A Foto

Durante a madrugada, Damian não estava conseguindo dormir, o mesmo acordou após um pesadelo onde alguém tentava se livrar dele a todo custo. Ele não conseguiu ver o rosto da pessoa que o assustou, mas ele não estava com um bom pressentimento sobre isso.

O mesmo levantou-se da cama, ligou a luz e ficou observando aquele quarto que agora poderia usar a vontade. Ele se sentou na cadeira de rodas e ficou olhando para uma cômoda que Syara e ele não mexeram, pensando que seria uma boa ideia organizá-lo, já que perdeu o sono tão rapidamente.

Após abrir algumas gavetas que não tinham nada demais, ele percebeu que uma delas tinha um fundo falso. Talvez, a senhora que ajudou Syara tivesse algo valioso que precisava guardar em segurança. Damian ficou receoso, ele não queria invadir a privacidade de ninguém, mas sua curiosidade falou mais alto, afinal, e se tivesse algo importante que Syara precisava saber?

Mesmo que estivesse incomodado, Damian sussurrou algo como se pedisse "com licença", retirando o fundo falso logo em seguida. Ele deparou-se com uma caixa simples que parecia ser de sapato, mas ao abri-la, encontrou apenas algumas fotos e algo que parecia ser uma carta.

Damian não abriu a carta, pois achava que ao fazê-lo, seria uma grande ousadia. Mas ele contentou-se apenas em ver aquelas fotos, algumas delas eram de uma mulher que ele supôs ser irmã da senhora Juliet, já que ambas estavam juntas na foto. Elas pareciam muito mais jovens, mas ele reconheceu uma delas.

Uma foto em particular mostrava a senhora Joane com um menino na faixa dos dez anos de idade. Uma outra foto mostrava ela e uma garotinha que tinha a aparência de Syara, mas logo confirmou pela cor do cabelo, já que era um ruivo chamativo. As outras fotos eram simples, nada demais, porém uma em especial chamou sua atenção. Era um homem de cabelos negros e aparência elegante, que por algum motivo, lhe pareceu muito familiar.

Talvez fosse o pai de Syara? Ele não sabia, mas se aquela foto estava ali, escondida, significava que ela nunca conheceu o pai. No entanto, se a senhora Joane tinha aquela foto, significava que muitas coisas ela sabia, mas que nunca contou a ninguém.

Damian tinha muitas perguntas, suposições e até mesmo respostas que poderiam ser facilmente verdadeiras, mas ele não poderia confirmar nada. E se deixasse aquela caixa no mesmo local que encontrou, Syara nunca encontraria, pelo menos era o que pensava, já que isso poderia estar lá há muito tempo.

O mesmo organizou tudo dentro da caixa, pensou se colocaria de volta no fundo falso, mas isso poderia ser importante, então deixou apenas no fundo da gaveta, como se nada tivesse acontecido. No entanto, a foto daquele homem rondava seus pensamentos de uma forma que ele não sabia explicar, será que poderia ser alguém que conhecia?

…

Anika já estava com dezesseis semanas de gravidez, a cada dia ela ficava mais ansiosa e furiosa por não saber nada de Damian. Ela já tinha desconfiado que a família Lynn poderia estar o acobertando, assim como o secretário que nunca tem nada interessante e novo para lhe contar sempre que o vê.

Koen também não entrou mais em contato com ela, nem mesmo a procurou ou o encontrou em algum lugar. Por algum motivo ela também se sentia ansiosa por ele, como se sentisse falta daquilo que ela proporcionava a ela. Afinal, não era apenas o sexo que a fez se prender a ele, mas as carícias e a atenção que ele dava.

— Espero que esteja pensando em como encontrar seu noivo desaparecido — comentou Magna, adentrando no quarto da filha para saber como ela estava, afinal, a gravidez a estava deixando sonolenta e enjoada a cada dia.

— É claro que sim, a família Lynn não está movendo um músculo para encontrá-lo — disse. — Conseguiu o que eu pedi?

— Muito mais do que pediu, eles conseguiram imagens da câmera de segurança do estacionamento no dia em que Damian desapareceu. — Sorridente e vitoriosa, ela pegou o pen-drive e inseriu no notebook, mostrando para a filha tamanha novidade. — Aliás, o número da placa também está visível.

— Isso é ótimo! Como a família Lynn não fez isso antes? Isso só prova que eles estão escondendo o que descobriram — Anika suspirou, ela não suportava mais essa angústia, pois precisava encontrar Damian para então se casarem, e mesmo que ele soubesse dos seus planos, ele não poderia fugir novamente, afinal, havia um bebê envolvido agora.

— Isso não é tudo. Com um pouco de dinheiro e suborno, também conseguiram mais imagens das câmeras de segurança por onde Damian passou. Sabe o que isso significa? — perguntou Magna, eufórica.

— Ele não está muito longe, mas não sabemos até onde ele pode ter ido — murmurou enquanto observava cada lugar por onde ele passou antes de desaparecer de vista, pois tudo indicava que ele estava em uma outra cidade, mas o trajeto por onde ele pode ter percorrido não haveria câmeras. — Mamãe, eles não descobriram mais nada?

— Até então, não. Mas é só questão de tempo até descobrirmos. O que a família Lynn está escondendo há dois meses nós podemos descobrir em dias. — Magna tirou o pen-drive, convincente de que o plano um dia daria certo.

— Tudo bem, eu confio na senhora — disse, pegando sua bolsa e fazendo com que sua mãe a observasse com curiosidade. — O que? Eu vou apenas dar uma volta, eu volto logo.

Era a primeira vez que Anika saía de casa sem a companhia de sua mãe desde que Damian desapareceu. Depois daquela novidade, ela deixaria a família Lynn um pouco livre, já que não conseguiu descobrir nada quando os homens que contratou passaram dias e semanas os observando. Ela não negava que eles eram espertos, mas não o suficiente para não terem pensado em se livrar das imagens das câmeras de segurança que ela conseguiu tão facilmente.

Anika pediu para seu motorista levá-la para a empresa da família Lynn, e assim ele o fez. Após alguns minutos, ela desceu do carro e se direcionou ao elevador, mas por um breve momento, conseguiu ver sua cunhada e Koen andando apressadamente para algum local da empresa, então não deixou de segui-los para saber o que eles estavam aprontando.

Percebendo que ambos estavam direcionando os passos para um local que não poderiam ser observados, Anika teve certeza de que eles sabiam alguma coisa, mas por estarem sendo observados a todo momento, eles pareciam buscar um local onde ninguém os ouvisse.

— Koen, por que tem me evitado? Aliás, porque está evitando todo mundo? O que aconteceu com você? Não recebe minhas mensagens, nem ligações. Sequer abre a porta do quarto quando preciso falar com você — perguntou Amely, aparentemente preocupada.

Koen estava com uma aparência abatida, seu semblante não era mais amigável. Anika os observa de longe, mas estava se precavendo caso alguém aparecesse, então tentava o máximo ouvir o que eles estavam conversando.

— Eu não estou evitando ninguém, quero apenas o meu espaço — respondeu ríspido. — Aliás, eu preciso ir ao escritório dos meus pais, preciso falar com eles sobre Anika e eu. Eu não suporto mais ficar preso a isso, quando deveria estar ajudando o meu irmão.

— Escuta, nossos pais já sabem que Anika está aprontando alguma coisa. E papai está doente, ele não vai suportar saber que você estava ao lado dela. E o pior, não podemos contar nada pois estamos sendo vigiados a todo momento — disse, Amely estava tão nervosa que temia que alguém pudesse escutá-los, mas ela se certificou de que ninguém os encontraria aqui, então acreditava que estavam seguros.

— O quê? Meu deus, o que ela está fazendo? Eu preciso contar a eles, talvez somente assim possamos encontrar Damian e trazê-lo de volta.

— Não podemos, pelo menos por enquanto. Ainda não temos certeza do que Anika está aprontando, por isso preciso de sua ajuda. — respondeu, nervosa.

— Minha ajuda? Amely, eu não posso mais me envolver com ela, você sabe disso. — Koen estava confuso com tudo isso, sua irmã também não estava facilitando para ele.

— Escuta, quanto mais deixarmos o tempo passar, mais perderemos tempo. E se Anika encontrar Damian antes que consigamos provas contra ela? — perguntou Amely, aparentemente tudo estava uma loucura, e ela não sabia se deveria contar mais detalhes, talvez não fosse o certo por agora. — Vai me ajudar ou não?

— Eu não posso, Amely. Eu sinto muito, mesmo. Não quero me envolver com Anika novamente, não estou pronto para isso. — respondeu por fim.

Sem saber o que fazer, Amely o deixou ir embora. Mas o seguiu até ter certeza de que ele não iria ao escritório de seus pais. E como pensou, ele se preocupou ainda mais com o estado de saúde do seu pai, então ele decidiu não contar nada por enquanto. Anika suspirou, derrotada. Ela esperava que eles dissessem algo a respeito de Damian, como seu paradeiro. Mas Amely foi esperta neste ponto.

Anika decidiu retornar para casa, agora que todos estavam desconfiando de suas intenções, tudo que poderia fazer era encobrir seus planos para que ninguém descobrisse. Sua gravidez poderia ser sua única saída, mas principalmente, precisava acelerar mais as coisas para descobrir o paradeiro de Damian.

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