Capítulo 10

Noah Harrison

Essa semana não estava sendo tão boa quanto eu esperava...pelo menos até agora!

Eu viajei para Seattle para resolver as pendências de uma boate que eu comprei. Eu sou publicitário, mas invisto em outros negócios também.

Sou dono da Prime Star, uma das boates mais badaladas de Nova York. E agora comprei outra em Seattle e estou reformando.

Mas eu também invisto em ações, claro! Minha fortuna não se formou da noite pro dia. Eu contratei o Leonardo como diretor financeiro da Fênix, mas ele também é meu consultor financeiro pessoal. Ele me ajuda a administrar e multiplicar meus rendimentos, o que me tornou o bilionário que sou hoje, e os números na minha conta só aumentam a cada ano.

Só que, como eu disse, a semana estava ruim. Eu descobri várias irregularidades no prédio da boate que comprei, estava com muitas licenças vencidas, a estrutura do imóvel estava com infiltrações, enfim, só dor de cabeça.

Então, eu e o engenheiro tivemos que sentar e avaliar tudo novamente, porque antes da parte estética, eu terei que mexer na estrutura, parte elétrica, hidráulica. Achamos melhor começar do zero, tipo, como se fosse uma construção nova, já que os problemas também eram estruturais.

A obra que inicialmente seria uma reforma e duraria cerca de 15 dias, agora será uma construção, com prazo previsto para 2/3 meses. Fora que o custo disso tudo triplicou o orçamento. Ainda bem que, pela localização e projeto, tenho certeza que esse investimento terá um retorno bem rápido, depois que a boate abrir as portas.

Voltei a Nova York hoje pela manhã. Passei no meu apartamento somente pra tomar um banho e me trocar, depois fui direto pro restaurante do meu pai, onde marquei um almoço com um empresário italiano, Sr. Lorenzo Ricci.

Nosso almoço foi muito agradável, a comida do meu pai é maravilhosa e foi muito elogiada pelo sr. Ricci. Após comermos, fechamos um contrato de divulgação da vinícola Ricci. Eles produzem um vinho excelente, com sabor marcante e muito refinado, que fez meu pai ficar encantado. E olha que meu pai é um bom conhecedor de vinhos, bem difícil de se impressionar.

Saí do restaurante direto pra minha empresa. Trabalhei quase a tarde toda, revisando umas campanhas e analisando alguns contratos.

Estava lendo o esboço de uma campanha nova, quando ouvi alguém batendo na porta, e eu pedi que entrasse.

- Noah! - Gisele entrou, sorrindo. - Mal chegou e já está com a cara enfiada em trabalho! - ela suspira.

- Oi pra você também, Gisele! - falo, a encarando. - Alguém tem que trabalhar nessa empresa, não acha!? - ela apenas faz uma careta, antes de se sentar na cadeira, à minha frente.

Gisele é minha amiga há muitos anos. Fizemos faculdade na mesma época. Ela se formou em fotografia, e é uma profissional como poucas. Apesar de ter apenas 26 anos, tem uma habilidade muito grande e é muito séria, quando o assunto é trabalho.

- Eu concordo! E como você é o dono, nada mais justo que você fazer a parte chata, não é mesmo? - ela se recosta na cadeira. - Mas, eu vim aqui pra te agradecer...

- Posso saber pelo quê?

- Hum...talvez..- ela me olha com cara de quem aprontou. - Só talvez...eu tenha tomado uma decisão sem a sua permissão.

- O que você aprontou dessa vez, Gisele Sanchez!? - falo, ficando tenso.

- Calma, Noah! - ela fala, bufando. - Eu precisava de uma assistente, correto? - apenas concordo, acenando. - Então, a estagiária que você me mandou entrevistar foi tão boa me ajudando na sessão de fotos, no sábado, que eu meio que a contratei como minha assistente pessoal.

Ela fala da forma mais simples. Ok, ela precisava de uma assistente. E de mais a mais, não vejo problema nenhum, já que ela disse que a moça fez um bom trabalho.

- Tudo bem, Gisele. - dou de ombros. - Só não quero você exigindo demais da moça. Você sabe que ela ainda faz faculdade e nós não queremos que o trabalho atrapalhe a vida acadêmica dos nossos funcionários, por isso temos horários flexiveis para os que estão estudando.

- Eu sei, eu sei. - ela faz um gesto com as mãos. - Ela só teve que mudar o horário do curso. - ela parece pensar. - Por falar nisso, deixa eu ir, senão a pobrezinha vai se atrasar. - ela se levanta e eu franzo a testa.

- O que eu acabei de falar sobre não atrapalhar as aulas da pobre moça!? - a repreendi.

- Ok, Sr. Harrison! - ela revira os olhos. - Mas, mesmo assim, obrigada! Minha Litle Girl é um amorzinho, toda delicadinha, fofinha e muito prestativa, dedicada e aprende tudo muito rápido.- ela fala, empolgada.

- Parece que você gostou mesmo dessa moça...

- Ah, sim! Ela é ótima. Você deveria conhecê-la...ela é linda e está solteira. - ela dá um sorrisinho malicioso.

- A moça veio aqui pra trabalhar, Gisele! - falo, sério. - E você vai atrasar ela se continuar aqui falando besteiras.

- Ops! É verdade. Bye! - ela sai, me deixando sorrindo sozinho com suas loucuras.

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Eu encerrei meu expediente e estava saindo da empresa, quando encontrei o Carl, nosso porteiro, e fiquei conversando com ele, até sentir alguém trombar em mim, com uma certa força.

Vi vários papéis caindo, espalhados pelo chão, e uma moça baixinha se desculpar, sem erguer o rosto, se abaixando para recolher as coisas.

Me abaixei e quando comecei a ajudá-la ela disse que não era necessário, mas eu comecei a recolher os papéis mesmo assim, pois não me Custava nada ajudar.

Peguei um dos desenhos e prestei um pouco mais de atenção aos detalhes, os traços, eram realmente bons. Então questionei se ela era a autora dos desenhos, mas assim que ela ergueu o rosto, foi como se tudo ao redor parasse, congelasse...era ela! A minha Litle Angel..

Eu fiquei completamente sem ação, assustado, surpreso, admirado...como? Aqui, na Fênix?

Meu olhar não conseguia desviar dela, até que a vi tentar se levantar e, num impulso, segurei sua mão e...Puta merda!

Eu senti, sim eu senti, aquela sensação louca de querer beijar, abraçar, cuidar, proteger, tudo junto. Senti meu coração errar as batidas, meu corpo inteiro pareceu tremer, mas era uma sensação tão boa, tão intensa.

Eu nunca senti isso antes! E quando vi a confusão naqueles olhinhos, a testinha franzida...como ela estava ainda mais linda do que a última vez em que a vi.

Meu coração não se continha, pulando dentro do meu peito, me deixando desnorteado com aquele simples toque, sentindo a pele macia, e o perfume suave preenchendo meus pulmões.

Eu então sorri, sentindo uma vontade enorme de acariciar o rosto dela.

- Finalmente te encontrei, minha Litle Angel! - foi a única coisa que consegui dizer.

- O que o senhor disse? - ela quis saber, me encarando confusa.

- Eu...eu...você não se...se lembra de mim? - perguntei, esperançoso.

- Ah...eu deveria? Digo, nós já nos conhecemos? - ela pergunta.

- Sim, minha menina! E você não faz ideia do quanto eu esperei pra te ver de novo! - falei, sentindo meu coração se aquecer.

- Olha...desculpa, Sr? - ela questionou novamente, puxando sua mão lentamente, como se também não quisesse interromper nosso contato.

Ela terminou de juntar suas coisas e se levantou. Eu, novamente agi por impulso, e ajeitei o cabelo dela, prendendo uma mecha atrás da orelha e não resistindo, deslizei meus dedos pelo seu rosto, sentindo sua pele macia.

Estranhamente, ela não se afastou, apenas fechou os olhos, parecendo aproveitar aquele carinho. Eu senti, senti uma vontade incontrolável de me aproximar, de abraçá-la e sentir o corpo dela aninhado nos meus braços, o cheiro dela, senti vontade de beijá-la...sim, eu quero beijá-la desesperadamente, como se não houvesse amanhã!

Mas que droga está acontecendo comigo?

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