Capítulo 9

O fim de semana passou rapidinho. No sábado pela manhã, eu fui até a Fênix para levar meus documentos e conhecer a Gisele, minha chefe.

Ela com certeza é uma mulher muito talentosa. Além de linda e extremamente simpática.

- Olha, eu gostei de você! - ela disse, quando conversamos um pouco. - Você será minha Litle Girl.

Olhei pra ela, que sorria por me ver confusa.

- Calma, eu explico. - ela disse. - Minha, porque você será minha pupila, e eu vou te moldar profissionalmente do meu jeitinho. Litle, porque obviamente, você é uma miniatura fofinha, daquelas que a gente tem vontade de apertar as bochechas. - ela fez um gesto engraçado. - E girl, bom, você é uma garota, né!?

Eu achei engraçado e um pouco estranho, mas não questionei. Bom, ela me contou que estava na empresa em pleno sábado porque precisava fazer uma sessão de fotos e as modelos só estariam disponíveis nesse dia.

Então, pra minha surpresa, ela me deixou participar de tudo, como sua assistente, e no final, Gisele me disse que esse foi meu teste e que eu me saí tão bem, que ela me colocaria como sua assistente pessoal, já que estava precisando de uma e eu dei conta do recado direitinho.

Mas como nem tudo são flores, tive que mudar meu curso pro turno da noite, porque Gisele precisa de mim na empresa bem cedo.

Então, cá estou eu, saindo correndo do trabalho pra não chegar atrasada na faculdade.

Aperto o botão do elevador e, assim que as portas se abrem, entro rapidamente, apertando o botão do térreo.

Quando as portas se abrem, eu saio tão apressada, que nem presto muita atenção, esbarrando em alguém, o que me faz derrubar a pasta que estava nas minhas mãos.

- Me desculpe, senhor. - abaixo-me, depois de pedir desculpas ao homem à minha frente, sem nem prestar atenção no rosto dele.

Meus desenhos estão todos espalhados pelo chão, junto com algumas fotografias que eu irei apresentar em um trabalho.

Começo a juntar tudo, me xingando mentalmente por ser tão desastrada.

Mas vejo duas mãos começando a pegar os papéis e fotos, me auxiliando.

- Obrigada, mas pode deixar, eu cato. - falo, chateada. - Eu sou um desastre ambulante. - sorrio sem humor.

- Esses desenhos...são seus? Digo, foi você quem os fez? - a voz grave me chama a atenção e só então, ergo meu rosto, me deparando com um par de olhos azuis, tão lindos e intensos, que parecem me puxar, me prender, me fazendo focar neles, sem conseguir desviar o olhar.

Me sinto totalmente hipnotizada pela beleza e profundidade daquele olhar. Mas, sem perceber, começo a admirar o rosto do desconhecido gentil.

A pele clara, os cabelos loiros, num corte despojado, porém, com os fios alinhados. Um belíssimo par de olhos azuis...eu já disse isso né? Pois é, são lindos.

Mas o conjunto da obra é belíssimo! O nariz, a boca bem desenhada, a barba por fazer, o maxilar tão lindo. Corro meus olhos pelos ombros e peitoral largos, escondidos debaixo de um terno que parece ser sob medida, pois modela os músculos dos braços. As pernas também, estão marcadas sob a calça, que agora aperta e mostra ainda mais suas formas, pela posição em que ele está, abaixado à minha frente.

E o perfume...nossa, que perfume delicioso! Que impacto é esse que um homem estranho causou em mim!?

Quando finalmente recobro meu juízo e saio dos meus devaneios, meu olhar encontra o dele, e o vejo me encarar como se eu fosse um ser de outro planeta!

Seus lábios estão abertos, como se ele estivesse surpreso...muito surpreso. Ele me encara fixamente e eu começo a pensar, será que eu estava fazendo essa mesma cara, enquanto dava aquela conferida no gato gentil?

Mas, quando tento me levantar, ele segura minha mão, e nesse momento, sinto algo tão intenso...

Um formigamento, uma corrente de eletricidade deliciosa, percorrendo todo o meu corpo, iniciando exatamente onde a mão dele está tocando a minha.

Eu olho nossas mãos unidas, o toque firme e quente sobre minha pele, e meu coração acelerado, tão acelerado que eu sinto como se qualquer um pudesse ouvir meus batimentos.

O homem finalmente suaviza as expressões e sorri gentilmente, enquanto me olha com carinho, até que diz.

- Finalmente te encontrei, minha litle Angel...

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