Capítulo 5

Realmente ela é muito talentosa e bem detalhista, professor. - falo, olhando tudo com atenção.

- Ela é muito esforçada. Uma moça de boa família, estuda durante o dia e trabalha numa lanchonete à tarde, para ajudar a pagar a faculdade, apesar dos protestos dos pais. Eu queria ajudá-la de alguma forma, e pensei que estagiar na área em que ela estuda será muito útil. Mas ela ainda não está no último semestre e até agora só apareceram vagas não remuneradas. - ele parece frustrado.

- Eu vou ajudar essa moça, professor. - falo, guardando as fotos

- É mesmo? Nossa, muito obrigado, meu filho. - ele aperta minha mão, sorrindo.

- Não me agradeça ainda. A permanência no estágio irá depender do desemprego dela. Vou dar essa oportunidade não só por nossa amizade e consideração que tenho pelo senhor, mas também porque me impressionei positivamente com essas fotos.

- Você não vai se arrepender, tenho certeza. - ele diz, firme. - Alessa vai ficar tão feliz com essa surpresa.

- Alessa? - pergunto, confuso.

- Sim, o nome da mocinha que tirou essas lindas fotos que te mostrei. Ela ainda não sabe que vim até aqui falar com você, na verdade, ela nem imagina que eu estou procurando essa vaga pra ela. Mas tenho certeza que será uma ótima notícia.

- O senhor fala com muito carinho dessa moça, professor.

- Ah, meu jovem. Eu sou um velho professor que já está acostumado a ver vários alunos entrando e saindo das minhas aulas, sem nem sequer me dar um bom dia, ou disfarçar os cochilos durante minhas aulas. Então, fico com o coração alegre quando vejo paixão nos olhos de um aluno. Ela me lembra muito você, durante seus tempos de faculdade. A mesma garra, a paixão por aprender, a curiosidade latente, isso é que deveria motivar as pessoas e não somente o dinheiro que a carreira pode proporcionar. - ela parecia triste.

- O senhor é um grande homem e eu tenho muito orgulho de ter sido seu pupilo e ter aprendido tanto com suas aulas e seus conselhos. - aperto seu ombro.

- Obrigado, Noah. Você é um bom rapaz! - ele sorri, de um jeito carinhoso. - A menina Alessa vai ficar radiante com a novidade. Vou contar à ela ainda hoje.

- O senhor a chama de menina... Ela é tão jovem assim? - perguntei, curioso.

- Uma moleca de 21 anos. Vive se enfiando na sala de artes e às vezes a encontro suja de tinta pelos corredores da faculdade, ou tomando banho de chuva no final das aulas. - ele sorri com a lembrança. - Mas é responsável e muito determinada. Se esforça em tudo e é a melhor aluna da turma. Como eu disse, ela me lembra muito você!

- Entendo. - falo, meneando a cabeça. - Bom, eu vou precisar viajar e ficarei fora por alguns dias. Peça que ela venha amanhã e procure a Gisele. Ela é a responsável pelo setor de fotografia. Fique tranquilo que já vou deixar tudo adiantado hoje mesmo.

- Mais uma vez muito obrigado, Noah! - ele se levanta e aperta minha mão. - Apareça lá em casa. Minha esposa sente falta de receber suas visitas.

- Pode deixar, professor.Vou aparecer com certeza. Estou com saudades dos biscoitos que só a dona Elisa sabe fazer.

Ele concorda e eu o acompanho até a porta. Após nos despedirmos novamente, ele se vai e eu vou até a minha mesa e faço algumas ligações, para agilizar o processo de entrevista da nova estagiária.

- Alessa...que nome diferente. - falo, sozinho.

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