas acumuladas e os fechei. Uma mão firme e morna tocou meu rosto com a palma de leve.

- Confie em mim! Se me pedir, coloco estes dois para fora! - Alexander disse baixo para mim e acabou me fazendo sorrir.

- Eu... eu... não sei! Estou confusa, fui enganada pelos seus filhos, embora sei que queriam apenas me ajudar!

- E por que exatamente eles queriam ajudar você?

- Bom... eu e Adam... estamos tendo alguns problemas... - disse pensando nas palavras, tropeçando nelas, com medo de dizer algo que deixasse meu marido furioso e fora de controle.

- Problemas? Graves? - o senhor Grandman não era tolo, já deveria estar imaginando do que tudo isso se tratava, imagino eu.

- Sim, graves! Mas sei que vamos resolver e muitas vezes a culpa foi minha! - ouvi murmúrios das irmãs do Nick e ele resfolegou como um cavalo irritado. Alexander os olhou por cima do ombro e os calou no mesmo instante. Adam não disse nada, apenas observava tudo com muita atenção.

- Minha querida - Alexander pegou minhas mãos e segurou com as suas. Apesar de já estar grisalho seu cabelo e sua barba, o senhor Grandman estava em boa forma. Era alto, de olhos verdes e com um físico que daria inveja a muitos homens mais jovens, Nick tinha mesmo a quem puxar. - Independente do que esteja acontecendo entre vocês, eu duvido muito que a culpa seja sua. Principalmente se for algo grave! Perguntarei e quero que seja o mais sincera possível, inclusive consigo mesma! Quer ir com o seu marido Adam? Ou gostaria que eu a tirasse daqui, para longe inclusive dos meus filhos com seus planos mirabolantes?

Respirei fundo, controlando meu choro que agora era pela empatia das palavras carregadas de amor, vindas de um homem que a anos atrás conheci e sempre tinha sido extremamente gentil e educado comigo.

- Acho que... gostaria que me tirasse daqui... - eu falei baixo e ele deve ter precisado ler meus lábios, pois levou alguns segundos para balançar a cabeça em concordância - Mas não quero que diga ao Nick vá junto e nem que diga onde irá me deixar... - pedi olhando em seus olhos.

- Seu pedido, é uma ordem querida! Tudo ficará bem!

Alexander me puxou para um abraço, vendo que eu estava tremendo e nervosa. Me aconcheguei naquele calor acolhedor e me senti segura, como nunca antes. Era assim que era ter um pai então?

Eu não podia ver, mas imaginei que todos nos olhavam confusos, se não tinham me ouvido.

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E então meninas, o que acham que vai acontecer?

Adam vai aceitar isso? O que Nick vai fazer caso o pai a leve?

Prometo muuuuuitas emoções.

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