Sophia
narrando
Eu desço para ficar na frente do meu prédio porque não queria que
Frederico subisse, Saimon estaria de olho nas câmeras e eu sei que depois ele
infernizaria a minha vida.
Eu vejo uma moça empurrando um carrinho com bebê dentro, ele
deveria ter uns seis meses de vida, no orfanato eu ajudava a cuidar dos bebês e
eu amava, eles eram tão queridos e divertidos. Eu olho para barriga dela e vejo
que ela está gravida e por algum momento eu lembro das semanas que eu me senti
gravida e escondi de Saimon, depois eu vivi um inferno. Se ele não tivesse me
feito tirar a minha barriga já estaria crescendo e já estaria provavelmente
sentindo o bebê mexer dentro de mim.
Do outro lado da rua vejo uma mulher gravida com um barrigão
enorme e eu engulo seco o sentimento de vazio que eu senti naquele momento, eu
fico observando depois a criança que aquela mulher ainda está parada no
carrinho com aquele bebê, ele parecia me olhar e sorri e eu sorrio de volta
para ele.
- Sophia – A voz de Frederico soa do meu lado e eu limpo as
lagrimas que descia sobre meu rosto rapidamente. – você está chorando?
- Não – eu falo dando um leve sorriso – apenas um cisco caiu no
meu olho.
- Parece choro – ele fala e olha para criança no carrinho.
- É impressão sua – eu falo
- Por que está aqui embaixo? – ele questiona.
- Lá dentro estava muito abafado e eu gosto de vir pegar um aqui
na frente e ver o movimento – eu falo.
- Você é sozinha\, não é? – ele pergunta.
- Andou pesquisando sobre mim? – eu pergunto.
- Você pesquisou e eu também – ele fala.
- As vezes eu prefiro ficar sozinha do que ter pessoas me
incomodando sabe – ele assente – é uma opção minha.
- Você nunca pensou em voltar para o Brasil e ficar com a sua
família? – ele me pergunta.
Eu penso em sua pergunta e por muitas vezes questionei sobre os
meus parentes e sobre a minha família, mas Saimon mesmo já me disse que todos
acredita que eu estava morta e que nunca ninguém me procurou.
- É complicado – eu falo me levantando – as vezes\, é melhor deixar
família, parentes para trás. Eu não queria voltar para o meu apartamento, é um
prédio de família, bastante estudantes e depois vão ficar dizendo que estou
recebendo visitas de homem na minha casa e aí você já sabe como vai ser a
falação. – ele sorri de canto.
- Podemos dar uma volta – ele fala.
- Vai ser legal – eu respondo.
Ele abre a porta do carro para que eu entre e depois ele o entra e
liga, eu coloco o cinto de segurança e ele começa andar, ele para na faixa de
segurança e a mesma moça grávida que eu vi passa na faixa, eu a encaro passando
alisando a sua barriga e eu sigo ela com os meus olhos.
- Você tem filhos? – ele pergunta e eu o encaro.
- Não – eu falo. – é que – ele me olha – eu perdi um bebê a um mês
atrás, eu já estava mais de 20 semanas.
- Eu sinto muito – ele fala.
- Eu dei a luz a um bebê morto – eu falo – aquele dia foi o pior
dia da minha vida e olha que eu já passei por muita coisa – ele me encara com o
carro parado na faixa – era como se tivesse arrancado um pedaço de mim. – eu
deixo uma lagrima descer e sinto sua mão limpando-a. – me perdoe, eu não posso estar
falando essas coisas com você.
- Por que não? – ele pergunta.
- Porque você é um chef de máfia\, um assassino frio e calculista –
ele começa rir – não tem coração.
Ele liga o carro e começa a dirigir e eu fecho os meus olhos.
Que merda que você falou Sophia? Por que você se abriu dessa forma
com ele?
Ele para o carro na frente de uma case, ele desce e depois abre a
porta para que eu desça.
- Quem mora aqui? – eu pergunto.
- A casa é minha\, mas ainda está vazia. – ele fala – estou ainda
reformando algumas coisas nela.
- ela é bonita – eu falo e ele me encara.
- É sim\, essa casa começou a ser construída antes de Antonio
nascer, depois minha mãe ficou doente as coisas foram deixadas de lado e eu
retomei a construção, porém muitos anos ela abandonada, teve que ter uma grande
reforma – ele fala. – Eu me lembro que vinha pequeno com ela acompanhar as
obras.
- Achei que vocês não tinha mãe – eu falo.
- Como assim? – ele pergunta.
- Não sei – eu falo – sei lá\, são criados por outras pessoas\, não
tem contato com a mãe.
- Onde você viu isso? – ele pergunta – em qual fanfic você leu uma
coisa dessa? Somos pessoas normais, com famílias normais, a máfa é como se
fosse uma grande empresa, uma tradição passada de geração para geração, como se
fosse um sobrenome, precisamos honrar. O problema só que hoje virou uma guerra
de poder, antigamente as coisas eram mais tranquilas, hoje as pessoas querem
matar por nada.
- Você é contra uma guerra? – eu pergunto.
- Eu sou contra a gente sair matando apenas para satisfazer o
nosso ego – ele fala – isso eu sou contra – ele me olha – existe tantas pessoas
morrendo, meu pai foi vítima, ele foi morto por uma mulher misteriosa – eu
engulo seco e começo a suar, nesse momento eu começo achar que ele sabe quem eu
sou – alguém a mando ou querendo se vingar, e é muito dificil descobrir quem é.
- Eu sinto muito pelo seu pai – eu respondo para ele.
- Eu sinto muito pelo bebê que você perdeu\, eu imagino a dor que
você deve ter sentido – ele fala. – e o pai?
- De quem? – eu pergunto
- Do bebê? – ele pergunta.
- Eu não faço ideia\, quando eu contei da gravidez ele foi embora –
eu falo – ele negou a criança, queria me obrigar a tirar e no final o desejo
dele aconteceu,
- Vocês estava juntos a muito tempo? – ele pergunta.
- Sim\, desde que eu cheguei na Australia\, ele foi o primeiro homem
da minha vida – eu falo – eu não posso dizer que foi o único depois de ontem –
ele arqueia a sobrancelha.
- Ele era um babaca – ele fala – você é linda e parece ser uma
menina incrível, quem não iria querer formar uma família com você? Apenas um
louco.
- Talvez\, ele seja mesmo – eu respondo.
- Eu tenho certeza que ele é – ele fala – eu sou contra machucar
ou usar uma mulher, você está certa quando supôs que a gente não fosse criado
pelas nossas mães, a maioria ver mulheres como um objeto, querem apenas usar e
depois descartar e isso é completamente errado.
- Existe mulheres que se submete a isso – eu comento.
- Não – ele fala – existe mulheres que são manipuladas Sophia\, a
maioria das esposas dos mafiosos são manipuladas, treinadas para serem
submissas, acatarem ordens e fazerem o que eles querem. Não existe vidas
saudáveis para elas, um erro, uns simples erros podem levar elas a morte pelas
mãos dos próprios maridos – eu o encaro.
- E você\, não é assim? – eu pergunto
- Meu pai sempre me ensinou de outra forma – ele fala – eu estudei
fora, conheci um mundo diferente e menos machistas. Mulher nenhuma é objeto na
mão de um homem e mulher nenhuma deve se submeter a obedecer alguém, a ser
machucada por eles - eu cruzo os meus
braços e ele se aproxima – o pai do seu bebê alguma vez te machucou? – eu olho
para ele – Sophia? – ele me pergunta olhando em meus olhos. – Me responda – ele
afirma me encarando.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Comments
Solange Coutinho
Ele falou tudo sem saber o quê realmente aconteceu e continua ate hoje tudo o que o Saimon faz com ela
2023-10-22
0