capítulo 10

Capítulo 10

Nick

Alguns dias depois do encontro com Aria.

Desde o dia em que tinha encontrado Aria, eu não consegui mais dormir. Como ela podia ter voltado com ele? Ela mesma tinha esfaqueado o desgraçado, claramente movida pelo desespero, eu não podia acreditar que Aria era tão burra.

Ninguém que chega ao nível dele consegue mudar, ninguém. É impossível. Desde então tenho almoçado naquele mesmo restaurante em busca de vê-la novamente, para me desculpar e claro, tentar colocar um pouco de juízo na cabeça dela. Mas nunca mais a vi aqui.

Eu já estava quase pensando em ir embora, quando uma silhueta fina usando um blazer preto e calças da mesma cor entrou de óculos escuros e cabelos ruivos esvoaçantes. Era ela. Já eram quase duas da tarde e Aria estava sozinha, ótimo. Os outros dias fui embora mais cedo e ela deve ter vindo no mesmo horário.

Ela escolheu uma mesa num canto, de frente para a parede. Com o coração martelando contra o peito, levantei da minha mesa e caminhei até a sua.

- Com licença! - falei e ela ergueu a cabeça, ainda de óculos escuros - Oi, Aria!

- Oi, Nick! - suas sobrancelhas arquearam por cima dos óculos escuros e ela ficou de pé parecendo nervosa - Eu preciso ir!

- Mas você acabou de chegar! - disse e ela já estava pegando sua bolsa e começando a caminhar.

- Lembrei de algo e preciso fazer agora! - ela disse e eu estava logo atrás.

- Espere! - falei quando passamos pela porta de entrada.

- Nick, não! Por favor! - sua voz saiu fina, suplicante e uma lágrima escorreu por debaixo do óculos molhando seu rosto.

- Fale comigo! - pedi e ela tentou ir embora, mas segurei seu braço e Aria se virou novamente para mim.

- Você não entende! - ela disse num sussurro - Não posso falar com você, com ninguém! Me solte, me deixe ir!

- Não! Nem pensar! Você vai me contar tudo e vai ser agora! - falei e a puxei pelo braço, para um beco ao lado do restaurante que era para a carga e descarga de mercadorias.

Ali estaríamos cercados por paredes de muros bem altos.

- Nick... - Aria colocou as mãos na cabeça e ficou olhando para a rua.

- Aqui ninguém conseguirá nos ver! Somente as paredes! - falei apontando para os tijolos. - Viu, se acalme! Respire, tire os óculos! - pedi com calma.

Mas Aria segurou os óculos no rosto com as duas mãos firmes.

- Não! O óculos fica! - falou ela nervosa.

- Você não parece nada bem! - falei me aproximando e Aria deu um passo para trás. - O que está acontecendo? Me deixe ajudar!

- Não preciso de ajuda, estou bem! - mais lágrimas escorreram por suas bochechas.

- É ele não é? - perguntei sentindo meu coração afundar no peito.

- Está tudo bem, eu estou bem! - sua voz saiu baixa como se controlasse seu choro.

- Não, eu estou vendo que não está! Você está chorando, tremendo e com medo de tirar esse óculos sabe Deus porquê e sinceramente estou com medo de descobrir! - falei me aproximando e dessa vez Aria não recuou.

- Eu só... preciso voltar para o trabalho, é só isso! - mentiu ela.

- Aria, por Deus! Me conte! Não irei julgar, eu juro!

- Jura? - ela sorriu com escárnio - Não acredito em você!

- Olha, eu não sei o que tem passado, mas quero que saiba que não sou seu inimigo. Eu quero ajudar e estou disposto ao que for preciso para isso! Basta me dizer! - me aproximei mais e toquei seu rosto com a ponta dos meus dedos, toquei seu cabelo e com a outra mão encostei em seu óculos, ela remexeu a cabeça e estremeceu, mas me deixou tirar o óculos.

A raiva que me dominou com a visão dos olhos dela inchados e roxos, pareciam já estar curando, mas ainda sim senti vontade de socar a parede para me acalmar, mas isso só iria assustar ainda mais ela.

- Deus... - murmurei acabando e a puxei para os meus braços. Aria começou a chorar, seu corpo sacolejava contra o meu, soluços e espasmos percorreram o corpo dela. - Chore, pode chorar, tudo bem!

Passei as mãos calmamente pelas costas dela e a acalmei, esperei com paciência até que o choro cessasse.

- Desculpe por isso... - ela falou e se afastou um pouco, secando suas lágrimas.

- Não se desculpe! Estou aqui, nem que seja apenas para isso! - disse - Quer me contar o que houve? Por que ele fez isso? Se é que tem algum motivo para isso...

- Foi culpa minha, eu o provoquei! - Aria disse e eu senti vontade de sacudir ela para que acordasse.

- Nunca se culpe por algo que ele fez! Mesmo se você tivesse dito as coisas mais horríveis do mundo, o que eu duvido muito, teria explicação plausível para isso! - sentia meu corpo suar e o nervosismo também tomava conta de mim - Você tinha me dito que ele não a agredia, o que aconteceu? Mentiu para mim?

- Não... essa foi a primeira vez! - falou ela - A única, ele não fará de novo!

- Meu Deus Aria! Não pode estar falando sério! - disse com indignação, mas me controlei, não queria assustá-la - Acreditou nele?

- Sim! Acreditei e somos casados, precisamos fazer dar certo e como eu disse a culpa foi minha! - Aria agora já tinha se recuperado e parecia mesmo se sentir culpada.

Como em nome de Deus ele tinha feito essa lavagem cerebral para que ela se sentisse culpada por apanhar.

- Ele bateu somente no seu rosto? - perguntei suspirando.

Seu silêncio deixou claro que não tinha sido comente em seu rosto.

- Já estou bem, foram apenas alguns socos... mas sou muito branca e acabo...

- Meu Deus, Aria! - falei exasperado, perdendo o controle e ela se encolheu - Desculpe, desculpe! - disse e me aproximei de novo segurando seus braços com cuidado - Precisa sair da casa de vocês, precisa fugir dele! Eu a ajudo! Com o que precisar! Só me diga e eu farei qualquer coisa!

- Nick... - seus dedos longos e delicados tocaram meu rosto com delicadeza - Obrigada pela gentileza, mas resolverei tudo à minha maneira! Agora preciso voltar ao trabalho, não se preocupe, eu estou bem!

- Me prometa que se precisar, se temer pela sua vida, vai usar o cartão que dei a você para me ligar e me pedir ajudar!

- Eu prometo, mas não se preocupe! - falou ela e sorriu sem mostrar os dentes. Apesar dos olhos um pouco inchados, seu rosto se iluminou com aquela curva que seus lábios fizeram.

- Você deveria ir à polícia... - falei segurando sua mão que estava em meu rosto, eu não queria que esse contato acabasse.

- Foi apenas um pequeno incidente! Somos casados e essas coisas acontecem! - ela disse respirando fundo, como se realmente acreditasse que isso era normal. - Só por favor, não se meta, ou pode acabar fazendo com que as coisas piorem!

- O que pode ser pior do que ele ter levantado a mão e tocado em você? - no lindo rosto dela, na sua pele macia e cheirosa...

- Nick, obrigada pela preocupação, obrigada pelo ombro amigo para que eu chorasse. Mas preciso ir trabalhar! Não me procure mais, não venha até aqui onde sabe que eu almoço. Não quero mais ver você! - sua mão escorregou do meu rosto e nosso contato físico acabou, deixando um vazio em meu peito - Eu amo o Adam, ele é meu marido e iremos resolver!

Não sabia como, mas suas palavras conseguiram partir meu coração novamente. Foi como quando terminamos, era como se algo fosse arrancado de mim e recolocado de forma errada.

- Se é o que deseja, é que farei! - disse olhando em seus olhos, em busca de algo, qualquer coisa... mas ela parecia falar sério.

- Adeus, Nick!

Aria colocou o óculos em seu rosto e saiu caminhando pelo pequeno beco em que estávamos.

xxxx

Deixem suas florzinhas e assistam aos vídeos na área de presentes.

Seus votos, curtidas e comentários também são muito importantes para a divulgação do livro ❤️.

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Comments

Zilda Barbosa

Zilda Barbosa

sua songa manga vai esperar estar a beira da morte pra reagir

2024-02-14

2

Ilma Matias da Cruz

Ilma Matias da Cruz

que absurdo reage sua Lerda

2023-11-07

1

Anonymous

Anonymous

Como eu disse num comentário anterior
Uma relação tóxica onde o homem faz a mulher acreditar que o que está acontecendo é somente e puramente culpa dela por não ser a esposa ideal

2023-10-21

0

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