Mais forte que eu!

— Rebeca!

Eu continuei andando, descendo as escadas.

— Rebeca!

— fala!

— calma, será que podemos conversar?

— temos alguma coisa pra conversar?

— temos sim, desculpa, não devia ter te beijado.

— não se desculpe por isso.

— o que? mas você não está brava por isso?

— não Paul, eu estou brava porque você é um idiota.

— ham, como?

eu continuei descendo e ele atrás de mim, chamando e pegou no meu braço.

— Rebeca!

— Meu Deus, o que você quer?

— você!

— pra que?

eu comecei a rir, que pergunta idiota eu estava fazendo.

— tá rindo do que?

— nada, é claro que eu sei pra que você me quer, mas não estou disposta a estragar seu romance com a Valência.

— não existe romance mulher! A gente fode as vezes, e é só isso.

— não precisa me dar explicação Paul, você não me deve nada.

— por acaso eu tô falando grego? ou você só está distorcendo tudo que eu digo.

— distorcendo? eu ? Claro que não.

— Rebeca, será que dá pra gente conversar numa boa?

— não!

— mulher surtada.

— não me chama de surtada, você fica me dando sinais que está interessado, que está afim e depois finge que eu não existo.

— não faço isso.

— faz sim! que droga, achei que você tinha mais culhão.

— como é?

— Sim, estamos a mais de um mês flertando, eu te dou sinais e você também, aí você aparece aqui dormindo com a minha chefe.

— tecnicamente eu sou o chefe dela.

— Paul, se quer alguma coisa, faça, mas não dê sinais confusos.

— eu fiz e você não gostou.

— Eu sei.

Paul e eu começamos a rir naquele momento, a gente parecia dois idiotas brigando sem saber o porquê.

— Não vou ser mais um troféu na sua prateleira de mulheres.

— por que não podemos só nos divertir?

— porque eu sou emocionada.

Paul ficou rindo de mim como se eu tivesse lhe contado uma piada muito engraçada.

— Não posso assumir ninguém.

— não quero ser assumida.

— vamos conversar? de verdade agora?

— Tá, senta aí.

Eu revirei os olhos mas Paul e eu sentamos na escada de incêndio e tivemos uma conversa.

— Desculpa por ter te beijado.

— não precisa pedir desculpa.

— o que você tem? passou a manhã toda emburrada.

— Talvez eu esteja interessada em um babaca.

— e eu numa surtada.

A gente se olhou e riu, era um sentimento recente que parecia muito com uma atração física, ele conseguia me tirar do sério por nada.

— Eu não tenho nada com a Valência, a gente só dormiu juntos.

— tudo bem, você não me deve satisfação.

— mas eu queria dormir com você.

eu sorri de leve.

— Paul, não podemos ter nada.

— tudo bem, não vou te forçar a fazer nada.

pensamento da Rebeca

"ele foi compreensivo?"

— obrigada.

— mas, por que não podemos ter?

— porque a Valência está interessada em você.

— e eu nesse corpo moreno.

— dá pra parar?

pensamento do Paul.

"Eu estava fazendo Rebeca rir, eu realmente estava tendo uma conversa com uma mulher e não comendo ela e indo embora, eu até gostei da sessão que senti, mas lembrei que não posso assumir ninguém, ou me apaixonar por alguém."

— tudo bem Rebeca, foi muito bom almoçar com você, melhor deixar você aí.

— Tá bom.

Quando ele levantou para descer a escada eu fui lá e agi por impulso.

— Paul?

— o que?

Eu o beijei, qual é? não resisti, ele é muito lindo e ficava tão bem de azul, não aguentei, dessa vez o beijo foi muito bom, ele colocou a mão entre meus cabelos me puxando para ele, eu fiquei até sem ar depois de um beijo de língua tão bom, nós estávamos lá com beijão tão gostoso e a Cíntia vai lá me chama, estraga prazeres.

— Rebeca? Já acabou a hora de almoço e a Valência está voltando.

— Tá bom, já tô descendo.

Paul ficou lá parado olhando pra mim enquanto me segurava pela nuca, enquanto ela falava de baixo.

— te espero lá dentro, não vou subir essas escadas não.

— ta.

Paul me olhando e rindo.

— melhor eu descer.

— Tá, eu vou esperar um pouco e desço depois.

— ok.

— Vamos falar sobre isso?

— não.

— por que?

— foi impulso, não vai acontecer de novo.

— aquelas coisas que eu disse, não eram verdadeiras, eu respeito as mulheres.

— tá tudo bem, você só estava sendo um idiota pra me irritar e conseguiu.

— hum.

— melhor eu ir.

_ ta.

Quando levantei para descer, Paul ficou na minha frente, ele me olhou de um jeito diferente, não entendi o olhar, ele então pegou na minha mão.

— nós vamos falar sobre isso?

antes que eu pudesse responder, ele me beijou novamente, e eu claro que retribui, eu sou muito idiota, depois desse dia, tanta coisa aconteceu, minha vida mudou completamente.

— tá, depois nos falamos.

Eu desci as escadas e Valência já estava lá me esperando com uma cara muito séria, pensei que eu havia feito algo errado.

Valência:

— onde estava?

Rebeca:

— no meu horário de almoço.

Valência:

— Paul? por que estava na escada de incêndio?

pensamento do Paul.

" é sério mulher?"

Paul:

— fui tirar uma dúvida com a Rebeca, aliás Valência, eu vi o roteiro que ela estava escrevendo, foi minha dúvida com ela, quer discutir esse assunto na minha sala?

Eu pude ver a cara que ela fez de satisfação ao achar que ele brigou comigo ou que realmente estávamos conversando sobre trabalho, mas meus olhos não saíram dele, não dava pra ignorar o que aconteceu nas escadas.

Valência:

— eu já vou indo lá, deixa eu só falar uma coisinha com a Rebeca.

Paul:

— não demore.

Valência virou para mim como se quisesse me fulminar da face da terra.

Valência:

— o que você escreveu?

Rebeca:

— tá aqui.

Ela saiu revirando os olhos com os papéis nas mãos, eu não sei o que ele iria dizer a ela, mas ficou óbvio que ela estava com ciúmes e por isso ele interveio.

Ane:

— tava fazendo o que com o Paul nas escadas?

Rebeca:

— é sério isso? interrogatório agora?

Cíntia:

— não amiga, mas o Paul não é o tipo de homem que você quer em sua vida.

Rebeca:

— ele só tinha uma pergunta referente ao roteiro que a Valência fez, e como ela não estava, ele foi me perguntar.

Cíntia:

— Eu acredito em você, porque ele estava te procurando quando sai pra almoçar, ele também saiu para comer.

Eu olhei para as duas com um pouco de medo, eu não podia dizer a verdade, ou elas iam me estraçalhar.

Rebeca:

— foi apenas isso.

Ane:

— não queremos que se magoe, até porque eles estão juntos.

Rebeca:

— estão né.

Me bateu um peso na consciência, e se eles realmente estivessem juntos e ele estivesse apenas sendo babaca mais uma vez comigo? Mas isso não importava mais, eu já estava olhando para ele de onde eu estava enquanto conversava com elas, e ele também estava me olhando de volta encostado na mesa enquanto Valência falava com ele, acho que a atração estava sendo mais forte que eu.

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