Eu estou trabalhando de afinco e estou gostando muito dessa nova experiência, a noite fazemos o cursinho e chegamos pregadas de cansadas, estou dormindo praticamente desmaiada de cansaço.
Já se passaram vinte e cinco dias e estou terminando meu período de experiência. Todos na empresa me chamam de Sol e eu já me acostumei, até dona Norma me chama pelo apelido. Sou respeitada e todos somos amigos, estou me sentindo feliz e realizada. Apesar de que já recebi algumas cantadas, principalmente do Pedro.
Senhor Pedro gosta de tirar umas casquinhas, diz que estou linda e que sou o Sol que ilumina seu dia, eu finjo não perceber o jeito como ele me olha e as indiretas que ele dá para o meu lado. Mas na fila da beleza ele entrou no mínimo umas dez vezes e confesso que ele é um perigo. Vic ficou sabendo que todas as moças que trabalharam aqui passaram em suas mãos, por isso é proibido relacionamentos no trabalho.
Ele é lindo, mas não faz o meu tipo e não quero saber de ninguém na minha vida tão cedo. Não quero problemas.
Meu pai me ligou há alguns dias atrás e me disse que o meu ex pretendente o procurou para marcarmos a data do casamento e que se eu quisesse voltar ele me aceitaria e se casaria comigo. Só que a decisão de mudar de vida é mais difícil que a mudança em si, já estou até me acostumando a ideia de viver para o trabalho e para os estudos. Não me arrependo das minhas decisões e acho que estou no rumo certo, fiz algumas amizades e todos me tratam com respeito. Não é agora que vou querer voltar a ser presa e submissa.
Vic tem sido uma grande amiga, mas nos finais de semana em que ela vai para a casa dos seus pais eu fico sozinha, não quero ficar entrando muito na vida pessoal deles, já tenho minha amiga ao meu lado a semana toda e ela é filha única, eles reclamam sua ausência, gostaria eu poder estar com meus pais ao menos nos finais de semana e curti-los de vez em quando e até que eu gosto de ficar sozinha, para poder estudar e arrumar minhas coisas, mas minha família faz muita falta, tenho saudades do meu povo e das festas.
O meu terceiro chefe ainda não voltou de viagem, dona Norma está subindo pelas paredes, ele não liga e não dá satisfação de por onde anda. Eu acho que eles tem um relacionamento estranho, apesar de não entender muito bem a respeito essas questões amorosas dos gadgés. Nós ciganos não temos contato com o noivo até o casamento e muitas vezes nem sabemos quem é o escolhido.
Pedro sempre fala que ela o ama, mas não parece que ele goste dela tanto assim.
Meu pai mandou uma mensagem me falando que o dinheiro da caminhonete já está na minha conta e eu posso comprar outro carro. Decido não comprar outra caminhonete, vou comprar um carro mais barato e popular e guardar o restante do dinheiro para caso eu precisar.
Vic me aconselha a chamar alguém que entenda de carro para me ajudar e por coincidência, Pedro ouve a conversa e se oferece. Saímos mais cedo do serviço e fomos a uma concessionária e ele me indicou um Mobi like, eu achei lindo e amei o carro na cor preta. Deu para economizar bastante, se eu precisar ficar sem trabalhar vai me ajudar nas despesas. Ainda estou em fase de teste, e também não sei se vou continuar quando passar no vestibular.
Tudo está acontecendo rápido e estou tranquila, meu coração já não dói tanto e a tristeza virou saudades.
Descobri por que minha mãe estava conversando pouco comigo, ela conheceu o meu ex futuro marido e que ele é o sonho de consumo de muitas ciganas e que ela não se conforma por eu ter largado tudo e ir contra as tradições. Na verdade ela gostaria de que eu me casasse mesmo sem gostar dele.
Chego cedo na empresa e minutos depois dona Norma chega e me pede um café, como é muito cedo terei que buscar pessoalmente, demoro um pouco e vou rápido para sua sala, dou um toque e já abro a porta com o café na mão e para minha surpresa ela está aos beijos e abraços com um homem, eu simplesmente não olho e peço desculpas:
__ Desculpa-me, eu não sabia que a senhora estava com visita.
Coloco o café no aparador e vou me afastando e ouço ela dizendo:
__ Espera, Sol! Deixe-me te apresentar o nosso sócio majoritário: Senhor Juan.
O nome não me é estranho, viro-me em sua direção e dou de cara com o homem do aeroporto. Seus olhos estão vidrados em mim e sua respiração ofegante, ele me encara com vergonha e eu o cumprimento de longe sem dar na cara que já o conheço.
__ Bom dia!
Falo e ele está anestesiado sem nem piscar.
__ Então você é a nova secretária?
__ Sou, e o que o senhor precisar é só me chamar, com licença.
Saio toda constrangida, eles estavam no maior amasso, isso porque ela disse que não podemos nos envolver com ninguém da empresa, imagina se pudesse.
Depois de alguns minutos ela sai da sala se arrumando, e pelo visto não ficou só nos beijos. Ela está toda eufórica e parece satisfeita.
Eu volto para minha mesa e passo os compromissos de todos para a agenda do computador e me distraio com o trabalho toda a manhã.
O interfone da minha mesa toca e ouço uma voz grossa e firme:
__ Senhorita, Sol! Por favor, venha até minha sala.
Eu sinto um calafrio percorrer meu corpo e respiro fundo, pego minha agenda para anotações e caminho até sua sala...
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Waléria Thisen
começando a ler dia 02/12/24
2024-12-03
1
Waléria Thisen
achei bem diferente do carro do aeroporto
2024-12-03
0
Mônica Santos
comecei a ler ontem e estou gostando bastante
2025-01-22
1