Capítulo 8

Depois de terminar o expediente, meu irmão e eu voltamos pra casa, e aproveitei o trajeto para conversar com ele e mostrar quem exatamente a Judy era.

- Poxa, Lessa! - ele bufa, apertando o volante. - Custava ter me falado que ela tentou te prejudicar!? Eu nem teria dado confiança pras inúmeras investidas dela.

- Adam, a questão não é o que ela fez comigo, e sim, o que ela pode fazer com você, pra te prejudicar, caso esse rolo de vocês a magoe de alguma forma. - falei, preocupada. - Judy não é do tipo que parece aceitar bem quando as coisas não saem como ela quer, então por favor, tome cuidado para não ser prejudicado. Sei que você gosta desse trabalho e o salário te ajuda a pagar a faculdade. - o encaro com carinho, assumindo minha postura de irmã mais velha. - Eu só estou te alertando, para o seu próprio bem, porque me preocupo com você e, sinceramente, não vou estar por perto pra garantir que você evite ceder aos desejos do seu corpo e caia nas garras daquela fulaninha safada.

- Ok, mamãe! - ele sorri, mas sei que ele entendeu. - Vou tomar mais cuidado e manter distância da Judy. Mas, se te serve de consolo, nós nem chegamos a...você sabe...- ele faz um gesto com a cabeca e eu reviro os olhos.

-Adam, por favor! É sério isso? Me poupe dos detalhes. - reclamo.

- O que!? - ele ri. - Você chegou bem na hora e eu tive que parar, logo na hora que a brincadeira estava ficando boa...

- Você é nojento! - falo, cruzando os braços e bufando.

- Ok, irritadinha. Não falo mais sobre isso com você.

- Eu agradeço imensamente. Você não imagina o quanto é constrangedor ouvir meu irmão caçula falando sobre suas aventuras sexuais. - faço cara de nojo.

- Bom, melhor do que ouvir você falando sobre isso, não é mesmo?

- Ei...- dou um tapa no braço dele, que ri de mim. - Eu não tenho...eu nunca...você sabe. - falo, envergonhada.

Ele para o carro no sinal e me encara por uns instantes, antes de falar, num tom sério.

- Olha, é sei disso! E sinceramente, acho que não estou pronto pra quando esse dia chegar. - ele respira fundo. - Só espero que quando decidir se entregar pra alguém, que seja porque você realmente quer e se sente segura para dar esse passo. - ele segura minha mão e aperta levemente. - Não quero te ver sofrendo por ter feito algo tão importante com um babaca como eu. - ele sorri, desanimado.

- Ei...- dou um leve sorriso.- Você não é um babaca! - o encaro, estreitando os olhos. - Só não quer ou não conseguiu entregar seu coração pra alguém...

- Um coração partido dói muito, Lessa...- ele parece triste de repente. - Não sei se vale a pena entregá-lo a alguém.

Eu sei, ele ainda sente a dor de ter amado e ter sido usado. A Britany era imatura demais e acabou quebrando o coração dele quando o largou sem mais nem menos. Mas foi essa dor que o fez virar o cara pegador que ele é hoje, saindo com todas, mas sem se apegar à nenhuma.

- Adam...

- Hum...

- Quero sorvete! - falo, quebrando o silêncio que se formou entre nós.

- Assim? Do nada! - ele sorri.

- Sim! Consegui um bom estágio. Acho que mereço!

- Ok! Você realmente merece! - ele fala. - E como eu sou um super irmão, vou ficar em casa essa noite, e pediremos pizza, pra comemorar em família. O que acha?

- Mas, e o seu lance? - pergunto, confusa.

- Você e nossa família são mais importantes que isso! - ele fala, estacionando o carro próximo à sorveteria. - E eu amo pizza!

- Pode ser de quatro queijos? - pergunto.

- Só se for metade calabresa. - ele retruca.

-Ok, mas você paga o sorvete!

- Aff, porque não estou surpreso?!

saímos do carro em direção à sorveteria e, sinceramente, eu amo essa conexão que tenho com meu irmão, e não trocaria isso por nada!

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