Primeiro encontro

Hoje à tarde tenho o encontro com a minha noiva, noiva essa que não escolhi e sim meus pais quando eu ainda era uma criança, ela é mais nova para ser exato, são cinco anos de diferença.

Liebe quando passou para o ensino médico mudou de completamente de comportamento, aquela garota adorável que sempre me ouvia não existe mais, no começo isso me fez ficar alerta, mas sempre estava tudo certo e aquele professor sempre ao seu lado afirmando que isso era apenas problemas da idade.

Em uma das viagens para a empresa do eu pai, fomos sequestrados em um momento de bobeira deles eu consegui fugir, mas não consegui voltar para casa parando em uma simples fazenda que tinha aos redores da cidade de onde eu moro.

Foi ali que conheci Andere, ela sempre foi doce e carinhosa comigo, ela cuidou de mim com tanto cuidado que acabei me permitindo pensar em como seria a vida ao seu lado, mas em todas essas vezes afasto esses pensamentos por me lembrar do meu compromisso com Liebe.

Porém, a cada encontro fico mais desgosto com esse compromisso, ela nunca fala comigo ou se quer me pergunta do que gosto ou como estou. Era nítido que ambos não queriam esse compromisso, mas se não tem remédio, remediado está.

— Boa tarde, Held — não consigo responder ao ver Liebe me cumprimentar, isso era… era… muito diferente do que estou acostumado.

— Boa tarde, Liebe, como está?

— Sinceramente com fome, podemos ir comer alguma coisa? — ela me chamando para sair em público? Ainda mais para comer?

— Tem algo em mente?

— Não pensei, mas se for um lugar onde possamos conversar e comer já fico feliz — ela me responde sorrindo, eu não estou bem…

— Claro — abro a porta do carro para ela que sorri entrando e antes que eu chegue na minha porta a encontro aberta, ela abriu por dentro… — Bem… Liebe… é...

— Está tudo bem Held?

— Sinceramente eu que pergunto — escuto ela rir baixo e ainda sorrindo ela se volta para mim.

— Estou ótima e sinto muito pelo meu comportamento — ela abaixa a cabeça com as bochechas avermelhadas, sinto meu estomago gelar e se movimentar assim como era antigamente ou quando estou com Andere.

Me viro para frente por me sentir estranho, era como se eu estivesse a traindo, mas se for analisar Liebe é minha noiva ou namorada, para falar a verdade não sei o que somos, mas até ontem éramos inimigos declarados.

Ao chegar no restaurante, fomos direto para a mesa mais aos fundos, sempre que trago Andere aqui ela ama, já Liebe a primeira vez que veio fez um escândalo dizendo que este restaurante não comportava a nobreza dela.

— O cheiro é ótimo, espero que o gosto também — ela sorria e dava até pequenos pulos de felicidade, isso estava muito estranho.

— Liebe, está tudo bem mesmo? Você está completamente estranha.

— Sim, desculpe, mas estou com fome, podemos pedir logo?

Decido não contrariar e deixar acontecer, esse humor dela, logo deve passar e a bruxa deve ressurgir das profundezas, acabo sorrindo com este pensamento e ela toca a minha mão.

— Está muito pensativo, as coisas não estão muito bem?

— Por que a pergunta, resolveu se preocupar? — minha resposta acaba sendo mais grossa do que desejava, ela apenas abaixa a cabeça retirando a sua mão da minha, mas merda… e se conseguir me dar bem com ela? — Desculpa, é que você nunca se interessou por mim antes, na verdade, esses nossos encontros obrigatórios sempre foram…

— Uma tortura — ela pega na minha mão novamente, ela sorria e isso me fez sorrir junto — Acho que não consigo pedir todas as desculpas necessárias.

— O que desejam? — a voz da garçonete me traz de volta a realidade e acompanhando seu olhar a vejo olhar nossas mãos entrelaçadas, merda ela certamente irá contar para Andere, então retiro minha mão imediatamente.

— Posso ver o cardápio? Mas antes me diga, por favor, o que é esse cheiro maravilhoso? — a feição de surpresa da atendente foi maior que a minha, e preciso disfarçar para esconder meu riso.

— É o prato do dia, uma sopa de mandioca com carne, muito bem temperada…

— Quero — Liebe fala num impulso que acabo me assustando — Desculpa, Held o que deseja?

— Quer provar essa sopa? — ela sorri confirmando com a cabeça de forma frenética — Então será ela, pode trazer por favor.

Não teve um minuto que não me surpreendi com Liebe hoje, tanto que chegamos rindo até o internado com ela agarrada ao meu braço, sinceramente quero acreditar que essa mudança seja permanente, afinal não me divirto assim há muito tempo.

— Liebe — a chamo quando ela já está quase entrando e a vejo retornar ao invés de gritar comigo ou simplesmente me ignorar.

— Oi, Held.

— Podemos nos ver novamente essa semana?

— Apenas se for no final de semana, por conta do internato, pode ser?

— Está perfeito.

— Me dá seu telefone — ela estica a mão para mim e fico parado olhando para a mão dela estendida — Vou te passar meu número, assim podemos combinar melhor.

— Claro — estendo a ela que anota e me devolve sorrindo.

— Tenha uma ótima noite Held — ela me abraça me dando um beijo na bochecha.

Não tive tempo de responder, pois a reitora do internato já a aguardava na porta, não conseguia me mexer e ainda sorrindo entro no carro pensando na próxima vez que verei Liebe, não sei que merda ela está aprontando, mas eu pago para ver.

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