|•Capítulo 18•|

— Acho que já está na hora de entrarmos para o almoço — Alex comenta horas depois ainda no jardim.

Havíamos passado a manhã juntos e eu havia contado sobre o meu dia a dia — algumas partes claramente omitidas, já outras sobre busca de tratamento inventadas — nos Estados Unidos. Charlie que havia dito que viria ver como eu estava não tinha aparecido, ao menos não falou nada comigo se tiver dado as caras no jardim e também não apareceu até agora para buscar-me para o almoço o que torna isso muito estranho, digo o sumiço.

— Charlie não virá — Alexander anuncia entrelaçando a mão na minha, devo ter deixado explícita minha confusão —, um pouco depois de ter deixado você aqui teve de sair repentinamente após receber um telefonema, talvez passe o restante do dia fora.

Alex se levanta me ajudando e começamos a caminhar.

— Ah, então é por isso que você está aqui — falo rindo e o mordomo belisca de leve meu braço.

— Não duvide de minha fidelidade, Bel! Eu iria passar o dia todo com você e Charlie ter de sair sem hora para voltar foi apenas um obstáculo a menos no meu caminho — confidencia.

— Quer dizer que Charlie era uma pedra no seu caminho? — indago sorrindo.

— Não conte para Charlie por favor, ela irá me matar imediatamente se souber disso! — implora.

— Conte-me então por que Charlie é um empecilho — falo brincando.

Alexander pára de súbito onde está, me fazendo perder um pouco do meu equilíbrio e antes que eu caia, Alex me segura pela cintura.

— Desculpe — sussurra, mas eu apenas solto uma risada, provavelmente deixando-o confuso, pois suas mãos ao meu redor hesitam.

— Agora estou curiosa para saber por que você parou tão de repente — me recomponho, mas o mordomo permanece ao redor de mim.

— Prometa-me que se eu contar você não dirá nada a loira raivosa.

Não respondo. Loira raivosa com certeza. Sorrio. Talvez eu use isso para irritá-la quando Charlie estiver fazendo drama ou fervilhando. Sinto as mãos de Alexander apertarem minha cintura com mais firmeza e meu corpo ser erguido no ar, em giros. Solto um gritinho com o ato repentino e Alex dá uma risada.

— Coloque-me no chão! — suplico, estou começando a sentir minha cabeça girar enquanto incontrolavelmente nas órbitas.

— Prometa que não dirá nada a Charlie, Bel! — fala rindo.

— Alex! — insisto perdendo o fôlego.

— Bel!

— Tudo bem, tudo bem eu prometo! Eu prometo! Coloque-me no chão Alex por favor! — o mundo gira muito mais rápido que o normal.

Alexander finalmente me desce para o chão e sem me importar muito, apoio minha cabeça contra seu corpo puxando o ar pesadamente, as mãos apertando os braços do mordomo com força. Minha cabeça gira descontroladamente. Estou me sentindo um plutão bêbado sem controle na velocidade máxima, adorador do sol.

— Eu prometo! — digo sorrindo ao finalmente conseguir tomar algum fôlego. — Agora conte.

Consigo sentir a respiração rápida e o coração acelerado de Alexander, seu corpo rígido, os bíceps…eu preciso de fôlego e não de ficar sem ele! Bella concentre-se na sua respiração!

— Não é só você quem precisa de fôlego! — Alexander diz ofegante, a voz rouca tente ao meu ouvido me faz arrepiar da cabeça aos pés.

Os braços de Alex me envolvem em um abraço, seu queixo apoiado em minha cabeça. Surpreendentemente, só agora percebi o quanto ele é mais alto que eu. Sinto meu rosto corar com este pensamento. Devo parecer uma criança próxima a tantos músculos. Posso não enxergar mas isso quase sempre me dá o privilégio de sentir. Um tempo depois, quando nossas respirações finalmente se estabilizam, ergo minha cabeça de seu peito.

— Alex — sussurro.

— Hmm — ele se move, mas não afasta seu corpo do meu, seu rosto na curva do meu pescoço inspirando fundo.

Tento não me encolher com este pensamento, um abraço talvez não seja nada demais.

— Alex — tento de novo —, prometi o que queria agora você tem que me contar porque Charlie é um empecilho para você.

Confesso que nem mesmo eu estou preparada para a resposta pois se ele disser algo a respeito de Charlie que eu não goste…ela é minha amiga. O difícil é quebrar promessas. Eu posso me desonrar de qualquer outra forma, mas cumpro com minha palavra. Sinto Alexander se afastar um pouco mais ainda assim não me solta. Ele prende uma mecha de meu cabelo que provavelmente estava solto atrás da minha orelha.

— Queria ficar sozinho com você ao menos por alguns minutos — Alex confessa e eu fico ereta no mesmo instante. — Sabe, Charlie nunca me deu essa brecha. Você sabe como ela é — solta uma risada baixa acariciando o meu rosto. — Charlie não desgruda de você por nada.

Ainda surpresa retruco:

— Mas deixou agora — minha voz soa rouca, falha.

— Somente porque era algo que ninguém poderia resolver além dela, casa contrário Charlie teria mandar alguém no seu lugar. É assim desde que ela tomou para si a tarefa de cuidar de você.

— O que quer dizer com "tomar para si"? — indago.

Estranho, muito suspeito.

— Ah…você entendeu errado o que eu quis dizer… — havia nervosismo ali.

— Entendi errado? — arqueio uma sobrancelha.

— Sim, entendeu errado — Alex afirma levantando meu queixo, provavelmente para ele encarar meu rosto. — O que eu quis dizer é que quando você chegou, Charlie tinha escolha,bpodia cuidar de você ou não, mas ela quis porque achou que você era uma boa mulher, e de fato Bella, você é — mordo o interior da bochecha para conter o sorriso bobo que estava prestes a tomar meus lábios. — E desde então aquela loira raivosa não desgruda de você.

— E se Charlie tivesse decidido não cuidar de mim? — questiono, a curiosidade do que poderia ter acontecido às vezes me corroem.

— Duas das empregadas seriam selecionadas para cuidar de você. As duas melhores e mais prestativas — explica.

— Isso faz com que eu sinta que estou numa posição privilegiada — digo sarcástica, as mãos de Alex dadas as minhas.

— E está senhora Mancini.

Reviro os olhos recuando um pouco.

— Mais um para usar este título em mim e eu ainda pensava que você tinha um pouco de senso Alex, pois Charlie não tem — tive que controlar muito meu temperamento para não ser ríspida com o gentil mordomo.

— O que tem contra seu novo sobrenome? — estranhamente Alexander aparecia levemente irritado.

Dou de ombros.

— Não foi algo que fiz por merecer e realmente eu não gosto nem um pouco da ideia de usar um sobrenome de um cara que sequer nunca na vida se aproximou de mim — digo sendo sincera com cada palavra.

Silêncio.

— E você quer que ele se aproxime? — havia certa expectativa ali.

Respiro fundo, absorvendo a pergunta.

— Só é estranho ser casada com alguém que você nunca ouviu a voz, com quem nunca falou. É como se eu fosse uma estranha nesse lugar, como se não existisse. Esquecida. E eu realmente odeio quando fingem que não existo. Pessoas demais já fizeram isso e me sinto desconfortável quando o outra e mais outra e mais outra o faz — isso sim, foi meio que um desabafo de minha parte.

Às vezes engolir tudo é impossível e há sobras as quais damos aos outros. Alex permanece em silêncio, soltando uma de minhas mãos e voltando a caminhar pelo jardim, possivelmente em direção à mansão.

— Ele está mais próximo do que você imagina Bella — Alex sussurra segundos depois, deixando-me totalmente confusa.

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