capítulo 7

Capítulo 7

Nick

Eu estava totalmente e completamente indignado com a burrice da Aria. Mas o que mais eu poderia fazer? Trancá-la? Acorrentá-la? Confesso que bem no fundo, tive essa vontade. Mas não para machucar ela e sim para que ela caísse em si e percebesse a idiotice que estava cometendo. Confiar na Renata depois de tudo, demonstrava a falta que o amor e o carinho dos pais faziam na vida de uma pessoa.

Aria nunca teve amor próprio e sempre foi influenciável, a tia sempre tirou vantagens dela, a explorando sempre que podia de todas as formas. Ela disse que foi ela quem escolheu Adam. Mas eu duvido muito que a tia não tenha minado suas escolhas.

Eu estava começando a aceitar isso, estava começando a deixar tudo de lado. Fazia quase um ano que a terapia estava me ajudando a superar. Se eu contasse à minha psicóloga sobre isso... ela iria surtar comigo.

Cheguei na casa que agora era minha. Meus pais quando se mudaram para a casa do interior, me deixaram morando aqui e falaram que se minhas irmãs não reclamassem, eu poderia ficar aqui o tempo que quisesse e pretendia comprar a parte delas muito em breve, quando abrisse meu próprio consultório especializado.

Ao entrar fui direto para a cozinha precisava beber algo, ainda sentia o cheiro de Aria, ainda sentia o calor do seu corpo quando me aproximei dela no chalé. Todas aquelas lembranças dos momentos que vivemos juntos anos atrás estavam me atingindo com força total.

- Que susto amor! - Vivian disse se virando num salto ao me ouvir entrar e esbarrar na bancada de mármore.

- Desculpe... - falei baixo - Não sabia que estava aqui!

A última pessoa no mundo que eu queria ver era ela.

- Você não atendeu minhas ligações ontem, não atendeu minhas ligações agora pela manhã. Estava preocupada. Liguei para sua mãe e ela me disse que já tinha retornado, vim aqui ver se estava em casa. Sua funcionária me disse que ainda não tinha chegado. Eu já estava quase indo embora! - Viviam se aproximou e encostou seus lábios nos meus.

Seu perfume estava me enjoando, doce demais, forte demais...

- Precisei resolver umas coisas no centro, mas retornei e gostaria de descansar, não consegui dormir na casa dos meus pais!

- Ah, que pena meu amor! - ela disse e pendurou suas mãos no meu pescoço e começou a beijar minha orelha. - Posso ajudar a aliviar seu estresse... - Viviam murmurou de forma dengosa o que me deixou ainda mais irritado do que eu estava.

- Não... - falei retirando as mãos dela do meu pescoço e fui até o balcão onde estava o whisky. Viviam ficou me olhando confusa - Estou bem cansado e tive uma pequena briga com meus pais... - expliquei e não era de todo mentira, tínhamos falado sobre Viviam e eu acabei me estressando com eles.

- Viu, por isso eu não quis ir! Seus pais não gostam de mim! Aposto que o motivo da briga foi o nosso namoro, que os incomoda! - ela disse cruzando os braços e me olhando nos olhos, eu estava bem longe dela, do outro lado da bancada.

Meu pai não tinha problema algum com ela, só minha mãe. Mas como meu pai lambia o chão que a minha mãe passava, ele sempre dava razão a ela.

- Falamos sobre você, sobre nós e eles acham muito prematuro nossa relação. Enfim, eu não quero falar disso, quero beber algo e descansar! - falei e enchi um copo de whisky puro.

Senti o olhar desaprovador de Viviam em mim.

- Desde quando desconta suas frustrações na bebida? - perguntou ela.

- Desde agora! - falei mal humorado - Poderia me deixar sozinho? Eu não quero ser grosso, mas realmente não estou com cabeça para conversar!

- Ok... - ela disse baixo, suspirou e caminhou até mim - Vou deixar e nos falamos depois!

- Sim! - concordei, dormir me faria bem. Eu só precisava descansar e tudo ficaria bem em seguida.

Viviam segurou meu rosto com suas mãos e me beijou, sua língua abriu espaço e tocou a minha, numa provocação suave a qual eu sabia bem onde iria levar.

- Não... - disse baixo e recuei a cabeça.

- Desde quando você recusa sexo? - ela perguntou franzindo as sobrancelhas.

- Por favor... eu só quero descansar! - falei e a abracei para que se tranquilizasse - Já disse que não quero ser grosso com você, mas preciso mesmo descansar meu amor!

- Está bem, está bem! - ela murmurou de má vontade e me deu um último beijo rápido.

Eu gostava de Vivian e tinha a conhecido no hospital em que trabalhamos juntos. Ela era uma boa pessoa e me fazia bem. Era bonita e gentil. Mas minha mãe tinha implicância com ela. Dizia que não confiava em Viviam e que ela não era a mulher certa para mim.

Assim que ela foi embora, bebi mais três copos cheios de whisky puro e fui deitar. Para o meu desespero e agonia, sonhei com a Aria.

E não foi qualquer sonho, foram lembranças de momentos íntimos nossos. E no final, nosso término, por minha culpa.

Acordei sobressaltado e com o coração apertado, como se meu peito o esmagasse. Tudo que tinha acontecido era minha culpa. Se eu não tivesse agido daquela forma, talvez hoje, nada disso estaria acontecendo com ela.

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