• POV: Micael •
Já era tarde da noite, todo mundo devia tá dormindo. Fechei meus olhos para fazer o mesmo quando ouço barulho na parte de trás da casa, no jardim.
Pego minha arma em cima da mesinha ao lado da minha cama e vou descendo.
Presto atenção a cada passo e olho pelos quantos onde vou passando.
Esses imbecís não tão fazendo o trabalho deles não porra? São pagos para vigiar a casa!
Abro a porta de correr que da para o jardim e sinto o frio quase que me congelar. Estava só de shorts.
Vejo uma sombra sentada em uma das cadeiras mais afastadas, tá é repreendido, sai pra' lá coisa ruim.
Ia me aproximando com a arma já preparada para atirar se for preciso.
Piso em falso e meu tornozelo estrala. Porra!
O vulto se mexe e a nuvem que impedia a luz da Lua passar, aquela luz me deu a visão de Nathalia sentada de costas para mim, com as pernas na cadeira enquanto segurava alguma coisa quente dentro da xícara em suas mãos.
ㅡ Não dorme não? ㅡ ela não se virou para mim.
Apenas levantou a xícara como quem dizia que ainda estava bebendo o que quer que seja aquilo.
ㅡ Por que tá aqui sozinha? ㅡ vi seus ombros se mexerem para cima e para baixo.
Oxe, por que essa tagarela não ta falando?
O que me dava mais medo em uma mulher que falava demais era o simples foto dela ficar calada, ou algo grave aconteceu ou ela ia fazer acontecer.
Fui para o lado da cadeira onde ela estava e a vi se mexer, olhei para ela e tive a impressão de vê-la passando a mãos em um dos olhos. Prestei melhor atenção e vi seus olhos vermelhos.
ㅡ Tava chorando? ㅡ perguntei e ela continuou calada. ㅡ Qual foi?
Me sentei em uma das cadeiras ao seu lado e fiquei olhando para ela.
Nathalia ficava respirando fundo e suspirando. Estava olhando para o nada. Desistir de tentar falar alguma coisa.
Apenas fiquei lá jogado na cadeira de qualquer forma, depois vou ta com uma puta dor na coluna mais estava confortável aquela posição.
Ela passou a língua pelos lábios e minha mente já foi pensando besteira. Nathalia tomou um gole da bebida e suspirou outra vez.
ㅡ Eu tava me lembrando de umas coisas. ㅡ ela virou a cabeça para mim e sorriu sem mostrar os dentes.
Nathalia era uma pessoa forte desde pequena, eu escutava os pais brigando com ela e com Renata quando Felipe não estava em casa e ela sempre ficava na frente da irmã, como se fosse um escudo.
Mas quando era final da tarde ela ia para o parquinho e chorava lá, sozinha. O que parecia não ter mudado.
Ela recebia o rojão todo no peito como se fosse indestrutível e depois quando tava sozinha se deixava demonstrar o quanto humana e frágil era.
ㅡ Olha. ㅡ comecei, mas eu era péssimo com isso.
ㅡ Nada, não precisa falar nada. ㅡ ela limpou os olhos mais uma vez, não queria que eu a visse chorar. ㅡ Isso mesmo, vá para o seu quarto e se esqueça que me viu assim. ㅡ vi ela engolir em seco.
ㅡ Daqui a dois dias vai ter um baile em um morro aliado. ㅡ por que eu tô falando isso?
Nathalia deu uma risada e olhou para mim.
ㅡ Olha, você está convidando a pessoas errada. Eu não gosto de festas. ㅡ ela me olhava de uma forma que eu não sabia descrever.
Voltei a mim e me controlei.
ㅡ Eu só tava pensando que se você fosse nem precisaríamos matar ninguém na bala, você faria isso, só que de tédio. ㅡ eu sorrir de lado tentando provoca-lá.
ㅡ Ah, entendi. ㅡ ela sorriu e concordou com a cabeça. ㅡ Você até que não é tão insuportável quanto parece. ㅡ ela tomou mais da bebida.
ㅡ Qual é fala a verdade. ㅡ disse.
ㅡ Qual?
ㅡ Que eu sou o homem mais lindo, legal é gostoso que você já conheceu. ㅡ brinquei com um fundo de verdade.
Nathalia gargalhou de uma forma nova, parecia verdadeiro. Até que escutei como se ela tivesse engolido um porco.
Arregalei meus olhos enquanto a bi colocar a mão na boca tentando conter a risada.
Comecei a rir junto dela porque todas as suas tentativas de parar de rir falharam.
O que está acontecendo aqui?
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Atualizado até capítulo 33
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