A Fuga Do Ceo

A Fuga Do Ceo

Perda de Memória

Após algumas horas, o doutor Daniel soube pelas enfermeiras que o paciente do acidente de carro havia acordado. Os profissionais logo trataram de saber como ele estava, já que o mesmo precisou fazer uma pequena e rápida cirurgia na perna, onde sofreu poucas fraturas.

— Olá, eu sou o doutor Daniel. O senhor sofreu um acidente de carro há algumas horas, consegue se lembrar do que aconteceu? — perguntou o mesmo, definitivamente fazendo apenas o seu trabalho, mas ao mesmo tempo queria ajudar sua amiga.

...Doutor Daniel - Amigo de Syara...

— N-não, não consigo me lembrar de nada — respondeu, sua voz estava um pouco falha, mas nada que não pudesse ser entendido. 

— Tudo bem, o senhor sofreu uma lesão na cabeça, e poucas fraturas na perna. Pela gravidade da situação, provavelmente vai demorar um pouco até que consiga se recuperar. Neste caso, consegue me dizer o seu nome para que possamos entrar em contato com sua família?

— Da… Da… Damian? — O mesmo franziu o cenho, suas memórias estavam um pouco confusas, ele não sabia distinguir o que era real ou apenas imaginação.

— Muito bem, Damian. Por acaso o senhor consegue se lembrar de sua família? Algum contato de alguém responsável? — Daniel finalizou o check-up, constatando que era apenas perda de memória temporária. O que não era tão ruim, pois sua situação poderia ser mais grave.

— Eu não sei, eu não me lembro. — Damian franziu o cenho novamente, estava sentindo dor de cabeça, na verdade, seu corpo inteiro estava dolorido.

— Vai demorar um pouco até que consiga se lembrar, neste caso o senhor precisa ficar internado por pelo menos algumas semanas. Faremos mais alguns exames para constatar a perda de memória temporária. 

Damian balançou a cabeça, confirmando. Ele foi medicado mais uma vez com a permissão do doutor Daniel, já que agora sabia pelo paciente o que ele estava sentindo. E após deixar o quarto do paciente, o mesmo encontrou Syara encostada na parede, esperando pacientemente por sua deixa.

— Syara? O que está fazendo? Você deveria estar em repouso. — Quase dando um sermão, Daniel aproximou-se da mesma, levando-a consigo até o quarto onde ela estava anteriormente.

...Syara Martin...

— Não vou conseguir repousar enquanto não souber nada daquele homem, ele está bem? — Tamanha era a preocupação de Syara, ela nunca havia se preocupado tanto com alguém em sua vida, e isso a estava corroendo por dentro.

— Ele está bem, não se preocupe. Ele acordou e disse que se chama Damian, mas não consegue se lembrar da família. Suspeito que esteja com perda de memória temporária. — Bastou dizer as últimas palavras para Syara se desesperar, ela não esperava que a situação fosse tão grave assim. — Você está bem?

— Estou, estou sim. Obrigada, Daniel. Não sei o que faria sem você, espero que possa recompensá-lo algum dia. — Syara o abraçou, ele era a única pessoa pelo qual poderia contar, era seu porto seguro em momentos de tempestade como este.

— Você sabe que pode contar comigo sempre, mas se quiser realmente me recompensar, pode ir andando até o seu quarto. — O mesmo riu, fazendo-a se sentir um pouco melhor. 

Syara permaneceu em seu quarto por um longo tempo, pelo menos até a manhã seguinte, quando estava se sentindo um pouco melhor. Ela esperava que a família do homem viesse até ela, e a mesma estava disposta a ouvir muitas acusações e o quanto teria que se responsabilizar. Mas nada.

Ninguém apareceu no quarto, apenas algumas enfermeiras e uma mulher que fora deixar seu café da manhã. Daniel também não apareceu, mas prometeu que iria visitá-la para averiguar sua situação. Syara pensou até mesmo em sair um pouco, talvez visitar Damian, mas ainda não estava se sentindo confiante o suficiente para isso.

Enquanto esperava por mais notícias, ela ficou a pensar no que aconteceu no dia anterior. Ela queria apenas começar uma vida nova em um novo lugar, onde pudesse encontrar um bom emprego e quem sabe, um bom lugar para morar. Mas com tudo isso que aconteceu, agora isso seria impossível.

E o pior de tudo isso, era saber que agora tinha que se responsabilizar por aquele homem que sequer conhecia. No momento do acidente, ela perdeu a direção quando notou que seu carro estava sem freios, mas não conseguiu desviar do outro carro, o que causou uma grande tragédia. E antes que a ambulância chegasse, ela conseguiu resgatar o homem antes que o carro dele simplesmente explodisse. 

O que seria dela se aquele homem tivesse morrido? Syara acreditava que por tê-lo salvado antes das chamas tomarem conta do veículo, ele poderia ter algum tipo de piedade. Mas na realidade em que vivia, isso também seria impossível.

— Syara? No que está pensando? — Daniel tocou seu ombro, fazendo-a se assustar repentinamente.

— Ah, que susto! Desculpe, eu não vi você entrando. — A mesma suspirou entristecida, mas não se deixou abalar por muito tempo. — Alguma novidade?

— Sim, os policiais estão aqui para que você faça um depoimento. Eu sei que isso pode parecer assustador, mas eu estou aqui por você. — Daniel tentou convencê-la de que tudo ficaria bem, e ela não acreditou que seria tão fácil. — Sei que vai sair dessa.

Enquanto Syara permaneceu no quarto juntamente com alguns policiais, Daniel esperava pacientemente durante as consultas que também fazia em alguns pacientes. Afinal, era o seu trabalho, não poderia abandonar quando outras pessoas também precisavam dele. 

Após alguns longos minutos, os policiais se retiraram, e Daniel não perdeu tempo. Syara estava sentada na cama, cabisbaixa. Ela nunca se sentiu tão fraca em sua vida, mas acreditava que alguém estava ajudando-a no céu. 

— E então? O que eles disseram? — perguntou Daniel, ele também estava aflito, não poderia negar.

— Está tudo bem. Eles disseram que Damian não me culpou pelo acidente, e também expliquei a situação em que meu carro se encontrava, eles farão uma averiguação. O importante é que não vou ser presa. 

Syara sorriu, animada. 

— Estou muito feliz por você, eu sabia que conseguiria passar por isso. — O mesmo segurou em sua mão com delicadeza, acariciando-a como se estivesse bastante aliviado. — Ah, antes que eu me esqueça… Damian pediu para falar com você. 

— O quê? Eu deveria imaginar… — Ela mordiscou o lábio, estava ansiosa por isso. — Eu posso ir agora? Quanto antes melhor, não acha?

— Se você estiver bem com isso, então sim. — Ele confirmou, levando-a consigo até o quarto onde Damian estava internado. — Os resultados dos exames dele foram positivos, não houve qualquer dano ao cérebro. Mas ele continua sem lembrar de muitas coisas, aliás, de quase nada.

Syara bateu na porta levemente, mas não teve resposta. Ela bateu mais uma vez, e então adentrou. Damian parecia estar dormindo, e pelo estado em que ele se encontrava, ela se sentiu ainda mais culpada. A mesma sentou-se em uma poltrona ao lado, na expectativa de que ele acordasse logo, afinal, não queria incomodá-lo. 

Após meia-hora, o mesmo se mexeu naquela cama um pouco desconfortável, virando-se para o lado onde Syara o esperava sentada na poltrona. Quando ele abriu os olhos, assustou-se levemente, e percebendo que ela estava dormindo, começou a observá-la silenciosamente.

Por um momento, ele ficou confuso. 

Ela não poderia ser alguém da sua família, já que estava com alguns arranhões pelo rosto e braços. Então constatou que ela poderia ser a mulher que causou seu acidente, de acordo com o que o médico e os policiais disseram. Além disso, ele não deixou de admirar sua beleza, seus cabelos ruivos e seu rosto gentil, ela que parecia tão simples e inocente, não deixava de transbordar uma paz que ele não sabia explicar. Sentia-se hipnotizado, até demais.

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