Depois daquele dia, me senti meio balançada. A sensação de morte que eu sentia era culpa dele?
Alister não apareceu durante dias, e eu não sabia quando ele iria usar a minha "essência".
Já Ethan, parecia uma babá no meu pé, mas sendo sincera, conversar com ele parecia interessante.
-Quando ele vai me usar?
Eu perguntei sem pensar.
-Mestra, não funciona dessa maneira.
-Já te disse para não me chamar assim, eu não sou nada disso.
-A mestra também parou de me chamar de senhor corvo.
Eu suspiro.
-Ethan, eu só queria uma vida normal. Não vou começar falando sobre minhas experiências ruins, já que tenho certeza que você sabe.
-Não vigiamos você todos os dias. Quer dizer, eu não…
-Então assume que me vigiaram? Você e o seu mestre?
-Isso foi apenas para te proteger.
-Por que fizeram isso?
Ethan se cala.
-Ah, quanto mistério. Aliás, onde está o Lili?
-Lili?
-Ah, é como vou chamar o seu mestre. Simplesmente senti uma grande familiaridade com esse nome.
-Isso é bom, o mestre vai ficar feliz! -Ethan sussurra. -Você deveria vê-lo!
Ele voa ao meu redor.
-Mas ele não disse para não andar por aí?
-Você realmente não entendeu as palavras do mestre. Mas isso não importa agora, me siga.
Havia pelo menos quatro dias que eu estava neste lugar, fiquei presa no quarto que foi dado a mim todos esses dias. Alister não deu sinal de vida, e mesmo que eu não quisesse, me senti um pouco preocupada.
-Esse é o escritório do mestre, pode entrar!
-Tem certeza que devo fazer isso? E se ele…
-Só anda logo.
-Certo, certo… Tá bom?
Assim que eu entrei, a porta atrás de mim se fechou. Tomei um susto, com o barulho.
O lugar estava um pouco velho, mas ao mesmo tempo era bem bonito. Percebo uma figura dormindo na cadeira, com uma pilha de papéis na mesa.
-Ah, então ele dorme também… Talvez isso fosse meio óbvio?
Eu o olho mais de perto.
-Fofo!
(Espere aí mente, por que isso do nada? Saiu sem querer… Ainda bem que ele não ouviu.)
-Mas, por que parece que ele está sofrendo tanto? Aquilo é uma lágrima?
Eu percebo que há uma cama não muito longe de onde ele está.
-Certo, eu consigo!
Eu tento puxa-lo.
-Ele é mais pesado do que parece!
Depois de muito esforço, o tirei da cadeira. Arfando por ar, me joguei na cama ao lado dele após joga-lo.
-Sabe, não deveria dormir em um lugar assim!
Eu converso com ele, mesmo sabendo que não está me ouvindo.
-Você ficou com raiva de mim? Pelo que eu disse antes, sobre não confiar em você…. Não é que eu não confie, mas é estranho. Apesar de que eu realmente não deveria, você deixou claro que só queria minha essência… Eu não quero mais ser maltratada e nem usada por outras pessoas.
-Eu nunca faria algo de ruim com você! -A voz rouca e baixa de Alister soa muito perto do meu ouvido, me fazendo sentir o calor da sua respiração.
Eu quase pulo de susto.
Me viro encontrando o rosto dele a poucos centímetros do meu.
-Você estava acordado a quanto tempo?
-Eu…
-Você está muito perto!
-Eu não posso? Você sempre gostou que estivéssemos juntos assim.
-Eu? Quando eu disse que gostava?
-Todas as vezes.
-Eu não entendo… Você age como se me conhecesse de uma outra vida.
-Eu cansei de te perder… Dessa vez, apenas seja feliz! Nesta vida, não morra, deixe que eu…
Ele simplesmente para de falar, e fecha os olhos, depois os abre novamente. É como se estivesse sonhando.
-Por que você se importa se eu "morrer", assim como diz.
-Por que eu te… -Ele para antes de terminar.
(Ele ia dizer que me ama? Não, mas é estranho.)
Ele encostou a testa na minha.
(Está muito quente, será possível que um demônio sente febre?)
-Eu te prometo que não vou te maltratar. Eu jamais conseguiria, você é tão… Eu… Ah, seu perfume ainda é o mesmo. -Ele enfia a cara no meu pescoço.
-Ei, enlouqueceu?
Por alguma razão, meu corpo reagiu imediatamente.
-É tão bom te ter de novo.
-Ei, Alister! Acho que você está com febre!
-Não, me chame como antes, de Lili. Eu odiava tanto esse apelido por parecer que estivesse me chamando de menina. Mas eu aprendi a gostar dele, só por causa de você!
-Olha, não é o momento para isso.
-Diz… Igual antes…
Eu o olhei intensamente, não consegui resistir contra ele.
-Lili, posso ver como está? Por favor, tire o rosto do meu pescoço.
-Não, eu não quero.
(Eu já sei que ele está com febre, mas quero uma desculpa para afasta-la.)
De repente ele morde meu pescoço.
-E-Ei! -Eu o empurro.
Ele é muito forte, não consegui me soltar completamente do seu abraço.
Ele olhou em minha direção, havia um brilho diferente no olhar. O vermelho se intensificou, parecia, desejo…
-Eu… Posso te beijar? -Ele estava olhando fixamente para os meus lábios.
Meu coração acelerou. Eu sabia que deveria dizer que não, mas minha resposta ficou presa na garganta.
Eu o olhei, me sentindo atraída de alguma forma. Eu sabia que não deveria, mas era como se estivéssemos conectados.
Entendendo meu silêncio como uma resposta positiva, ele tocou suavemente meus lábios.
Um turbilhão de sensações me invadiu, o beijo tão familiar, apesar de nunca ter o beijado.
Ele intensificou o beijo, suas mãos me puxaram para mais perto. Minha mente se perdeu, eu não sabia mais o que era razão, e se o que eu estava fazendo era certo.
Nosso momento mágico durou apenas alguns rápidos minutos, já que ele desabou devido a febre.
-Provavelmente não vai se lembrar do que aconteceu aqui…
Mesmo depois de adormecer, ele não me soltou. Acabei dormindo ao lado dele.
[...]
-Lili!
-Eu te disse para não me chamar assim!
-Sério? Não posso chamar meu namorado de um jeito fofo?
-Isso para você é fofo?
Ele me puxa para os seus braços.
-Então eu deveria arrumar um para você também!
-E qual seria?
-Mimi?
-Fala sério, é nome de gato!
-Você me deu um nome feminino!
Nós rimos juntos e depois adormecemos abraçados em um belo jardim…
[...]
Sinto uma leve carícia no meu rosto. Ainda com os olhos fechados, sinto algo tocar meus lábios. Eu tinha certeza de que era ele, eu o reconheci de algum jeito.
-Eu espero que você não sofra mais, se for por minha culpa, irei desaparecer!
Sinto ele se afastar.
-Não! -Eu grito, pulando da cama e agarrando o braço dele.
-Mirai?
-Eu vi… Duas pessoas em um lugar estranho, um jardim… O rosto deles estavam um pouco embaçados, mas… Por que pareceu real? E por que eu pensei em você quando estava sonhando? -Lágrimas desceram sobre meu rosto.
Simplesmente eu não conseguia parar de chorar.
Ele enxugou minhas lágrimas.
-Vai ficar tudo bem! Eu te garanto.
Eu o abracei, mas tinha certeza que mais tarde iria me arrepender de simplesmente reagir dessa maneira.
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Atualizado até capítulo 39
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