Tire as mãos dela

Vou andando pelos corredores sem rumo, olhando dentro das salas para ver se a encontro, até que escuto algumas alunas impedindo outra de seguir por aquele corredor.

“Ele foi atrás dela, não quero ser punida, então não vou deixar você passar”

O meu corpo gela completamente, só pode ser Liebe e aquele verme, mas ele não vai mesmo chegar perto dela, corro pelo corredor passando por elas que ficam na dúvida se devem ou não interferir.

Assim que escuto a voz de Liebe diminuo os meus passos, ela pedia para ele ficar longe, não conseguia visualizar os dois, mas conseguia sentir o desespero na sua voz, o cretino estava se divertindo com isso.

Ele a ameaçava que tinha a semana inteira para a punir por estar sendo desobediente, mas perco o controle completamente quando ele pergunta se ela f0deu comigo, pois agora iria ter que f0der com ele também.

Aquelas palavras foram como combustível para mim e a minha mente gritava para ele tirar as mãos dela, o puxei acertando socos na sua cara que o fizeram cair no chão enquanto mandava ele tirar aquelas mãos imundas dela, Liebe não interferiu quando subi em cima dele o acertando cada vez mais, só parei quando ele parou de se mexer não vou dar o gostinho dele se levantar.

Ao me virar Liebe chorava silenciosamente olhando para ele no chão, a puxo com a mão com força achando que ela iria correr, mas ela me abraça se permitindo chorar mais.

— Preciso te tirar daqui para conversar.

Ela apenas confirma e segurando a sua mão a levo para meu carro, não me importo quem tenha visto ou deixou de ver, o fato é que ninguém ousou me impedir de sair de lá com ela.

Vou direto para casa, por ela estar sozinha e assim que entro a abraço forte, ela tremia ainda pelo choro baixo, mas quando sentiu o meu abraço ela soltou o choro preso, nunca havia a escutado chorar daquela forma.

Consegui sentir a sua tristeza e nojo por tudo que estava passando e só agora observei que a sua blusa do uniforme estava rasgada, quando vou tocar ela me afasta passando a mão no seu corpo como se estivesse limpando algo e quando tira a sua mão vejo um chüpão ali próximo ao seu s€io.

— Ele fez isso? — ela apenas confirma ainda esfregando enquanto chorava.

Não demora muito o meu pai aparece desesperado em casa e ao olhar para Liebe e as minhas mãos ele corre a abraçar enquanto ainda me analisava, não consegui entender o seu olhar, mas também não vou correr.

— Então foi atrás dela quando me deixou falando sozinho na empresa.

— Ainda bem que fiz isso, várias alunas dão cobertura para ele com medo de serem punidas, se demoro mais cinco minutos você teria que me tirar da prisão porque iria matar ele.

— O que fez com ele?

— O soquei até desmaiar e sai de lá com Liebe sem olhar para trás.

— Fez muito bem — ele ergue o rosto de Liebe que até então estava abaixado, ela tentava controlar a respiração para se acalmar — Liebe, suba tomar um banho, vamos resolver isso, pode ficar tranquila.

Ela apenas confirma com a cabeça e antes de subir ela olha para mim e me diz “obrigado”, a sua voz era baixa e demonstrava como ela estava machucada. Dou uns passos para ir atrás dela, mas me pai me segura pelo braço.

— Ela precisa se acalmar, aqui ela está segura.

— Perdi o controle, pai.

— O que escutou?

— Ele a ameaçou ela com punições por ter ficado comigo, mas ainda não entendi é como ele sabia o que aconteceu aqui em casa.

— Como assim Held?

— Ele sabia que tr@nsei com Liebe e deixou claro que iria a f0der por ela permitir.

— Held, acredita que ele tem ligação com algum empregado nosso? Ou estava apenas supondo isso?

— Ele afirmou, ele está de olho nela e pelo desespero dela e a forma como ela se debatia para se soltar não é cena de Liebe.

— Você realmente julgou que ela inventaria isso? Perdeu a cabeça Held?

— Não a conheço mais pai, ela se afastou e não coloco a minha mão no fogo por ela, ela poderia, sim, estar fingindo ou até mesmo provocando isso tudo.

— Está se escutando Held? Você está acusando a sua noiva de provocar ao ponto ser espancada e molestada.

— Merda não… — me sento no sofá puxando os cabelos para trás, na verdade, é Andere que sempre me falou que ela é manipuladora — Não sei o que pensar.

— Você está sendo influenciado, já avisei que essa mulher não é boa pessoa, mas você é teimoso demais para acreditar.

— Aonde vai?

— Resolver as coisas no internato, se for falar merda, fique longe de Liebe, ela precisa de paz agora.

Fecho os meus olhos assim que ele sai de casa e fico repassando na minha mente as diversas vezes que tive que salvar Andere de alguma armadilha de Liebe, mas agora me pergunto como ela teve acesso a tudo aquilo se estava presa no quarto?

— Não preciso me explicar para você Held, a decisão de acreditar em mim, é sua e não vou interferir — a voz de Liebe aos pés da escada me trouxe de volta.

— Desculpa, mas vamos combinar que você não era nada agradável.

— Você me trai perante todos e vem me acusar de não ser agradável com a sua amante?

— Você já até envenenou ela Liebe.

— Com que veneno Held? Onde acha que tive acesso a eles? Quem tem veneno em casa é ela, para e pensa todas as coisas que ela me acusou.

— Mas…

— É por isso que não vou argumentar com você.

— Espera Liebe — a chamo, pois, ela volta para a escada, mas para assim que escuta o seu nome.

— Você já escolheu me acusar, julgar e me sentenciar, nada que eu fale vai mudar isso, então não vou perder o meu tempo, mas saiba que tenho a consciência tranquila que não fiz nada contra ela, mesmo tendo motivos — ela volta subir as escadas sem nem olhar para trás, para meu desespero ela estava certa eu fiz isso mesmo com ela.

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