Quando Anika chegou em casa, jogou sua bolsa no chão, estava devidamente aborrecida com o que aconteceu entre Koen e ela. A mesma acreditava que ele sempre estaria ao seu lado até conseguir roubar tudo de Damian e viver ao lado dele como segunda opção em um lugar bem longe de tudo e de todos.
Os anos que passou tendo um caso com ele a fez sentir que teria uma proteção, mas ao mesmo tempo estava apegada a ele de uma forma que não sabia explicar. Em todo caso, ela estava imensamente chateada com ele por todas as coisas que disse contra ela.
Anika estava remoendo diversos pensamentos enquanto observava a noite através da janela, sequer apercebeu-se que sua mãe estava batendo na porta para anunciar sua chegada. E quando aproximou-se da filha, a mulher tocou seu ombro ao perceber que ela estava distante.
— O que aconteceu, minha querida? — perguntou, e tão logo a filha olhou para ela com os olhos marejados, mas se recompôs antes que isso se tornasse algo maior.
— Koen. Ele está desconfiado — falou baixo, suspirando logo em seguida, por mais que estivessem no quarto a sós, não seria impossível alguém escutar o que estavam conversando.
— O quê? Como assim, desconfiado? Ele descobriu o que estava planejando fazer com Damian? — Magna perguntou em meio a uma preocupação inquietante.
— Não, não é esse o caso. Ele acha que estou enganando ele como fiz com Damian, tudo por dinheiro e poder. E o pior é que ele acha que tenho algum sentimento por Damian, por não querer assumir o que temos para a família dele — explicou, mas tudo estava confuso agora e ela queria apenas descansar e pensar no que fazer.
— Eu disse que isso iria acontecer, eu disse para não se envolver com aquele homem, Anika! Já não basta nosso plano de nos livrarmos de Damian? — Magna ficou alterada, quase falou tudo isso em voz alta, fazendo com que Anika revirasse os olhos.
— A senhora não é diferente! É casada com o papai e ainda tem um caso com o meu tio! Me diga, qual é a diferença? — Anika se revoltou, definitivamente não suportava as reclamações de sua mãe para com sua vida pessoal quando ela simplesmente fazia o mesmo.
Magna ficou em silêncio após ouvir isso, de fato ambas não eram diferentes e o que estavam fazendo era errado, mas não conseguiam evitar. A mulher gostava do seu marido mais do que poderia imaginar, mas não suportava o fato de que ele não sentia nada por ela, a tinha em suas mãos apenas pelo status. E como se não bastasse, Magna se encolhia com o seu cunhado pois necessitava de alguém para satisfazer os seus desejos, e ele era perdidamente apaixonado por ela, como não se aproveitar disso?
— Tudo bem, me desculpe. Estou apenas preocupada com o que vai acontecer agora, é só questão de tempo até a família Lynn descobrir sobre vocês. — Magna sentou-se na cama, pensando no que fazer a respeito.
— De qualquer forma, Koen não sabe dos meus planos para com o irmão dele. No mínimo, é provável que ele confesse que temos um caso, mas precisamos usar isso a nosso favor, de alguma forma. — Anika sentiu-se ao lado de sua mãe, esse seria o momento crucial para um novo plano.
— E o que pretende fazer? Estamos em um beco sem saída. — Magna ficou ainda mais preocupada, se o seu marido souber da infidelidade de sua filha para com Damian, isso significaria uma grande perda, pois a família Lynn não aceitaria tamanha barbaridade.
— Não exatamente, há dois meses viajei com Damian para comemorar o aniversário dele no México. É claro que aconteceu, como sempre. — Anika sorriu, convencida de que essa seria a solução perfeita. — E… desde aquele dia, minha menstruação está atrasada.
...…...
Pela manhã, Syara acordou sentindo algo estranho e incômodo. Seu braço estava dormente e ela não conseguia mexer. Após abrir os olhos, encontrou Damian deitado no mesmo colchão que ela, com a cabeça apoiada em seu braço, mas mantinha uma distância considerável.
Ela tentou se mover, mas acabou por acordar Damian por causa de seus movimentos. Ele demorou um pouco para abrir os olhos e entender o que estava acontecendo ao seu redor, mas após perceber que tinha dormido ao lado dela, levantou-se às pressas, voltando para o sofá onde deveria ter ficado a noite toda.
Syara por sua vez não disse nada, apenas levantou-se e começou a organizar o local, dobrando seu lençol e logo em seguida, guardou o colchão juntamente com o travesseiro em seu quarto. Ela aproveitou para tomar um banho e vestir uma roupa confortável. Então apercebeu-se que Damian também precisava de algo para vestir.
Após vasculhar o seu guarda-roupas cuidadosamente, ela encontrou um conjunto de roupas que estava guardado em uma caixa, e parecia ser de alguém que ela conhecia muito bem. Em todo caso, ela deveria ter jogado fora ou simplesmente ter devolvido, mas seria um desperdício agora que Damian estava precisando.
Ela cheirou as roupas e constatou que não tinham um cheiro ruim, apenas algo que não era usado há muito tempo. De qualquer forma, seria usada apenas uma única vez, então não teria problema nenhum. Após deixar o quarto, ela encontrou Damian preparando o café da manhã, não deixando de se surpreender com isso.
— Damian, se você quiser tomar banho, eu deixei uma roupa para você no banheiro, e tem toalhas e escova também — disse enquanto o observava preparar aquilo tudo, ele era muito bom no que fazia, e parecia que estava tudo gostoso apenas por olhar.
— Está bem, obrigado. — Ele sorriu, então terminou o que estava fazendo e foi em direção ao banheiro, percebendo que seria um pouco complicado tomar um banho naquele estado.
Depois de algum tempo, ele saiu do banheiro sentindo-se renovado, tomou cuidado para não molhar o gesso e se certificou de tomar um bom banho. Syara parecia já ter terminado o café da manhã, então ele não deixou de devorar o seu, pois estava com muita fome.
Ambos saíram juntos, encontrando a dona Jú pretas a sair também. Ela lhes ofereceu uma carona, fazendo Syara aceitar de imediato. A viagem seguiu tranquila até a cidade, não era tão longe, mas rendeu boas conversas dentro do carro. Eles se despediram quando chegaram em seu destino e dona Jú seguiu para o seu.
Syara levou Damian até algumas lojas que conhecia e que tinham um preço ótimo, considerando sua situação atual. Ele experimentou algumas camisas pretas que caíram muito bem, já que ele tinha um corpo esbelto. Syara o ajudou a escolher algumas calças e bermudas, assim como calças moletons que seriam mais confortáveis.
Ao terminarem as compras, eles pararam para comer alguma coisa em alguma lanchonete nas proximidades. Damian estava imensamente feliz com as compras, mas se sentia envergonhado pelo que Syara estava fazendo e gastando com ele.
— O que foi? Não gostou do nosso passeio? — perguntou ela percebendo a mudança de humor do homem à sua frente que comia sua torrada de forma lenta, como se estivesse apenas beliscando.
— O quê? É claro que sim, só estou um pouco incomodado por tamanha gentileza. Você nem me conhece e já comprou tanto para mim — respondeu, fazendo-a ter sua total atenção.
— Eu prometi que cuidaria de você até que se recupere, não é como se fosse de graça. — Syara sorriu, pensando a respeito. — Você pode me pagar fazendo o meu café da manhã, o almoço e o jantar. Você é bom nisso.
— Não acho que seja o suficiente, Syara — ele disse, e por um momento ele ficou sério. — Eu acho que eu deveria procurar minha família, não quero incomodar você por muito tempo.
— E como pretende fazer isso se não lembra quem eles são? Para ser sincera, eu não me importo em dividir o mesmo teto que você, isso nunca foi um incômodo. — disse, ela fez uma pausa para bebericar seu suco, então retornou a falar. — Eu apenas não sabia como fazer isso, era algo novo e estranho. Eu não o conhecia, não sabia de onde veio ou se tinha cometido algum crime. A questão é, eu já passei por isso e…
Syara fez uma pausa, lembrando-se vagamente do que aconteceu em sua vida para chegar ao ponto de dizer algo assim.
— Está tudo bem? — perguntou Damian, percebendo que o assunto a deixou um pouco emotiva.
— Sim, está. Enfim, eu fui acolhida por uma senhora quando eu era criança, ela não me conhecia ou qualquer coisa parecida. Mas ela me acolheu e cuidou de mim como se fosse sua filha, não se importou se eu era uma estranha desconhecida. E eu sou grata a ela por toda a minha vida — respondeu. — Eu não vou obrigá-lo a ficar, mas também não vou dizer para ir embora. Só você sabe o que está passando, eu estou aqui apenas para ajudar no que precisar.
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Atualizado até capítulo 34
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