Meu coração estava batendo tão rápido, a adrenalina e o medo de tudo que aconteceu me fez ficar inquieta.
-Acabei matando aula sem perceber. -Enquanto eu caminhava, nem sabia direito para onde eu estava indo.
Perdida nos meus pensamentos, acabei em um beco sem saída.
-Aff… O que eu faço? Preciso ir para algum lugar.
De repente, ouço som de asas batendo, sinto um leve vento batendo sobre a minha pele.
Antes que eu pudesse me virar, braços fortes me agarraram por trás. Não foi bruto, e nem doloroso igual ao de Alexander.
-Me solta por favor! -Tento esconder meu medo, mas depois da situação com Alexander não consigo me controlar.
-Por favor, só me deixe ficar assim por mais alguns minutos. Não acredito que tenho que passar por isso outra vez, te ver sofrer assim me faz querer destruir tudo. -Ele diz após suspirar.
-Quem é você?
-Tudo que você precisa saber é que eu vou mudar o nosso futuro. Te prometo que dessa vez será diferente, eu não deixarei que ninguém a toque, não importa quantas vezes eu tenha que voltar, nem que eu precise apenas te vigiar de longe, prometo que te protegerei, Mirai. -Uma voz gentil e calorosa, como se já me conhecesse.
-Mirai, eu sinto tanto a sua falta. -Ele beija o meu ombro e depois desaparece.
Ainda consigo sentir o calor dos seus braços em mim, por alguma razão, me parece familiar. Quando me viro, vejo duas penas escuras um pouco grandes no chão.
-[...]
Naquele mesmo dia, meu momento de paz só durou aquele instante. Eu voltei de novo para o meu lugar de tormento, de onde não posso fugir, a minha prisão da qual não posso me livrar.
Só havia algo diferente naquele dia, meu pai. Pela primeira vez, foi ele quem me agrediu. A pessoa que simplesmente olhava e fingia que nada acontecia, resolveu agir, e foi a pessoa que mais me trouxe dor.
-Onde você esteve, Mirai? Por que fugiu da escola? -Ele me olhava com ódio evidente.
Eu sabia que se eu me explicasse ele ignoraria, minha palavra nesta casa não tem vez, até mesmo os empregados desfazem de mim.
-[...]
-Eu cansei de você, sua coisa nojenta. Eu apenas te aceitei aqui para te manter longe dele, mas você é tão imunda que já está contaminada.
(Dele?).
Holland agarra meus cabelos e começa a me bater com a bengala dele.
-Inútil, você deveria agradecer por eu ter te dado tudo. A partir de agora, você não sairá mais dessa casa, ele não pode te encontrar, não posso permitir, não outra vez. Haha…
(Dói tanto…).
Meus olhos começam a se fechar lentamente, e assim sinto minha consciência indo embora.
-Você não está animada demais? -O desconhecido acaricia gentilmente minha cabeça.
-Claro que não, eu só me sinto que pela primeira vez sou livre de verdade… -Eu encosto minha cabeça em seu ombro.
E tudo muda.
-Você não deve confiar nele, Mirai. Eu sei que vocês já fizeram o contrato, mas eu posso ajudar a quebrá-lo. -A pessoa desesperadamente tenta me convencer.
-Não, Louis. Eu não quero quebrar o contrato, me apaixonei por ele, e se ele quiser o mundo, eu o darei.
Os sonhos parecem tão reais, ao ponto de me causarem grande nostalgia.
-Mirai… Por favor, fica comigo… -Eu enxugo suas lágrimas.
-Não chore por mim, eu te dei o que você precisava, e não me arrependo de ter perdido a vida por isso. Eu não te disse que se você quisesse o mundo eu lhe daria?
-Fui eu quem te disse isso primeiro, sua boba. -Ele sorri rapidamente lembrando do passado. -Eu não posso perder você, eu prometo que voltarei quantas vezes forem necessárias para te salvar, minha bela flor.
Aquela nostalgia que senti, foi como se tudo aquilo tivesse sido real. Eu poderia dizer que tinha relação com o futuro, mas depois que o encontrei, tive a certeza de que não era só uma simples visão.
(Meu corpo inteiro dói, preciso me curar).
Eu estava tão machucada que nem ao menos conseguia erguer as mãos, minhas lágrimas começaram a descer, e o medo da vida que eu levava me enchia completamente.
-Não, eu preciso… Curar.
______
Após dizer aquilo, ela desmaiou outra vez. Nem mesmo tinha forças para usar seus poderes de cura.
-Quanto tempo eu tenho que te ver sofrer assim? -Suavemente, ele acariciou-a.
Naquela casa, ela corria perigo. Eu não me importei de ser descoberto, apenas agi. Esse provavelmente foi o meu maior erro.
-Eu sabia… Não sinto que ela tenha feito o contrato com você, mas de alguma maneira você possui traços dos poderes dela. O que você fez, demônio maldito? -Alexander aparece do nada.
-Eu te avisei, não foi? E não foi apenas uma vez. Eu te disse para ficar longe do que é meu, e isso inclui a Mirai. -Alister se levanta.
-Hahaha, por que voltou? Você queria os poderes dela, assim como eu.
-Não é algo que você precise saber.
-Pfff, que engraçado. -Alexander ri maniacamente. - Alister, um demônio sem coração, que apenas queria destruir Saulo, se apaixonou pela filha dele? Interessante.
O olhar de Alexander para mim mostrava claramente as intenções dele. Uma provocação evidente, pois para ele, aquilo não passava de um jogo.
-Não dirá nada? Seu pai ficará tão decepcionado quando souber que você perdeu o que tinha em mãos apenas por um sentimento bobo. -Alexander sabia a verdade, exatamente por ser quem ele era.
-Você chegou tão baixo. Tudo que tinha que fazer era proteger ela, mas sua obsessão pelos poderes de cura dela se tornou tão… Nojento! -Alister provoca.
-O que eu posso fazer se é tão fofo vê-la desesperadamente tentar aliviar a própria dor. -Alexander chega perto dela.
-Um anjo que foi corrompido, seu cheiro é mais ruim do que o de um demônio.
Eu tinha me cansado completamente de deixar ele toca-lá. Mesmo eu sentia repulsa por ela, minha vontade naquele momento foi de matá-lo, mas havia uma força maior que tentaria interferir.
Eu me precipitei e agarrei o braço dele.
-Ah, ciúmes? Acho que já percebeu que você cometeu um erro voltando, não tem como salvar essa garota. Seja pelo bem, ou seja pelo mal, a morte dela já está escrita, você pode voltar milhões de vezes, tentar o quanto quiser, mas ela sempre irá morrer diante dos seus olhos. -Alexander sorri de canto.
Aquelas palavras fizeram o ódio dentro de mim ferver desesperadamente. Ele sabia a minha fraqueza, até mesmo o que fiz milhares de vezes,
-Eu te aconselho a desistir, eu sinto um futuro sombrio para ela. Acredito que eu já tenha lhe dito isso da última vez, não é?
Sim, eu ouvi isso todas as vezes. A cada vez que eu voltava, em um dado momento, ele me dizia que um futuro sombrio esperava por ela. E em todos os finais, ela morria diante dos meus olhos, eu segui sendo incapaz de proteger a pessoa que amo inúmeras vezes.
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Atualizado até capítulo 39
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