Capítulo 06

Há alguns anos, Marco sofreu um acidente de carro, perdendo o movimento das pernas. Vários especialistas foram chamados para tratar o filho do todo-poderoso senhor Gambino e alguns afirmaram que Marco poderia recuperar o movimento das pernas, desde que ele se esforçasse para aquilo.

Contudo, o rapaz se isolou do mundo e quanto mais o tempo passava, menos esperanças ele tinha de voltar a andar. Marco era o único herdeiro da grande fortuna do seu pai, que envolvia vários negócios lícitos e ilícitos. O senhor Gambino pagava de grande empresário na sociedade, mas essa fachada escondia sua principal atividade. Ele era o Capo da máfia da cidade de Nova York e Marco era seu sucessor.

Até pouco tempo antes do acidente, Marco era idolatrado por todos. Um homem jovem, extremamente inteligente e bonito. Todas as mulheres se jogavam aos seus pês e ele gostava de aproveitar isso. Todos os empregados do seu pai, que trabalhavam para máfia, estavam ansiosos para que Marco assumisse o lugar do pai como Capo, mas depois do acidente tudo veio abaixo.

“Um capo aleijado?”

“Um capo que não pode puder uma mulher?”

“Um capo que não pode nem se defender sozinho?”

“A máfia de Nova York estará acabada em pouco tempo.”

“Pobre Gambino. Não tem nem um bastardo para assumir tudo com mais dignidade do que Marco.”

Eram esses os comentários mais gentis sobre Marco. Ciente de tudo aquilo que falavam sobre ele, Marco não aguentava mais aquela situação e optou por tirar sua própria vida. Infelizmente, até nisso ele seria contrariado, pois Sofia entrou no seu quarto no momento exato que ele ativou o mecanismo da forca. Se ela tivesse chegado algum tempo mais tarde, ele estaria morto.

“Maldita garota.” Pensou Marco assim que o chefe de segurança se retirou do seu quarto, após deixar tudo em ordem, desmontando a forca que ele tinha criado. “Meu pai parece que estava prevendo isso ao mandar essa idiota para ficar de olho em mim.”Ele sabia que teria que adiar temporariamente seus planos, mas deu uma ordem expressa a todos os funcionários da casa: o que tinha acontecido naquela noite não poderia sair da Villa Turquesa. Seu pai não poderia saber de nada daquilo.

— Marco e a jovem? — Questionou o chefe de segurança. — Ela pode tentar entrar em contato com seu pai e contar tudo o que aconteceu.

— Duvido muito. — Refletiu Marco. — Ela está muito assustada e cansada para isso, mas amanhã, eu terei uma conversinha com ela pessoalmente.

No seu quarto, Sofia chorava com toda tragédia que estava sendo sua estadia ali. Ela mal tinha chegado naquela casa e tinha acontecido tudo isso. Sofia não pretendia incomodar Marco, mas também não passou pela cabeça dela que ele fosse tentar um suicídio no seu primeiro dia na casa. O pior de tudo é que ela não tinha como escapar daquela situação. Tinha que viver ali durante os seis meses que havia acertado para que a dívida do seu pai fosse paga.

Depois de uma noite mal dormida e sem sonhos, Sofia acordou logo cedo pela manhã sem saber o que deveria fazer. Não podia deixar Marco sozinho, mesmo que ele não quisesse sua presença, pois ele poderia tentar tirar sua vida novamente e aquilo iria recair nas costas de Sofia.

Assim que terminou de tomar banho, Sofia se enxugou em uma tolha macia e felpuda, vestindo somente um conjunto de calcinha e sutiã, ela voltou para seu quarto. Mal ela saiu do banheiro, ela estancou próxima à cama ao ver Marco, esperando por ela. Puxando um lençol para esconder seu corpo, Sofia o encarou surpresa.

— O que você faz aqui tão cedo? — Ela indagou, apertando o lençol contra seu corpo. Sofia ainda se sentia magoada pelo tapa que tinha levado em seu rosto na noite anterior e pelas ofensas que escutou.

Aquela sensação não era desconhecida para Marco, mas desde o acidente, ele não se sentia excitado por nenhuma mulher. Ele acreditava ter ficado impotente, mas ver Sofia vestindo somente um conjunto de calcinha e sutiã, ele sentiu uma fisgada em seu membro. Tentando se concentrar em outra coisa que não fosse o corpo de Sofia envolto por aquele lençol, Marco fitou Sofia em seus olhos.

— Você tem um celular? — Ele indagou erguendo as sobrancelhas, tentando demonstrar desprezo.

— Não. — Ela respondeu temerosa. — Fernando pegou me celular antes de me trazer aqui para Villa.

— Perfeito então. — Marco girou a cadeira de rodas em direção a saída do quarto de Sofia sem dizer mais nada.

“Era só isso que ele queria saber?” Pensou Sofia irritada com aquela invasão. Não tinha coragem para questioná-lo, ainda mais usando somente um conjunto de calcinha e sutiã, mas ela precisava esclarecer a situação dela ali naquela casa. Sofia não iria admitir se confundida com uma prostituta, como Marco se referiu a ela na noite anterior, ou nenhum outro tipo de ofensa. Caso contrário, aqueles próximos seis meses seriam seu fim.

Distante dali, em Nova York, senhor Gambino conversava com Matheus, seu consigliere e braço direito. Na máfia, um consigliere, é um conselheiro para o chefe. Tecnicamente, ele é desprovido de ambição e distribui conselhos desinteressados. Contudo, desde o acidente de Marco, secretamente, Matheus esperava ocupar o lugar do senhor Gambino na organização, pois seu filho não era mais apto para isso.

— Eu não entendi por que você mandou aquela jovem para morar na Villa Turquesa com Marco? — Indagou calmamente Matheus.

— Você não viu como ela é linda. Pode ser que isso de algum ânimo na vida do meu filho. Vários especialistas disseram que ele pode voltar a andar, que isso é um bloqueio na mente dele agora. — Senhor Gambino falava com esperança.

— E vários outros disseram que Marco nunca voltará a andar Gambino. Não vejo razão para deixar de ganhar dinheiro com a venda da jovem ao bordel dos Rogers.

— Matheus, eu não preciso do dinheiro da venda dessa jovem, me poupe! — Senhor Gambino respondeu irritado. — Ela é muito mais útil para mim, vivendo com meu filho. Marco nunca gostou de prostitutas. Sempre mandamos várias para Villa, mas ele sempre as dispensava. Quem sabe, aquela jovem com cara de anjo consiga mexer com ele.

— Bem, eu acho até arriscado deixar ela morando com Marco. Ela pode tentar algo contra vida dele. — Insistiu Matheus. Ele sabia que era muito difícil Marco se recuperar do acidente e voltar a andar, mas tinha receio que a presença da jovem lá pudesse colaborar em alguma coisa.

— Agora, você realmente enlouqueceu! A casa é cheia de seguranças! — Exclamou senhor Gambino. — Como uma jovem tola poderia fazer alguma coisa contra vida de Marco?!