Tempo

...Depois de algum tempo…...

Damian guardou para si mesmo o que tinha escutado há algum tempo pelo telefone, ele nunca contou para Syara o que seu amigo mencionou. Em todo caso, nada aconteceu até agora, e já recuperado, ele pensava que este seria o momento para pensar em seguir sua vida.

O mesmo conseguiu lembrar coisas a mais, como vários momentos com alguém que supôs que era sua irmã, a quem tinha um grande carinho. Ele também teve lembranças de uma mulher mais velha, que era a sua mãe. Isso o deixou com o coração apertado, pois começou a sentir falta deles, principalmente do seu pai.

Apesar de tudo, ele apenas disse a Syara que estava começando a lembrar de algumas situações, mas nunca chegou a explicar o que eram. Ele não queria esconder isso dela, mas achava que seria o certo a se fazer. Ambos também ficaram mais próximos, se tornaram bons amigos e estavam cada vez mais gostando da presença um do outro.

Daniel apareceu algumas vezes com a desculpa de que precisava saber como Damian estava se saindo na recuperação, mas ele sabia que o médico queria apenas passar um tempo com Syara, fazendo com que Damian percebesse que ele demoraria muito tempo para perceber que ela não o queria.

Ela até chegou a comentar com Damian como se sentia quando Daniel estava próximo a ela, o quanto a amizade importava para a mesma. No entanto, a insistência do médico estava deixando-a sufocada, como se sentiu quando descobriu que ele tinha sido infiel. Mas com a ajuda de Damian, o médico percebeu que eles estavam mais próximos, então não estava insistindo tanto.

Ambos estavam agora no hospital, Damian conseguiu se recuperar bem e estava pronto para tirar o gesso de sua perna. O processo demorou um pouco, mas estranho também. De acordo com as recomendações, ele iria precisar fazer fisioterapia para acelerar a recuperação e fazer com que seus movimentos voltassem ao normal.

Damian queria usar as muletas para que assim pudesse se recuperar mais rápido, mas Syara insistiu para que ele usasse a cadeira de rodas pelo menos algumas poucas vezes antes de se esforçar demais. Ele aceitou com muita insistência, afinal, não sabia mais como dizer não a ela.

— O que acha de jantarmos fora para comemorarmos? — perguntou ela com um sorriso cativante, era o que mais atraía Damian. A forma como ela ficava feliz com coisas pequenas era fascinante.

— Eu não acho que… eu não sei. Eu não tenho como pagar o jantar, você sabe que eu não deixaria que… — Neste momento, Syara o impediu de continuar, ela não gostava quando ele fazia isso quando ela gostava de agradar quem quer que fosse, e isso estava acontecendo com muita frequência recentemente.

— Nada disso, nós vamos sair juntos. Vamos comemorar e beber um pouco também! — ela parecia decidida, fazendo-o aceitar isso mesmo contra vontade. — Afinal, não somos amigos? Amigos pagam coisas para os amigos, não é?

— Como quiser, eu não vou tentar fazer você mudar de idéia. — Ambos saíram do hospital e entraram no carro de Juliet, que já estava esperando por eles no estacionamento. — Como pude ser amigo de alguém com tamanha teimosia? — sussurrou.

— O que disse? — ela questionou, inconformada com o que acabou de ouvir. — Aliás, nem me responda. Apenas espere para ver como irei me vingar por tamanha ousadia, ninguém diz que sou teimosa.

— Mexeu com a pessoa errada, jovem. — A senhora Jú riu, se divertindo com essa amizade que aconteceu tão rápido. Mas ela estava ansiosa para descobrir até onde essa amizade chegaria, afinal, ambos olhavam um para o outro de uma maneira diferente quando um deles estava distraído, era como se Juliet estivesse assistindo a um romance onde o casal principal acham que serão eternos amigos. — Fico feliz pela sua recuperação, Damian.

— Obrigado, mas devo meus agradecimentos a senhora também, que me acolheu como se eu fosse parte da família — ele respondeu, estava feliz por essa nova fase. — E muito obrigado, Syara. Eu não saberia o que fazer se não fosse por você.

— E eu peço desculpas, não estou acostumada a causar acidentes. Mas fico feliz por ter surgido em minha vida quando precisei de companhia. — A mesma ficou emocionada, ela não esperava ouvir um agradecimento de Damian, por mais que a culpa fosse dela por ele ter se machucado e agora precisasse de fisioterapia.

— Que casal mais adorável! — A senhora Juliet sorriu, feliz por ambos. — Também estou agradecida por ter surgido em minha vida, é como se agora eu tivesse um filho que eu nunca tive.

Todos conversaram por todo trajeto até em casa, estavam bastante animados com as coisas boas que estavam acontecendo. No entanto, Damian se sentiu um pouco triste com isso, afinal, em breve teria que retornar para sua verdadeira casa para agir como quem realmente era. E pensar que escondia isso delas partia o seu coração, mas era certo a se fazer, pensava.

Enquanto isso, Niamh trabalhou arduamente para conseguir provas contra a família Zraa, mas eles eram mais espertos do que imaginava. E com o tempo que passou, Anika e sua mãe pareciam estar mais desconfiadas com tudo que envolvia a família Lynn, principalmente Niamh.

De forma quase discreta, ela contratou diversos seguranças para fazer ronda nos arredores da residência onde Damian morava, na empresa e principalmente onde seus sogros moram atualmente. E agora inventou de vigiar o apartamento de Niamh para saber em quais locais ele estava frequentando, pois era um grande amigo de Damian, então tudo precisava ser controlado.

Niamh percebeu toda essa movimentação quando ouviu uma conversa entre os seguranças que estavam monitorando o apartamento onde ele mora. Então foi fácil descobrir onde todos os outros estavam, e claro, ele não deixou de contar sobre isso para a família Lynn, que ficaram horrorizados com tamanha atitude de Anika.

Eles pensaram que, por causa da gravidez, Anika estava cada vez mais ansiosa para encontrar Damian. Mas a situação era preocupante, até mesmo Amely notou toda essa situação quando estava indo para a faculdade. Ela nunca chegou a ver pessoas estranhas em locais onde ela frequentava, mas com o tempo, notou que estava sendo observada.

Niamh agora precisava ter mais cuidado com o que estava fazendo, a única coisa que poderia fazer eram ligações com celulares descartáveis, assim ninguém perceberia o que ele estava fazendo. Dessa forma, seus passos estavam todos sendo calculados e observados, mal podia iniciar o plano de investigar a família Zraa.

E por serem muito influentes, Niamh desistiu de contratar um profissional para fazer o seu trabalho às escondidas, pois isso significaria um grande problema se chegasse a ser traído por algum deles.

— O que vamos fazer agora? — Amely perguntou, o único local onde poderia conversar mais a vontade era no escritório de Niamh, mesmo que fosse um local quase aberto para quem estivesse passando. Em todo caso, não poderiam ser escutados.

— Podemos colocar seu plano em prática agora. Ao que parece, Koen se manteve afastado de Anika durante todo este tempo, então poderíamos fazê-lo trabalhar a nosso favor, mas sugiro que ele não saiba dos nossos planos, pelo menos grande parte deles.

— Entendi, eu tenho que conversar com ele sobre isso. Koen passou muito tempo se escondendo de todos nós, mesmo que não tenha confessado para os nossos pais o que fez contra meu irmão. — Ela suspirou, pensando um pouco mais a respeito. — Acredito que agora ele consiga fazer alguma coisa, já que tem se mantido ocupado com outras coisas, quando dedicava sua vida a Anika.

— Irei confiar esse trabalho a você, mas não tenha muita pressa. Ele pode se sentir pressionado com tudo isso, já que você mencionou uma vez que ele estava magoado com ela.

— Deixe comigo, não vou desapontar você. — ela respondeu, otimista. Agora ela se sentia mais à vontade com Niamh, passaram tanto tempo pensando em como pegar Anika despercebida que não notaram o quão próximos estavam agora.

— Você nunca me desaponta, acredite. — Ele sorriu, fazendo-a se sentir um pouco envergonhada com suas palavras. Para ele, estava sendo mais fácil conversar com ela agora que não precisava de muitas formalidades, já que ela insistiu para que ele parasse de tratá-la assim. — Se precisar de alguma coisa, não hesite em me ligar.

— Farei isso até quando eu não precisar — sussurrou ela quando estava na porta, prestes a sair, acreditando que ele não chegou a ouvir, mas foi exatamente o contrário.

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