Na manhã seguinte, Sofia acordou aos poucos, dolorida e atordoada, sem saber direito onde estava. Tinha passado a madrugada toda em uma cadeira. Lentamente, ela foi abrindo os olhos.
— Essa posição que eu estou está confortável para você? — Indagou Marco erguendo as sobrancelhas de forma zombeteira, encarando Sofia.
— Desculpe. — Ela respondeu se levantando de repente. — Eu acabei pegando no sono. Marta pediu para eu ficar com você... desculpe, com o senhor. — Sofia encarava Marco, constrangida por ser surpreendida por ele, dormindo daquela forma.
— E pelo visto, você não fez seu trabalho direito, pois passou a noite dormindo em cima de mim. — O tom de voz de Marco estava irritado. Não queria intimidade com aquela jovem e sentir nada por ela.
— Nós viemos para cá de madrugada, eu estava bastante cansada. — Mais uma vez, Sofia tentou justificar aquela situação. — Eu lamento muito...
— Chega! — Marco exclamou, interrompendo Sofia sem nenhuma gentileza. Não tinha paciência para as desculpas da jovem. — Vamos embora daqui, eu não suporto hospitais.
Imediatamente, Sofia se virou em direção ao armário do quarto do hospital para começar a recolher alguns itens pessoais de Marco, que ela tinha trazido. Aos poucos, a ficha dela foi caindo e ela lembrou do motivo de eles estarem ali. Lentamente, ela se virou, encarando Marco com os olhos.
— Não sei se o senhor se lembra, mas estamos aqui por sua culpa. — Sofia falou num tom sério, tentando não demonstrar o medo que sentia dele.
— Não sei do que você está falando. — Marco tentou disfarçar. — Ontem, eu devo ter bebido muito, mas não era necessário vir para o hospital.
— Sim. Essa parte todos sabem. — Ela respondeu concordando. — Mas eu encontrei no seu banheiro as cartelas de remédio vazias. - Sofia resolveu jogar um verde para colher maduro. — Você tentou tirar sua vida de novo, tomando uma quantidade enorme de remédios para dormir.
— Além de gostar de meter seu narizinho nos assuntos dos outros, você também trabalha como investigadora? Sério isso? - Marco zombou. — Aquelas cartelas estavam vazias há muito tempo, as empregadas incompetentes que não fizeram a limpeza direito.
— Bem, esse assunto não me interessa. — Sofia falou num tom altivo. — Mas acho que preciso informar a Marta sobre isso. Eu percebi que nem ela e nem Paula sabem o motivo do ferimento no seu pescoço. Também preciso explicar isso.
— Tome conta da sua vida, sua fedelha atrevida! - Marco falou se erguendo da cama, como se quisesse alcançar Sofia, mas era impossível.
Marta tinha comunicação direta com senhor Gambino e obviamente, caso Sofia comentasse alguma coisa, aquilo seria relatado ao seu pai na mesma hora. Senhor Gambino poderia até exigir que ele voltasse a morar em Nova York para pode ter uma vigilância maior em cima de Marco e dessa forma evitar novas tentavas de suicídio.
Morar em Nova York, naquele estado, seria o maior pesadelo de Marco. Ele foi para Villa Turquesa justamente para se isolar de tudo e de todos. Não queria o olhar de piedade dos amigos e nem o desprezo dos empregados da máfia, que trabalhavam par seu pai e tinham pavor de pensar que um deficiente poderia ser o novo Capo deles.
— Eu acho melhor eu esperar o retorno de Marta lá fora para explicar para ela tudo que aconteceu na noite quando eu cheguei na Villa e nessa madrugada também. — Sofia se dirigiu para porta de saída do quarto.
— Espere! — Mesmo irritado, ele tentou falar num tom mais calmo. — O que você quer?
— Como assim? — Sofia indagou, girando para ficar de frente para Marco, estranho aquela pergunta.
— O que você quer para ficar de bico fechado?
Aproximando-se de Marco, Sofia se sentou novamente na cadeira ao seu lado e colocou a mão na cabeça como se estivesse pensando profundamente.
— Primeiro. Eu quero...
— Primeiro? — Marco falou cínico, interrompendo Sofia novamente. — Sério mesmo? Primeiro? Eu não estou lhe oferecendo uma lista de desejos.
— Primero. — Sofia falou num tom de voz mais firme, fitando Marco. — Eu não quero ser mais insultada ou tratada com grosseira...
— Eu não tenho culpa se os empregados da casa também não gostam de você e te tratam mal.
— Eu não quero ser mais insultada ou tratada com grosseira PELO SENHOR! — Repetiu Sofia dando ênfase no complemento.
— Continue. — Marco falou, torcendo o lábio com impaciência.
— Segundo, eu quero um celular.
— Se você chegou na Villa sem celular é porque existe um motivo para isso. Eu não vou lhe dar um celular, esqueça.
— Eu gostaria de falar com minha mãe. Ela não sabe onde estou... deve estar preocupada. — Sofia falou num tom aflito de verdadeira preocupação.
— Eu vou pensar nisso. — Prometeu Marco.
— Terceiro.
— O quê?! Ainda tem mais?
— Terceiro, chega dessas tentativas de suicídio. Isso é patético para um homem da sua idade e quem tem tudo que todos desejam.
— Eu tenho tudo? — Marco encarou Sofia e fez um sinal em direção a suas pernas.
— Existem pessoas no mundo, com a mesma deficiência que a sua, que não possuem 1% de todas as facilidades, estrutura e conforto que você...
Antes que Sofia pudesse concluir a frase, Marco puxou seu braço direito, aproximando o rosto dela do seu, fazendo com que ela se desequilibrasse e apoiasse a mão esquerda em seu peito.
— Não me critique como se tivesse noção de alguma coisa da minha vida! — Marco falou com raiva. — Eu tinha tudo e agora não tenho mais nada! Minha vida mudou completamente depois do acidente! — Marco apertava com força o braço de Sofia que tentava se afastar dele. — Pare com esse papo de psicóloga barata, que acha que por eu ter dinheiro, eu deveria aceitar minha condição com mais facilidade! O dinheiro não é capaz de me comprar pernas novas!
Com isso, Marco soltou Sofia bruscamente, que se apressou para sair do quarto e ficou esperando Marta lá fora. O único pensamento dela nesse momento, ela que os seis meses na Villa Turquesa passassem rápido.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 108
Comments
Vilma Decanini
logo logo estará apaixonado por ela
2025-02-05
0
Silvaneide Ágatha
👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿
2024-12-01
0
Silvaneide Ágatha
😭😭😭😭
2024-12-01
0