Só um acidente

Adivinha quem era gente? pois é, vocês já vão ver.

Valência:

— Paul, desculpa interromper.

Rebeca:

— não interrompeu, eu já estava de saída.

Paul:

— Rebeca, te vejo na hora que for embora.

Eu não respondi ele, não ia adiantar ter essa discussão novamente, talvez eu estivesse encantada no começo, mas acho que o encanto acabou, vejo que ele é só um babaca egocêntrico mesmo, incapaz de sentir alguma coisa e de pensar com a cabeça que está grudada no pescoço, mesmo assim, acho que meu coração estava começando a bater mais forte quando eu estava perto dele, como se eu estivesse sentindo alguma coisa, e adivinha o que eu fiz, eu ignorei o sentimento né, fingi que ele não estava acontecendo, era mais fácil, eu não podia me envolver com ele, eu não era ninguém naquela época, ainda mais em Los Angeles, onde os ricos comandam tudo, depois de sair da sala eu voltei para minha mesa, resolvi trabalhar dessa vez, ficar na única coisa que eu sabia fazer, escrever as coisas que eu estava sentindo e depois fingir que não escrevi nada e bola pra frente, mesmo com o imprevisto pela manhã, a gente tinha muito trabalho, agora que o elenco do filme estava completo, chegou a semana de decoração de texto, arrumar as pendências que faltava para nós mudar do escritório para o estúdio, as meninas nem quiseram perguntar o que aconteceu na sala do Paul, só pela minha cara elas já viram que não era o momento pra eu falar do assunto, então também me evitaram até a hora da saída, passamos a tarde cuidando de tudo, quando deu a hora de ir embora, ela vieram até mim.

Cíntia:

— tudo bem amiga?

Ane:

— é, você passou a tarde aí depois que saiu da sala dele, algum problema?

Rebeca:

— não, está tudo bem sim, só acho que eu e o Paul somos muito diferentes, não vale a pena investir nisso, então tô olhando para outros horizontes. — Eu olhei então para o Daniel que estava vindo na minha direção.

Cíntia:

— você é rápida!

Ane:

— Se não quiser ele, pode mandar pra mim?

Cíntia;

— ou pra mim.

Rebeca:

— é só um café, amanhã eu conto tudo a vocês, talvez a gente devesse marcar nossa comemoração para amanhã, aproveitar a nossa folga de fim de semana.

Cíntia:

— vou criar um grupo e nós falamos por lá e marcamos tá.

Ane:

— isso!

Daniel:

— está pronta?

Paul:

— desculpe Daniel, mas ela vem comigo, temos umas coisas sobre trabalho para acertar.

pensamento da Rebeca

" inacreditável ele não é?"

Rebeca:

— desculpe senhor Paul, se o assunto é sobre trabalho, podemos falar sobre isso na segunda, quando eu estiver no meu horário de trabalho, agora eu vou sair com um amigo, qualquer dúvida a senhora Valência vai está aqui até mais tarde, então o senhor pode se direcionar a ela, boa noite, vamos Daniel?

Daniel:

— claro, até segunda Paul.

O que vocês acham que aconteceu depois disso? Paul não gostou da forma profissional que falei com ele, nem do quão fria eu fui, mas talvez fosse necessário uma pausa naquele momento, talvez o fogo que eu estava tenha começado a passar do meio das pernas para o coração e eu não gostei disso, a forma que todos me olharam pela forma que eu falei com ele, foi como se eu tivesse cometido um crime ao recusar ele daquele jeito da frente de todos, mas eu não vi assim, eu vi como uma forma de proteger meu coração, tava na hora de parar de pensar com o meio das pernas também e usar o cérebro que me foi abençoado com inteligência, e uma coisa que sempre me disseram foi, se seu coração te leva a um lugar que ninguém quer está, provavelmente você também não devia está lá.

Ponto de vista do Paul.

Valência bateu em minha porta justo quando eu estava prestes a ter o que eu queria, mas tô começando a achar que não é só isso que eu quero.

Valência:

— Está gostando dessa menina?

Paul:

— não, mas de algum jeito ela mexe comigo.

Valência:

— Paul, você sabe que se apaixonar por ela colocaria um alvo nas costas dela.

Paul:

— Eu sei, mas eu achei que você estava querendo algo sério.

Valência:

— você sabe que eu tenho os meus dias, as vezes eu quero e às vezes não, e eu não gosto de você tão perto dela assim, me causa um pouco de inveja e até ódio pela forma que olha pra ela, acha que não notei?

Paul:

— Você me conhece tão bem, mas também não precisa fazer cena só para atingir ela, eu faço isso sozinho.

Valência;

— No dia do broche eu estava me divertindo, desculpa por isso.

Paul:

— sabe que não tem que inveja dela, você ganha de muitas por aí, já fui apaixonado por você, por acaso lembra disso?

Valência:

— Lembro, e o seu pai quase me matou, não sei nem porque eu ainda fico criando teorias na minha cabeça dizendo que você vai me assumir e que não vai chegar perto dela, se nem eu quero você.

pensamento do Paul

" as vezes eu esqueço que a Valência é minha amiga"

Paul;

— obrigada por não querer matar ela.

Valência:

— Eu quis no começo, queria até que você me assumisse.

Paul:

— sabe que isso não vai acontecer.

Valência:

— eu sei, nosso amor platônico ficou no passado, mas a transa ainda é boa, apesar que eu acho que não vai rolar mais.

Paul:

— não sei, vamos ver.

Valência:

— Desculpa parecer a vilã às vezes, mas gosto de parecer que estou no poder, mas o que está acontecendo? se quiser falar disso.

Paul:

— Ela é impulsiva, me tira do sério, me provoca e depois me castiga, me beija e depois não quer falar do assunto, me responde como se eu não fosse ninguém.

Valência:

— ego ferido?

Paul:

— talvez, agora antes de você entrar aqui, a gente tava meio que se pegando e mesmo assim ela quer sair com aquele ator.

Valência:

— eu bati na porta justamente porque vocês estavam demorando e a sua cena no meio do escritório foi bem comprometedora, era mais fácil parecer que estava castigando ela, outra coisa Paul, não pode fazer o Daniel ser um efeito colateral só porque ele chamou ela pra sair.

Paul:

— Só um acidente.

Valência:

— não, vamos começar a gravar o filme já, você não pode sair atirando só porque está com ciúmes.

Paul.

— não tô.

Valência começou a rir de mim, mas eu fiquei me perguntando se ele faria tanta falta assim.

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