|•Capítulo 4•|

Gatilho: este capítulo pode conter cenas de violência física e/ou mental.

Ele entrou com duas maletas de dinheiro nos braços e em breve sairia comigo no lugar delas. Amélia disse. Minha casa — que logo não será mais — está parecendo aqueles leilões de coisas raras frequentadas somente por homens arrogantes e podres de rico acompanhados por suas cadëlas. Minha verdadeira mãe o descreveu — Oliver — baixo em meu ouvido, num fio de voz: alto, robusto, aparência de quarenta e poucos anos; olhos azuis, cabelos louros. Uma aparência muito boa para um temperamento ruim. Bem, beleza e arrogância às vezes combinam com pessoas sem caráter.

...✯ Uma opinião ✯...

...A última descrição que a Amélia me fez que talvez seja para o resto da minha vida ou talvez seja somente por um prazo de tempo. De qualquer forma, não a esquecerei....

— Bem-vindo senhor Santoro! — a voz mal contida de euforia de Ruth entrega seu sorriso de orelha a orelha, sem que Amélia tenha que me descrever. Ela não descreveria.

— Grazie cara Monroe — obrigado querida Monroe. Estilhaços de vidro cortante e frio se revelaram na voz do credor.

Monroe. O sobrenome de minha família que tanto odeio. Pelo sotaque — e palavras — , Oliver é italiano e isso não torna nada fácil. Italianos mais riqueza é igual a não serem obrigados a cumprir as leis e matar não é problema.

— E você monello, não diz nada? Não tens bons modos? — Santoro sibila.

Ordinário.

— Benvenuto Oliver — Jack rosna.

— Aceitável — murmura. — Sejamos breves Monroe. Aqui está o dinheiro prometido — um clique, outro. Maletas sendo abertas em sincronia, compassadas. — Entreguem-me a ragazza.

Há um leve aperto em minha mão. Amélia com certeza está chorando em silêncio.

— Sem pressa, Oliver — meu irmão ironiza, ganhando tempo. — Como posso acreditar que o dinheiro é verdadeiro? — insinua.

— É um desafio? — retruca.

— Talvez seja — zomba.

— Verifique você mesmo monello — incentiva.

— Ah, não! — ri. — Não serei eu a fazer isso. Um especialista é melhor. Albert, por favor — chama.

Passos se aproximam. Vagos, sem pressa. Dando a sensação da morte cantante a se aproximar. Para. Segundos, minutos. Espera. Silêncio.

— Senhor Jack, as notas são verdadeiras — voz arrastada, cansada. A confirmação.

— Agora dê-me a ragazza — uma ordem, outro aperto em minha mão. Mais forte.

Me levanto, puxando Amélia comigo. Puxando-a para um abraço apertado. Encorajador.

— Eu te amo Amélia — sussurro, deixando algumas lágrimas rolarem.

— Eu também te amo, minha pequena. Eu te amo — soluça.

Me afasto. Seco minhas lágrimas. Dou um passo à frente, meus braços pendem ao lado do corpo. Inertes.

— Estou pronta — seca.

— Tão simples assim? — ri. — Não irá espernear e implorar para ficar com sua mamma, ragazza?

— Não sou uma ragazza nem uma monello para fazer birra. E Ruth não é minha mãe.

Uma gargalhada.

— Acho que você não foi uma boa mãe, cara Monroe, já que seus próprios filhos te odeiam tanto. Devo estar libertando sua ragazza.

✯ Algumas traduções ✯

Grazie \= obrigado

Cara/caro \= querida/querido

Benvenuto \= bem-vindo

Ragazza \= garota/menina

Monello \= pirralho/pirralha

Mamma \= mamãe

Por que devo fazer pirraça enquanto serei tirada das mãos dele de forma tão prazerosa? Bem, eu poderia fazer uma cena, mas para que gastar energia agora se em breve farei uma melhor? Oliver Santoro que aguarde o que está por vir. Sinto uma mão pousar sobre meu ombro e apertá-lo carinhosamente.

— Nos veremos Bella — Jack sussurra em meu ouvido, dando-me a mão. Por segurança, permaneço em silêncio.

Ele me encaminha para Oliver como combinado. Faço de boa vontade, sem hesitar um passo sequer.

— Estou a me perguntar se não døparam a ragazza para que ela não desse trabalho.

— Não é necessário dopar-me quando eu desejo ardentemente me livrar desta casa — falo quando paramos provavelmente de frente para Santoro.

— Mesmo quando essa tua língua afiada não sabe o que a aguarda? — ele zomba rindo.

— Imagino o que me aguarda e me sinto satisfeita com isso. Com certeza algo melhor do que viver nesta casa — Jack solta minha mão, pondo-a em contato com algo estendido, frio. A mão de Oliver. A pego.

— Lei è mia adesso — ela é minha agora.

— Toda sua — Jack concorda como que ensinando uma criança a tomar o que é seu mas ao mesmo tempo não é.

— E o dinheiro teu. Faça bom proveito monello.

— Desejo o mesmo a você Santoro, só não tenho certeza se conseguirá fazê-lo — escárnio.

Uma risada.

— Não me subestime monello. Farei e você não imagina como.

Eu imagino. E não está muito distante este momento.

[ … ]

Ele me encaminhou como se eu fosse de vidro. Uma boneca de porcelana prestes a se tornar seu brinquedo favorito. Como se eu fosse frágil. Quebrável e inconsertável. Mal sabia ele que todo esse cuidado não adiantaria de nada. Nem a gentileza. Eu já estava só cacos: despedaçada. Desde minha infância, minha adolescência, até minha vida adulta. Eu nunca fui inteira. Só fragmento. Pequeno, solitário. Ele roçava intencionalmente a mão na minha, mas discretamente. Se eu retrucasse, ele me chamaria de louca. Calei-me. Andamos pelo que parecia a entrada da minha casa.

Eu estou partindo. Coração vítreo despedaçado.

Amélia devia estar na porta, em lágrimas. A distância agora parecia curta, anteriormente sempre foi longa e cansativa demais. Como quilômetros que agora se tornaram apenas alguns metros. Seus braços envolveram minha cintura e meus joelhos. Ergueu-me no ar. Portas foram abertas e eu fui depositada no banco de trás de um carro como um tesouro. O cinto de segurança rodeou o meu corpo, prendendo-me — não por muito tempo. A porta se fechou ao meu lado, num baque silencioso. Ninguém mais, nada mais. Apenas eu.

...|•Autora•|...

...*Olá minhas queridas(os)! Como vocês estão? Espero que estejam muito bem....

...Passando para dizer que a partir de agora teremos metas para que eu solte um novo capítulo para vocês. Sendo assim, postarei um novo capítulo se tivermos 5 comentários ou mais....

...Combinado?!...

...5 comentários e eu solto/posto o próximo capítulo....

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Att. Rô Oliveira 💓

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