Juan- Apaixonado

Eu fico parado no estacionamento e com um misto de sensações, o gosto da sua boca, seu perfume em minhas mãos e um sentimento de querer repetir o beijo. A vejo saindo e tenho vontade de ir atrás, olho em volta e meu carro está do outro lado, a perco de vista, fecho meus olhos e me dou conta de que isso é uma verdadeira loucura e que nunca me apaixonei assim por mulher alguma. Isso não pode estar acontecendo comigo, estou louco por essa mulher e a quero em meus braços para sempre.

Fecho meus olhos e passo as mãos pelos cabelos, nunca fiquei assim por mulher alguma e agora esse desespero para ficar com alguém que parece estar brincando comigo e ao mesmo tempo, ela correspondeu ao meu beijo e tenho certeza que está com o mesmo sentimento que eu e já estou louco para vê-la novamente.

Volto para o bar e Israel me olha tentando decifrar meus pensamentos:

__ Vai com calma, cigano! Assim você espanta a moça.

__ O que você quer dizer com isso, Israel?

__ Está escrito nos seus olhos que você está enfeitiçado e que a cigana que te enfeitiçou é forte e indomável.

__ Não diga besteira, ela não é cigana e minha vida está toda enrolada, uma noiva que sumiu, uma sócia que não sai do meu pé e agora a secretária que me faz perder o sono e a cabeça. Não preciso de mais nada para complicar minha vida.

__ Comece descomplicando pelo início, ou perderá as três.

__ Preciso da sua ajuda, amanhã vou te passar a foto e os dados da cigana fujona, tenho que encontrá-la e saber como ela está.

Falo tomando mais uma bebida forte e não vendo onde Norma se enfiou.

__ Você vai honrar o compromisso?

__ Não sei e não está nos meus planos, acredito que ela também não me queira e agora estou confuso, o Sol da minha vida apareceu e parece que o destino nos quer juntos.

Mas não me sentirei bem sabendo que Zaira pode estar por aí padecendo necessidades. O acordo já foi desfeito, não tenho mais essa obrigação e não quero um relacionamento sem sentimentos, mas se ela precisar de ajuda eu quero ajudá-la, afinal fomos noivos por oito longos anos.

__ Vou ver em que posso te ajudar, se for bonita e virgem eu posso, talvez, desposá-la.

__ Está faltando mulheres no mercado, meu amigo? Você só se interessa pelas minhas, então fica com a Norma.

__ Uma gadgé! Obrigado, já tenho problemas o suficiente para querer mais um. E quando você vai contar a ela que é um cigano?

__ Não sei, somos apenas amigos e não vejo necessidade disso, existem muitos preconceitos no nosso meio, isso pode atrapalhar os negócios. Ninguém precisa dizer que é italiano para vender pizza, e muito menos americano para vender hambúrguer, porque tenho que dizer que sou cigano?

__ Então fica esperto com essa amizade com a gadgé, ela vai querer te laçar e ela não é uma pessoa confiável.

__ Por quê você diz isso?

Eu o pergunto e ele gesticula com a cabeça e me mostra Norma de costas colocando alguma coisa na bebida. Ela se vira e vem em minha direção com a bebida e me entrega. Eu não bebo e coloco em cima do balcão, ela me beija em quanto Israel troca os copos. Ela vira o copo de bebida de uma vez e eu a acompanho.

Não demora muito a gadgé está surtada e dando o maior show, chamo Pedro e peço que a leve embora. Ele se assusta com o estado da sua irmã, mas com ajuda de Maitê eles a colocam no carro e a levam para casa. Ela bebeu do seu próprio veneno e e será o suficiente para que eu coloque um fim nessa história.

Fico mais um pouco e bebo com Israel, vejo Vic indo embora com o rapaz que lhe fez companhia, Israel me dá um toque para que eu proteja a moça, pois o rapaz já é um velho conhecido da casa e adora pegar uma distraída e ela já bebeu mais do que devia.