Capítulo 14

— Ótimo, Doutor. Dessa forma, nós poupamos tempo um do outro. — Respondeu Marco de forma antipática e desinteressada.

Na verdade, o próprio Marco já tinha uma noção do que o médico ia falar e já estava preparado para ouvir uma longa lição de moral, no estilo do que Sofia havia falado. Obviamente, Dr. Eduardo já sabia que Marco não tinha ingerido somente uma grande quantidade de bebida alcoólica, mas também tinha encontrado vestígios dos comprimidos de Rivotril.

— Nós fizemos uma lavagem estomacal em você e estamos cientes que ontem, além de ter bebido bastante, você também ingeriu uma grande quantidade de comprimidos de clonazepam (Rivotril).

— Eu estava sem sono e não conseguia dormir. Por conta da bebida, eu posso ter tomado alguns comprimidos a mais sim. — Mentiu Marco. Somente Sofia sabia que ele tinha tentado se matar novamente.

— De fato, foi uma quantidade bastante exagerada. Já tivemos outros casos assim que são característicos de tentava de suicídio. — Dr. Eduardo fez questão de comentar aquilo antes de introduzir o assunto principal.

— Eu não sei se o doutor sabe com quem está falando, mas não me encaixo nesse quadro de tentativa de suicídio. Se eu quisesse me matar mesmo, nada me impediria. - Respondeu Marco disfarçando a frustração que sentia, pois de fato, graças a intrometida da Sofia, nem disso, ele era capaz.

— Tudo bem, mas o motivo para eu manter você aqui no hospital é outro.

— Então, vamos logo ao que interessa. — Interrompeu Marco de forma rude. — Você disse que gostava de ser direto com seus pacientes e está me enrolando.

— No seu prontuário foi registrado que você é deficiente físico, que não tem a mobilidade das pernas, mas não encontrei nenhuma lesão que justifique isso. — Explicou Dr. Eduardo.

— Isso é um mistério para vários outros médicos. Se você tivesse conversado mais tempo com Marta, uma das minhas enfermeiras, saberia que sofri um acidente e alguns anos e perdi o movimento das pernas. Muitos médicos disseram que eu ia me recuperar disso, mas até hoje continuo assim.

— Nós encontramos **Lidocória*** no seu sangue, Marco. — Dr. Eduardo falou de uma só vez, pois já estava impaciente com o deboche de Marco.

— E...?

— Essa substância ingerida a longo prazo causa paralisia dos músculos dos membros inferiores. — Concluiu Dr. Eduardo.

— Você quer dizer que eu não tenho mais deficiência nenhuma e que continuo paralítico, pois alguém está ministrando esse medicamento em mim, sem meu conhecimento?

— A primeira parte da sua conclusão está certa. Agora, você não tem nenhuma comorbidade ou lesão que o impeça de voltar a andar. A segunda parte, o fato é que sim, nós encontramos uma quantidade grande de **Lidocória*** no seu sangue e por conta disso você não consegue voltar a andar.

— Eu não posso ter ingerido isso em algum alimento ou pomada acidentalmente? - Indagou Marco confuso.

— Impossível. A quantidade no seu sangue é alta. Provavelmente são comprimidos que você toma todo dia.

Pensativo, Marco ficou encarando Dr. Eduardo impressionado. Claro que o médico não poderia acusar ninguém, mas com certeza, alguém na Villa Turquesa era responsável por aquilo. Um ódio tomou conta da Marco, que se ergueu bruscamente da cama.

— Doutor, por favor, chame Marta aqui dentro imediatamente. Ela é a enfermeira chefe na minha casa, responsável por todos os meus medicamentos.

— Desculpe, senhor Marco, mas acho que você não está pensando com clareza. Eu já sei que Marta trabalha com você desde o seu acidente, mas não acredito que seja inteligente essa abordagem tão direta. Também seria muito precipitado, você divulgar essa informação assim.

De fato, Dr. Eduardo tinha razão e ele estava sendo um excelente conselheiro para Marco. Surpreso e abismado com aquela revelação, Marco não estava conseguindo pensar direito tamanho era o ódio que ele sentia. Durante cinco anos, ele viveu preso a uma cadeira de rodas, sendo menosprezado pelos outros e isolado na Villa Turquesa. Sua vida havia mudado completamente. Ele tentou, por duas vezes, se matar e agora descobre que alguém, intencionalmente, fez isso com ele?!

— Você tem razão. Eu preciso descobrir quem fez isso. — Marco falou recuperando a frieza habitual. — Quer dizer que seu eu parar de tomar essa substância, eu vou voltar a andar? — Indagou com Marco esperançoso.

— Acredito que sim. Até sua fisioterapia está em dia. Não vejo por que você não poderia voltar a andar. — Afirmou Dr. Eduardo.

Sem saber se poderia confiar no médico ou não, Marco fico ansioso. Claro que não poderia dizer a ele que era herdeiro da máfia de Nova York, que provavelmente alguém próximo tinha intenção de que ele não recuperasse os movimentos das pernas, para tomar o seu lugar na máfia, mas Marco precisava da ajuda do Dr. Eduardo.

— O que devo fazer? — Pela primeira vez, Marco falou sem arrogância e se colocando no lugar de paciente.

— Isso que eu vou falar não pode sair daqui, pois como médico, eu não deveria levantar esse tipo de suspeita. — Dr. Eduardo começou a falar um pouco temeroso. — Eu não quis confirmar antes, mas sim, eu acredito que alguém, na sua casa, coloca comprimidos de **Lidocória*** para que você consuma com a intenção de que você não volte a andar. Não sabemos quem é... por conta disso, não é indicado que você volte para Villa ou que mantenha qualquer pessoa que trabalhe lá próxima a você.

— Eu não posso demitir toda equipe que trabalha na casa, eu preciso descobrir quem fez isso. — Marco falou com raiva. — Você precisa me ajudar Dr. Eduardo, não importa quanto vai custar.

— Eu posso manter você aqui no hospital por mais um tempo e aqui, nós começamos a limpar seu sangue. A pessoa que colocar esses comprimidos para você, dificilmente, vai conseguir fazer isso aqui, mas acho melhor evitar a presença do pessoal da sua casa aqui, nesse primeiro momento.

— Isso não é complicado. Eu estou em um hospital, então não preciso de nenhum suporte do pessoal da casa.

— Não existe ninguém lá em quem você possa confiar? Era bom ter alguma companhia aqui. — Sugeriu Dr. Eduardo.

— Vá por mim Doutor, eu não preciso da companhia de ninguém. — Marco falou de forma firme, pois tinha se afastado de tudo e de todos por conta da sua deficiência.

— Tudo bem. Isso fica a seu critério. Vou sair e conversar com Marta para explicar o motivo de manter você aqui no hospital.

— Não comente nada com ela. — Pediu Marco, pois não sabia se Marta era de confiança.

— Claro, não ia fazer isso. O assunto que tratamos aqui nesse quarto, por mim, não sairá daqui. — Dr. Eduardo era integro. Marco não sabia ainda, mas podia confiar nele sim.

**Lidocória*** Termo criado pela autora da história para se referir a uma substância que não existe. Lembrando que essa história de que se trata de uma obra de ficção e estamos usando a licença poética aqui.

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Comments

Euridice Neta

Euridice Neta

Acorda sr. arrogante tem alguém de confiança sim a Sofia,

2024-03-23

0

Lele “Lele” Almeida

Lele “Lele” Almeida

tem ervas tbm que faz isso infelizmente, não me perguntem pois não vou falar

2024-03-08

0

Maria Aparecida Alvino

Maria Aparecida Alvino

Autora faça com que ele permite que a Sofia fiquei com ele no hospital por favor

2024-02-29

0

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