Estou a caminho da igreja e minha cabeça está a mil por hora, as lembranças de quando vi Zaira entrando na tenda e tive a certeza dos meus sentimentos por ela, meu coração disparou, me causando sensações inimagináveis. Estou a caminho da igreja, olho a minha frente e a vejo no carro, ela está sozinha e parece desnorteada. Dou um sinal com farol para que ela pare e a mesma acelera, repito o sinal e ela não me atende, a fecho jogando-a para fora da pista. Eu perco o juízo e vou até ela e abro a porta do carro e a puxo para um beijo intenso, eu a sinto em meus braços com um desejo enorme, ela se deixa levar pelo instinto e tenho vontade de tomá-la ali, em plena rodovia, minha língua pede passagem e ela corresponde me segurando pelos cabelos e pressionando meu corpo ao seu e mostrando a ela como a desejo ardentemente. Sua boca é macia e doce e sua pele é uma esponja macia e perfumada. Estou me sentindo louco e apaixonado, preciso dela para continuar vivo.
Ela empurra meu corpo voltando a razão, ela nega seus sentimentos, mas,
sua rejeição a mim é apenas uma defesa, eu a quero como nunca desejei ninguém. Ela fica relutante mas seus olhos e seu corpo dizem outra coisa.
Ela colocou um fim para nós dois e traçou na minha vida um novo destino, mas não sei se poderei seguir em frente com essa farsa, eu a amo e sou capaz de tudo por ela. Depois de tentarmos conversar e sem nenhum sucesso além do beijo, pego o carro e saio sem destino, decidido a não mais continuar com essa história de casamento, em meio ao caminho vejo meu telefone chamando, penso em não atender, estou do lado oposto a igreja, quilômetros de distância do que seria meu fim e meu castigo, decidido a deixar tudo para trás e um dia voltar e roubar a cigana que amo.
O telefone toca insistente, paro o carro, olho para o celular e não posso deixar meu pai ser envergonhado por todo nosso povo. Ele é um homem respeitado em meio aos Roms, se eu fugir do compromisso estarei arruinando a minha família e nossas tradições. Atendo o telefone, ele está nervoso e parece saber o que estou fazendo, o acalmo e digo que o pneu furou e que estou a caminho. Vou assumir meu compromisso e depois vejo como resolver essa situação.
Chego na igreja e a procuro entre os convidados, ela não se encontra aqui, pelo visto não conseguiu assistir o nosso triste fim.
O casamento prossegui e na hora do sim eu me perco nos pensamentos e novamente me é feito a pergunta, se aceito Sarita como minha legítima esposa. Mesmo contra meu gosto, eu digo:
__ sim.
Quando me foi pedido para beijar a noiva, o único beijo que consegui dar foi na testa. Ela me olha decepcionada, mas sou uma pessoa muito transparente, não gosto de mentiras e muito menos falsidades. Não vou fingir, sentir o que não sinto, sei das minhas obrigações, mas conheço os meus limites.
Saímos da igreja, abri a porta do carro para que ela entrasse e fomos mudos para a festa, nem uma palavra ou olhar consegui direcionar a ela que está assustada.
Todos nos recepcionam com alegria, porém estamos como em um luto profundo, eu não consigo sentir nada por essa moça que me é totalmente estranha. Não sei ao menos o som da sua voz, não sei do que ela gosta e muito menos o que espera dessa união.
Ela é levada a sua tenda e eu a minha. Peço um minuto para ficar sozinho, mas meu pai não deixa, ele entra com um ar impaciente e começa a falar:
__ O que aconteceu? Não me venha com essa história de pneu furado, que para mim essa história não cola.
__ Eu não vou mentir para o senhor, ela não é a noiva que eu queria. Eu esperava que fosse Zaira.
__ Zaira é prometida a seu irmão, os dois mais velhos e os dois mais novos, esse foi o acordo das duas famílias.
__ Eu não vou conseguir ver a mulher que eu amo nos braços do meu irmão. Eu a amo meu pai.
__ Amor? Isso não existe sem convivência. Com o tempo vocês se acostumam um com outro e passa a um companheirismo e cumplicidade. Essa paixão sem casamento não passa de uma ilusão e desejo de querer o impossível.
__ O senhor não acredita no amor?
__ Acredito nos sentimentos, mas amor entre homem e mulher antes de se conhecerem e conviverem eu acho impossível. Você precisa conviver, conhecer melhor um ao outro e descobrirem o amor juntos, depois da união.
__ E se eu nunca conseguir amá-la?
__ Você será culpado pela sua infelicidade e da sua esposa. Viver sem amor é triste e sozinho, vai terminar seus dias como um fracassado e bêbado.
Você tem que fazer seu papel de marido, cuidar da sua esposa e aprender a amá-la. Vocês irão para a casa de vocês e passarão a viver sobre o mesmo teto, se respeitando e cuidando um do outro, assim aprenderão a amar um ao outro.
São privilégios que não tínhamos antigamente, vivíamos de del em del, éramos nômades como muitos dos nossos irmãos, mas hoje optamos por moradia fixa, é uma questão de segurança. Nos reunimos em acampamentos apenas nas festas. Assim você poderá trabalhar e ela cuidará da casa.
Não se esqueça que vocês já passaram do tempo de se casarem, por termos perdido contato uns com os outros, esse casamento já era para ter acontecido há anos.
__ Eu sei, meu pai. Mas sempre pensei que fosse Zaira a minha noiva.
__ Eu sinto muito, meu filho. Mas foram condições firmadas quando vocês eram crianças. Sua esposa é linda e merece sua atenção.
Ele sai da tenda e eu choro muito, não há nada que possa ser feito agora, tenho que encarar minha realidade e deixar às coisas acontecerem.
Igor vem ao meu encontro e traz uma bebida forte e juntos começamos a beber ali. Assim tomo coragem e vamos para a festa e sentados a beira da fogueira observamos as mulheres dançando, até que minha noiva sensualmente linda dança a minha frente e me puxa para acompanhá-la. A bebida já está dominando meus sentidos e sou levado a dançar com ela por um longo tempo. Ela está feliz e muito sensual, seu olhar sedutor me chama atenção, porém meu coração está triste e destruído.
Depois de horas de festa vejo Zaira dançando sozinha, como se a dança retirasse a tristeza e a desilusão do seu peito. Suas saias eram movidas pelo balançar do seu corpo, pelo vento e o fogo. Parecia não ver ninguém, apenas a solidão por companhia. Meu coração acelerado a beira de cometer uma loucura, a vejo linda em seus rodopios e seus cabelos soltos, leves aos movimentos.
Os nossos costumes ainda impregnados na essência da mulher cigana, está no sangue e na alma, essa marca de sedução e beleza. Vou arrancar esse sentimento do meu peito, matar esse amor ou morrerei por ele. Respiro fundo e solto no ar a dor e o sofrimento, agora serei um homem liberto dessa paixão, faço esse pacto comigo mesmo e as lágrimas molham meu rosto. Sinto as mãos do meu pai batendo em minhas costas e dizendo:
__ Isso vai passar, segue a sua vida e esse sentimento ficará no passado.
Dou-lhe um sorriso fraco e concordo com ele, fecho e abro meus olhos e ela não está mais aqui.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Mônica Santos
eu tive um amor de infância
ele tinha 10 anos e eu nove crescemos juntos ele era meu amor amigo mas nunca se declarou vivíamos brigando eu era cheinha fazia bulling de mim e guando decidiu se declarar através de carta não respondi mas guando veio falar comigo o chamei de falso e comecei a namorar um rapaz que eu odiava
bem pra encurtar a história nos reencontramos depois de 36 anos abrimos nossos corações dissemos o quanto nos amamos e continuamos amigos. Realmente não era pra ficarmos juntos ❤️
2025-01-22
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vilma assis
triste 😢amor infância as vezes e pra vida toda eu mim apaixonei por meu marido eu tinha 13 e ele 14 anos ele é de Alagoas veio passar as férias com o pai aqui na Bahia um ano depois ele voltou estamos juntos a trinta anos 🥰🥰🥰
2024-05-22
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Ana Regina Fernandes Raposo
VERDADE MAIS AMOR DE CRIANÇA E ILUSÃO
2024-04-05
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