Durante a madrugada, Marco acordou inquieto. Não tinha conseguido dormir aquele sono pesado ainda e agora, ele estava completamente desperto. Olhando para o lado, ele viu como Sofia dormia tranquilamente, ressonando de forma leve. Não sabia explicar o desejo que sentia por ela. Sofia era naturalmente linda, sim, mas ele conhecia diversas mulheres que além de lindas, eram extremamente produzidas e foi sempre esse estilo de mulher que o atraiu.
Marco era um homem inteligente e viajado. Gostava de coisas e pessoas sofisticadas. Mulheres cultas e que tinham a mesma vivência que ele. Sofia tinha somente dezenove anos e era de origem humilde, totalmente diferente de tudo que ele estava acostumado. Talvez fosse isso que o interessasse tanto. A simplicidade dela.
Distraído com todos aqueles pensamentos, de repente, Marco sentiu um espasmo involuntário na perna direita e do nada, começou a mover os dedos daquela perna. O quarto estava escuro e ele não podia ver direito, mas conseguia sentir que estava movendo os dedos da perna direita. Sua animação foi tanta, que ele queria ver aquilo, com seus próprios olhos, pois não acreditava ainda naquela pena vitória.
Com maior cuidado para não acordar Sofia, Marco alcançou uma pequena arandela que ficava presa na parede ao lado da sua cama e acendeu a luz. Mesmo com a perna coberta por um lençol e a luz fraca da arandela, ele podia ver os dedos do seu pé direito mexendo. Se ele não tinha conseguido dormir por conta dos pensamentos sobre Sofia, agora, animado por conseguir mover os dedos do pé, é que ele não conseguiria dormir mesmo. Pouco tempo depois, Marco apagou a luz da arandela e ficou aguardando amanhecer. Ele queria muito falar com Dr. Eduardo. Estava ansioso para isso.
Era por volta das sete horas da manhã, quando Sofia acordou. Assim que ela se sentou na sua cama-sofá improvisada, ela deu de cara com Marco, já bem desperto. Não era comum ele acordar cedo assim.
— Bom dia. — Marco cumprimentou Sofia num tom alegre. — Eu estou com fome. Por favor, peça logo meu café da manhã, Sofia.
— Bom dia. Tudo bem, eu vou pedir imediatamente. — Ela respondeu estranhando aquele comportamento alegre de Marco. Ela poderia descrevê-lo de várias formas desde que o conheceu, mas nunca como alegre ou animado, como estava naquele momento.
O café da manhã chegou rapidamente e ambos comeram em silêncio. Marco não via a hora de Dr. Eduardo chegar para sua visita matinal. Obviamente, ele não comentaria nada daquilo com Sofia. Marco sabia que ela não era a pessoa responsável pela substância que o impedia de voltar a andar, pois ela tinha chegado recentemente na Villa, mas ele não sabia até onde podia confiar nela e aquela história não poderia vazar. Já basta ter que confiar no médico, Dr. Eduardo, que ele mal conhecia.
— Como passou a noite, senhor Marco? — Indagou Dr. Eduardo assim que entrou no quarto e em seguida, ele foi logo cumprimentando Sofia. — Bom dia, Sofia. Tudo bem?
— Eu tenho novidades, Dr. Eduardo. — Marco respondeu sem deixar Sofia falar, pois ele não gostava nem um pouco da interação dela com o médico enxerido. — Sofia, eu quero falar em particular com Dr. Eduardo.
— Tudo bem. — Sofia falou de forma tranquila, pois ela nunca estava presente nas conversas entre Marco e Dr. Eduardo. — Bom dia, Dr. Eduardo, eu estou bem. Obrigada. — Ela respondeu, sorrindo, ao mesmo tempo que saia do quarto.
Assim que a porta se fechou. Marco começou a falar animado.
— Eu consegui mexer os dedos do meu pé direito, Dr. Eduardo! — Exclamou Marco com entusiasmo. — Durante a madrugada, eu não conseguia dormir e do nada, eu estava mexendo os dedos do pé.
— Isso já era previsto, senhor Marco. — Dr. Eduardo falou de forma segura, pois tinha certeza de que em breve seu paciente estaria andando novamente. — Com passar dos dias, seu corpo estará completamente limpo da substância nociva e rapidamente, você andará.
— Dr. Eduardo, eu gostaria de saber se essa substancia também pode causar impotência sexual? — Marco perguntou um pouco sem graça. Para um homem jovem como ele, aquele assunto era constrangedor. — Eu recebi a visita de uma amiga, que eu não conseguia ficar excitado com ela, mas ontem foi diferente. Ela esteve aqui e mesmo sem interesse nela, eu fiquei... duro. — Completou Marco sem entrar em mais detalhes.
— Sim. A **Lidocória*** pode causar impotência. — Confirmou o médico.
— Não sempre. Não com todas as mulheres. — Marco comentou se lembrando que sempre ficava excitado com Sofia.
— Tudo bem, senhor Marco. Eu entendo sua preocupação, mas isso também irá voltar ao normal. — Dr. Eduardo tranquilizou Marco. — Mas voltando ao assunto principal, eu acho que podemos acelerar sua recuperação.
— Eu concordo com qualquer coisa que possa me ajudar.
— Nesse caso, eu gostaria que Sofia fosse mandada de volta para sua casa. Nós vamos precisar fazer exercícios frequentes com o senhor e caso ela permaneça aqui, ela pode descobrir o que estamos fazendo.
— Sofia não tem nenhuma formação médica e não é enfermeira. Dificilmente, ela vai associar esses exercícios a recuperação dos meus movimentos. — Marco não queria mandar Sofia de volta para Villa e ficar completamente sozinho no hospital. Gostava da companhia dela e indiretamente, graças a ela, ele tinha descoberto tudo aquilo.
Se não fosse Sofia atrapalhando seus planos de suicídio, Marco não teria ido parar naquele hospital e não teria descoberto sobre a **Lidocória***.
— Senhor Marco, eu vou ser mais claro com você então. — Dr. Eduardo começou a falar num tom mais sério. — Quem estava colocando essa droga na sua comida ou bebida, durante todo esse tempo, não está para brincadeira. A **Lidocória*** é uma substância controlada e de difícil acesso. Eu não sei muito sobre a vida do senhor, mas acho perigoso para Sofia continuar aqui, diretamente ligada a você.
Pensativo, Marco ficou analisando Dr. Eduardo sem responder nada. Ele tinha razão, mas não gostou daquela demonstração de preocupação do médico com a segurança de Sofia. Cada vez mais, ele dava sinais de estar interessado nela e aquilo provocava em Marco um sentimento, até então desconhecido, o ciúme.
— Dr. Eduardo, eu agradeço bastante sua atenção com minha funcionária, mas não se preocupe com isso, pois posso garantir a segurança de Sofia e de qualquer outra pessoa que trabalhe comigo.
— O senhor não pode garantir nem a sua segurança. — Dr. Eduardo falou com arrogância. — Durante quase cinco anos, alguém colocou, secretamente, **Lidocória*** na sua refeição e por isso o senhor não voltou a andar. Se fosse um veneno letal, você estaria morto sem saber.
— Sofia vai voltar para Villa. — Irritado, Marco respirou fundo para se controlar. — Mas porque eu não quero que ela descubra, ainda, sobre minha recuperação. Isso é um segredo nosso.
— Por mim, tudo bem. — Concordou o médico já seguindo para porta de saída do quarto. — Sim. Mais uma coisa. — Dr. Eduardo falou, virando-se para encarar Marco. — Quando eu falei dos exercícios para acelerar sua recuperação, eu não comentei uma coisa. Você será orientado por mim e continuará sozinho fazendo os exercícios aqui dentro, durante o dia. Não posso correr o risco de alguém da equipe comentar por aí que o senhor está recuperando os movimentos das pernas.
— Mas e a enfermeira que coloca os medicamentos para extrair a **Lidocória*** do meu organismo? Ela deve saber o que está acontecendo aqui.
— Ela não faz ideia. Pensa que está adicionado alguma vitamina no seu soro. Como eu já falei a **Lidocória*** é uma substância controlada e de difícil acesso. Só descobrimos isso no seu sangue, porque eu mandei fazer um teste específico para substâncias tóxicas. Eu achei que você estava drogado na noite que chegou aqui. — Dr. Eduardo deu um sorriso de lado e saiu do quarto.
De fato, essa informação do Dr. Eduardo era importante para esclarecer o motivo de nunca ninguém ter descoberto sobre a **Lidocória*** antes. Marco vivia fazendo exames de sangue, mas para medição de taxas gerais e nunca para substâncias tóxicas.
**Lidocória*** Termo criado pela autora da história para se referir a uma substância que não existe. Lembrando que essa história de que se trata de uma obra de ficção e estamos usando a licença poética aqui.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Silvaneide Ágatha
😂😂😂😂
2024-12-01
0
Silvaneide Ágatha
😂😂😂
2024-12-01
0
Maria Aparecida Alvino
tomara mesmo assim vai pegar esse tal de Paco
2024-02-29
2