capítulo 12.

Abri os olhos devagar e a cabeça ainda doía muito, o corpo também mais nada era tão perturbador do que eu me lembrava.

Agora estava ouvindo vozes, estava alucinando em plena luz do dia?

Definitivamente era apavorante saber que estaria sozinho naquele lugar, acabaria sozinho e louco na antiga casa dos Trents. Isso a melhor das hipóteses.

_ Meu Deus! O que esta acontecendo comigo? Será que estou mesmo ficando louco?

Até o leve gesto de passar a mão no rosto era muito mais doloroso do que o normal, minhas costelas doíam mais não de um modo insuportável.

Aquela gente era maluca.

Foi a única conclusão que pude encontrar.

Algumas horas depois um médico veio me colocar a par de toda a situação, e me tranquilizar dos meus ferimentos serem superficiais.

Me senti estranho em passar por uma consulta médica depois de tantos anos.

Um médico de verdade com jaleco branco e tudo , parecia um adolescente novamente, foi engraçado e estranho.Uma realidade paralela eu ali me sentia deslocado ou fora do meu lugar.

Ouvi tudo que o doutor falava e concordei quando ele pediu que eu dormisse lá para ficar em observação.

Concordei sem saber se teria outra opção.

A sala era clara e arrejada cheirava a eter e algum tipo de essência, talvez Eucalipto?

_ Você está bem?

Ouvi aquela vozinha estranha enquanto estava com olhos fechados.

_ Não , não , eu não estou te ouvindo.

Tentei manter a calma enquanto meu coração acelerava e sentia aquela veia no pescoço latejar.

Nem mesmo eu sabia o que estava pedindo para Deus .

_ O que foi ? Está sentindo muita dor?

Senti um toque suave bem na barriga que estava enfaixada.

Dei um pulo na maca fazendo um barulho alto no quarto, chamando atenção de outras duas pessoas que também ocupavam o mesmo ambiente.

Segundos depois o médico apareceu avaliando meus curativos.

_ Parece tudo em ordem por aqui, o que foi? Está sentindo dor em algum lugar mais específico?

_ Desculpe doutor não.

_ Não entendi? Então porque você estava agitado?

_ Não foi nada , desculpe mais uma vez.

_ Viu ! Ele disse que não foi nada. Porque você tem sempre que arrumar tanta confusão?

O medico disse olhando para trás.

_ A culpa não foi minha dessa vez. Eu juro! Doutor.

Aquela voz de novo, aquela maldita voz.

A figura saiu de trás do doutor e levei alguns minutos para acreditar que era real, que ela estava mesmo ali.

O cabelo curto escondido por um boné surrado, a pele um pouco manchada de sol e um grande roxo em volta do olho.

O sangue ferveu tão rápido que antes que eu pudece me dar conta já estava sentado puxando ela pelo braço e passando a mão pelo seu rosto.

O doutor se assusta e põem as mãos em mim tentando me conter.

_ Fique calmo e solte a moça.

_ Ei tire a mão de mim!

Ela tenta se soltar e o doutor tenta me manter na cama.

_ Me solta Cristian! - Ela grita.

Confuso solto ela e olho para as minha mãos que tremiam.

_ Você está bem?

O médico parece apavorado.

_ Eu ... Eu acho que sim.

Continuo com o olhar fixo não acreditando que eu havia tocado nela .

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