Capítulo 12

Alessa

Eu passei a aula inteira completamente alheia à tudo!

Meus pensamentos estavam totalmente voltados a um certo homem, que mexeu demais comigo, a ponto de fantasiar aquelas mãos firmes segurando minha cintura, enquanto ele me beijava lentamente. Mas que pensamentos mais loucos!

Acorda, Alessa! O Sr. Harrison é seu chefe, um homem de uma classe social totalmente diferente da sua, e que provavelmente te confundiu com alguém que foi importante na vida dele. Não sei bem o porquê, mas esses pensamentos sabotadores me dexam triste, porque eu sei que eles me dizem a realidade.

Eu não posso me deixar envolver por essas sensações. Eu preciso desse trabalho, mas não quero ser apontada como a interesseira que se aproxima e sai com o chefe para ter privilégio ou coisa pior.

Ah, coração burro! Porque está tão acelerado por alguém que acabou de conhecer?

Fico meio perdida, com uma tristeza estranha. Mesmo assim, apresento meu trabalho e acompanho meus colegas apresentarem os seus. Quando a aula termina, caminho em direção ao portão da faculdade.

Eu nem tenho esperanças de que o homem que mexeu com meus pensamentos esteja me esperando, por isso, caminho desanimada em direção à estação do metrô, até ouvir aquela voz grave chamar meu nome, e esse coração idiota acelera no meu peito novamente.

Me viro em direção ao som da sua voz, e o vejo, ainda mais lindo, encostado num carro esportivo preto, com as mãos nos bolsos da calça jeans.

Ele está vestindo uma camisa Polo azul marinho, com pequenos riscos brancos na gola, um sobretudo preto, calça jeans clara, um sapato mais esportivo. E aquele sorriso que me faz derreter e querer fotografá-lo e guardá-lo na memória.

Ele caminha na minha direção, e minha nossa! Parece uma miragem...mas não...ele é real, e tenho a prova disso quando sinto sua mão tocar a minha, beijando meus dedos com carinho.

- Esqueceu de mim, princesa? - ele diz, fazendo um carinho gostoso na minha mão. - Você disse que eu poderia vir te buscar, então, aqui estou.

- Eu...não pensei que viria...- falo baixo.

- E porque pensou isso? - ele franze o rosto. - Eu estava ansioso pra que sua aula terminasse logo. - ele sorri. - Vamos? Quero te levar pra jantar. - ele entrelaça nossos dedos e sai me puxando, até seu carro.

- Mas...nós não íamos tomar um café?. - pergunto, confusa. - E...bom, eu não acho que estou vestida de uma forma apropriada para ir a um restaurante...- falo, meio envergonhada, pois ele está muito elegante, apesar da roupa casual.

Ok! Não é só a roupa que me preocupa. Mas, eu trabalhei o dia inteiro. Saí do trabalho direto pra faculdade. Nem tive tempo de tomar um banho, e o meu chefe, lindo, gato, está aqui todo cheirosinho, me chamando pra sair, e eu...bom, eu só queria ir à uma lanchonete simples e tomar um bom café!

Uma calça jeans desfiada no joelho, uma camisa branca básica e uma jaqueta preta, esse é o modelito que estou vestindo e, francamente, não acredito que outras pessoas usem isso nos restaurantes que um homem como o sr. Harrison deve ser acostumado a frequentar.

Ele parece perceber minha inquietação e me encara com aquele olhar carinhoso.

- Você está linda, minha menina! - ele se aproxima mais, me deixando nervosa. - Não se preocupa com nada. Eu vou te levar a um lugar maravilhoso, aconchegante e com uma comida incrível. Você não precisa se sentir incomodada, seremos só nós essa noite. - ele aperta o controle do carro e em seguida abre a porta pra mim. - Vamos, minha princesa?

Sorrio levemente e, com um pequeno aceno, agradeço a gentileza.

Aí minha nossa! Eu estou saindo da faculdade, direto pra um jantar com meu chefe, um homem que praticamente acabei de conhecer, mas que me deixa com as pernas bambas, taquicardia e formigamentos pelo corpo...que loucura é essa!?

- Pronta? - ele pergunta, assim que entra no carro.

- Ah...sim...eu só..- quando vou por o cinto de segurança ele segura minha mão e me encara.

- Deixa que eu faço isso! - ele diz e se inclina na minha direção, parando o rosto bem próximo ao meu, me fazendo sentir sua respiração contra minha pele.

Meu coração acelera ainda mais e minha respiração fica pesada de repente.

Sinto o ar parecer faltar nos meus pulmões, e aqueles lindos olhos azuis desviam lentamente em direção à minha boca, onde parecem permanecer olhando fixamente por longos segundos, até voltarem a encarar os meus olhos, parecendo enxergar até a minha alma.

Engulo seco, e umedeço os lábios, pois eles parecem ressecados de repente.

- Assim fica difícil...- ouço ele murmurar, enquanto fecha a mão, apertando o cinto de segurança com força e respirando fundo. - Vamos, antes que eu perca o contole.

Ele suspira mais uma vez e se ajeita no banco do motorista, colocando o cinto e o vejo apertar o volante com força, antes de dar a partida no carro e sair pelas ruas.

Eu sei exatamente o que ele sentiu, pois eu senti igualzinho!

Minha vontade? Puxar ele pra mim e o beijar. Sentir os lábios dele nos meus e, sinceramente, estamos a alguns minutos em um total silêncio nesse carro, mas minha vontade de beijá-lo só aumenta.E pra piorar, esse perfume amadeirado, intenso e marcante, fica aguçando meus sentidos.

Eu fecho os olhos e tento me concentrar em qualquer outra coisa que me tire desses pensamentos perturbadores, mas a mão do Sr. cheiroso, que agora está sobre a minha, não me ajuda nem um pouco.

O toque suave e ao mesmo tempo firme, a mão quente e os dedos longos, aquela sensação de conforto e aconchego, a corrente de eletricidade que percorre meu braço e parece se espalhar pelo meu corpo, sem que eu consiga controlar...como pode alguém causar tantas sensações em mim, com apenas um toque!?

Eu realmente não quero me deixar levar, eu não posso! Mas o que eu vou fazer? Se minha razão me diz pra me afastar, sair desse carro e correr para o mais longe possível, antes que seja tarde e eu me magoe com esse homem...mas meu coração acelera tão desesperadamente por ele, meu corpo parece reagir à ele. Simplesmente Noah Harrison me causa sensações e sentimentos que até poucas horas atrás eu jamais tinha experimentado e isso...isso me assusta, me apavora, ao mesmo tempo que me faz sentir nas nuvens!

Sentimentos tão conflitantes, tão intensos e tão repentinos, que me deixam imersa em pensamentos, até ouvi-lo me chamar, enquanto me encara com o olhar confuso.

- Princesa? Está tudo bem? - ele dá um leve aperto em minha mão.

- Sim...hum...desculpa. Eu me distraí.- falo, forçando um sorriso.

- Você parecia distante. Te chamei algumas vezes...

- Desculpe...

- Não precisa se desculpar. - ele acaricia meu rosto e aquilo me faz sentir uma sensação maravilhosa e ao mesmo tempo assustadora, que me faz derramar uma lágrima, mas só percebo quando ele a seca com o polegar.

- Alessa...- ele diz, num tom preocupado. - Eu...fiz algo errado? Porque se eu te assustei ou...

- Não! - digo, dando um longo suspiro. - Você não fez nada errado. Eu só...- tento organizar meus pensamentos, mas meu coração acelera. - É muita novidade, é isso.

- Eu entendo. - ele sorri. - Mas acredite, eu não estou muito diferente de você nesse momento. - ele respira fundo algumas vezes. - Olha, você ainda não sabe, mas te conhecer foi um divisor de águas na minha vida. Você apareceu num momento que eu mais precisava e nem eu mesmo sabia disso. E te reencontrar...- ele sorri levemente. - Eu nem sabia que queria tanto te reencontrar, até te ver novamente e...- ele olha bem no fundo dos meus olhos, me fazendo mergulhar naquela imensidão azul. - Eu não sei quanto a você, mas eu, Noah Harrison, não consegui parar de pensar em você um minuto sequer desde que te vi. Você entende? Consegue entender o tamanho da minha inquietação em estar tão próximo à você e morrendo de vontade de sentir seu beijo, seu cheiro, te sentir aconchegada nos meus braços, mas morrendo de medo de ser precipitado e de assustar você? Medo de acabar te afastando de mim e...só esse simples pensamento já aperta o meu coração. É assustador, mas maravilhoso ao mesmo tempo. É intenso e louco...é paixão, Alessa! - ele suspira e meneia a cabeça. - Não! É mais...eu não sei o que é, mas é forte demais!

Eu fico em silêncio, porque sei exatamente como ele se sente.

Mas então porque eu não consigo dar o passo seguinte? Porque não consigo quebrar essa barreira?

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