Zaira- Almoço de negócios

Depois do trabalho eu vou para o cursinho, Vic foi para casa dos seus pais e volta amanhã para irmos a balada. Será minha primeira experiência em uma festa de gadgés, estou louca para saber como é, e como eles se divertem e como são os seus namoros.

Depois da aula eu chego em casa e em quanto como alguma coisa meu pai me liga, fico passada com o que ele me conta:

__ Zaira, eu estou no banheiro, e te ligando escondido da sua mãe.

__ Mas por quê? Aconteceu alguma coisa?

__ Sim, seu ex noivo mandou uma mensagem no meu telefone e sua mãe respondeu.

__ Mas, o que ele queria?

__ Ele queria uma foto sua, e sua mãe além de mandar disse que você está morando em São Paulo.

__ Mas eu pedi ao senhor para não contar a ela, nem para ninguém onde estou morando. Eu sabia que ela ia acabar contando para alguém.

Eu falo pensando que ela quer me ver casada e cheia de filhos e agora que sabe que o cigano é lindo e rico, suas ambições falam mais alto

__Troque o número do seu telefone, e tome cuidado, ele pode querer seus direitos de noivo por ter te esperado por muitos anos.

__ Pode deixar, eu vou tomar cuidado. Qual foto que ela mandou?

Ele me passa a foto e percebo que estou bem diferente agora, ele pode me procurar, mas não vai me encontrar. Vou procurar outro emprego e me manter longe dos antigos contatos.

Nem durmo direito, pensando no que me aconteceria se o cigano me encontrasse, o pior é que eu não sei quem ele é e nem o que ele quer comigo.

Minha mãe é uma mulher maravilhosa, mas ela é muito simples e acredita que o casamento é a única solução para a vida de uma mulher. Ela não acredita que uma mulher viva sem marido ou sem filhos. Meu pai já tem a mente mais aberta e mesmo seguindo os nossos costumes ele se arrependeu do acordo que fez para nos casar e me deu a liberdade de escolha. Foi uma noite péssima e estou um caco.

Levanto, tomo um banho e arrumo minhas coisas e vou para o tal almoço com os empresários e o senhor Juan. Chego alguns minutos adiantada e fico na porta do restaurante esperando.

Ele demora um pouco mas não me importo, estou fazendo hora extra e vou receber por isso.

Depois de algum tempo o vejo chegando e ele está lindo, prendo a respiração para não dar muito na cara que eu o estou admirando.

Se minha mãe acha o cigano lindo, fico pensando no que ela acharia do senhor Juan. Ele se passaria por um Roms tranquilamente. Sua cor de pele, seus cabelos e a barba, é a composição perfeita de um cigano encantador.

Sou trazida de volta a terra com ele parado diante de mim e com um sorriso aberto dizendo:

__ Oi! Seus pensamentos estão longe, te atrapalho?

__ Não! ... Eu estava distraída!

__ Vamos entrar? Eles já chegaram?

__ Não, ainda não!

Ele põe suas mãos pesadas por sobre meus ombros e entramos no restaurante e a mesa já estava reservada. Ele puxa a cadeira para que eu me sente e se senta a minha frente. Ele pede um suco e eu peço uma água com gaz. Ele fica me encarando e começa as perguntas, no mesmo instante eu me lembro do que conversei com meu pai.

__ Como é o seu nome? Não é Sol, não é mesmo?

__ Não, meu nome é... Stefany.

Falei para ele meu segundo nome, tenho medo que alguém esteja me seguindo e pergunte meu primeiro nome na empresa e alguém diga e eu acabe sendo descoberta.

__ Lindo nome, eu também tenho um apelido, na minha família todos me chamam de...

Antes que ele diga os empresários chegam e nos interrompe. Ele me apresenta aos senhores que são gentis, em seguida começam a falar sobre negócios, faço as anotações e depois almoçamos. Um dos homens não tira os olhos de mim e me sinto constrangida, peço licença e vou até o toalete, volto e o assunto está sendo encerrado, Juan me passa o que anotou e no momento segura minha mão por cima da agenda. Sinto uma energia por todo meu corpo e nossos olhares se cruzam. Eu retiro rápido minha mão de debaixo da sua e solto a respiração e mordo meus lábios, nessa hora sinto que seus olhos descem até meus lábios. É um clima estranho e eu desvio o olhar e fecho a agenda, guardando minhas coisas na bolsa.

Nos despedimos dos empresários e saímos com eles.

Eles foram para o carro deles e Juan caminha ao meu lado até o meu carro. Ele para na minha frente e eu encosto no carro, estou me sentindo encurralada diante do homem enorme e seu perfume me deixa arrepiada:

__ O que você achou do almoço?

Pergunto querendo saber do resultado dos empresários, mas ele está aéreo:

__ A comida é boa e a companhia melhor.

__ Estou falando dos empresários.

__ Ah, sim! Está fechado, vamos fazer o marketing. Graças a você.

__ A mim! Por quê?

__ Eles gostaram de você e disseram que você é muito inteligente e esperta.

__ Obrigada, mas eu só fiz meu trabalho.

Ele olha dentro dos meus olhos como se procurasse em mim, alguém.

__ Você vai, hoje a noite?

__ Não sei, estou pensando.

__ Se eu fosse você não perderia.

__ Por quê?

__ Eu estarei lá.

Dou um sorriso e o encaro:

__ Sua namorada também, e toda empresa.

__ Você é sempre assim?

__ Assim, como?

__ Direta, me corta sempre e não me dá abertura.

__ O senhor é meu chefe e eu não quero confusão para minha cabeça. Se contente com sua namorada.

Entro no carro e o deixo parado no estacionamento do restaurante, solto a respiração e acelero, lembro-me do Edgar e meu coração aperta, uma angústia toma meu peito e choro até em casa. É muito difícil esquecer uma paixão, um amor que construímos na nossa cabeça. O seu jeito de me olhar e quando me abraçou, seu beijo gostoso e macio. Foi o único homem a tocar minha pele e meus lábios. Seria tudo mais fácil se tivéssemos casados e felizes. Eu quis tanto seu amor e agora não tenho. Será que algum dia vou superar esse sentimento?

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