Capítulo 3 - parte 4

Com licença. – escutei uma voz masculina vinda atrás de mim.

Olho de rasteiro e vejo o homem que estava na frente daquela apresentação, o ser que não possui anjo ou demónio ao seu lado. O meu corpo treme.

- Responda-o. – fala o meu amigo de um jeito calmo.

Olhei diretamente para ele, os meus olhos lacrimejam e por mais que tento-me segurar meu corpo ainda treme. Por que estou com tanto medo?

- Posso sentar-me ao seu lado? – ele perguntou educadamente.

Confirmei com a cabeça, depois mantenho o meu corpo reto, olhando para a parede de bebidas tentando ignorar o humano ao meu lado.

- Você não é muito novo para beber? - o humano indagou.

Novo? Tenho quase cerca de um milênio no mundo espiritual, renascendo no máximo duas vezes. Esse humano, como ele ousa dizer tal coisa!

- Novo?

- Parece que você não tem mais do que 18 anos. Pelo seu jeito, aparência... acho que você tem uns 16.

Levantei-me batendo fortemente a mão no balcão. Quando eu ia respondê-lo, senti as mãos do anjo, puxando-me para baixo, fazendo-me sentar.

- Não se esqueça de que dessa vez você não renasceu. Sua aparência é a mesma da sua morte.

Ele está certo, eu morri com cerca de 20 anos, na Alemanha, por pneumonia, foi isso que os superiores falaram.

- Droga... – sussurrei.

- Seja educado, quem sabe ele não te ajude nesse mundo. - meu amigo falou.

- Qual sua idade garoto?

- 21... – falei olhando para o outro lado.

- Não aparenta ter tal idade.

Não entendo o porquê, mas perto daquele humano senti-me como uma gazela amedrontada por um leão. Ele esbanja uma energia na sua volta, que me amedronta.

- Controle-se, não se esqueça que você ainda é um anjo. - meu amigo disse.

Acho que ele notou o jeito que estou.

- Ver...da...de.

- Já que você não é de menor irei te oferecer uma bebida.

- Bebida?

- Sim, vodka, uísque... O que quiser. Pode pedir, que eu pago.

- Não me lembro dessas bebidas em minha época… - retruquei.

- Pede a mesma coisa que Halck pede, vodka.

-Vodka. – falei tentando ser mais confiante.

- Tudo bem. – ele fala dando um leve sorriso.

- Você está bem? – o meu amigo perguntou.

- Por que não estaria? – sussurrei enquanto o homem que ofereceu a bebida chama o barman e está distraído.

- Você está paralisado. Não parece o Arcanjo que conheci.

- Não es... – antes de completar a frase o barmen aproxima-se com dois copos pequenos com um liquido transparente e coloca na nossa frente.

- Saúde? – ele levanta o copo e fica parado me encarando.

- Ele quer brindar com você.

Peguei o copo tremendo, fazendo o liquido quase entornar. Bati de leve os copos e ele virou a bebida com um gole.

- Um pouco forte não acha? – ele me encarou e esperando para que eu virasse.

Abri a boca, fechei os olhos e a despejei. Logo senti minha garganta queimar fazendo- me tossir.

- Você está bem?

- Isso queima!

Ele rir.

- Pensei que já havia bebido.

- Droga... – retruquei baixo.

- O que disse?

- Nada.

Tem algo de errado comigo... Não me sinto bem...

- Então... qual seu nome?

- Eu não tenho nome?

- Como assim não tem nome?

- Amigo, pense em algo no mundo humano tem que ter nome para identificar. – fala o anjo.

- Desculpe eu tenho nome.

- E qual seria?

Comecei a olhar de um lado para o outro, e ver etiquetas de bebidas entre outras ações que acontece no local.

- Cas...volkna....

- O quê?

- Que diabos de nome é esse? - meu amigo indagou.

- Tudo bem não querer falar o seu nome. - ele me fita de baixo para cima - Você está vestido como um anjo e fica bem nesta roupa. Vou-te chamar de Angel.

- Angel... - sinto meus olhos brilharem ao escutar tal nome, mesmo sendo simples, ganhei um nome só meu.

- O meu é Adrian. - ele fala esboçando um sorriso.

- Adrian é um nome bonito?... – afastei um pouco dele e sussurrei para meu amigo.

-Sei lá, diz que é. - ele respondeu.

- É lindo, o seu nome.

- Então Angel, como conseguiu o papel de anjo?

- Bem eu estava procurando um lugar para....

- Dormir. – me interrompeu o anjo.

-Sim.

- Sim o que? – ele perguntou.

- Desculpa... dormir...

Esqueço que ele não pode ouvir meu amigo.

Cada segundo que passa sinto meu corpo mais fraco, o que está acontecendo? Meu corpo humano,... o ultimo que reencarnei ele é muito fraco. Mesmo tendo meus poderes de anjo, sinto-me vulnerável.

- Se está procurando um lugar para dormir, por que não dorme em minha casa?

- Na sua casa?...

Comecei a sentir a minha cabeça latejar... O que está acontecendo comigo?

Coloco a mão no local da dor.

- Você está bem? - ele pergunta tentando me amparar.

- Estou... Bem... –respondi tentando manter firme. - Me ajuda... – sussurrei para o anjo.

O meu corpo cai em cima da mesa do bar, não consigo senti-lo.

- O que houve? Se meche! – diz o anjo.

- Não tem como... – retruquei com muita dificuldade – Meu corpo humano da ultima vez que morri é muito fraco...

- Você tem sorte que meu humano está hospedado aqui por perto. Irei te ajudar, apenas dessa vez.

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