Capítulo 10

...Ayla...

Meu pai sai e eu pego meu celular pra mexer vendo que minha irmã postou uma nova foto na rede, curto e favorito. Minha irmã é linda pra caramba, eu também sou mas ela com toda a sua timidez dá um tchan nela. Acabo adormecendo na poltrona e acordo com sons indecifráveis olho para o lado.

Nesse momento Laura se mexe e acorda assustada, eu vou pra perto dela, e acaricio seu cabelo na tentativa de acalma-la percebendo que ela está um pouco quente.

– Oi! – Ela olha pra mim com seus olhos azuis como o céu.

– Oi! Cadê o Bilu? – Ela pergunta se sentando na cama.

– Quem é Bilu?

– Meu ursinho. – Ah o urso dela, procuro pelo quarto e o encontro caído no chão. Devolvo a menina.

– Você é muito bonita. – Ela fala tímida.

– Você também é uma menina linda. – Percebo seu rostinho bem vermelho, e seus olhos bem pesado, coloco a mão na sua testa notando como ela está quente. Chamo a enfermeira que só mede a temperatura e diz que a menina está com febre, que ela está com febre isso eu sei cacete.

– Não vai dar nenhum remédio pra abaixar? – Pergunto indignada.

– Não posso dar nada, o médico não receitou nada para febre. – Responde e sai do quarto. Ah mais eu sou uma barraqueira de marca maior e quando algo não sai como eu quero, eu fico virada no Jiraya.

Aperto de novo pra chamar a enfermeira e peço pra chamar o pediatra de plantão. O mesmo me aparece meia hora depois.

– Qual é a emergência? – Ele pergunta da porta.

– Laura está queimando de febre e a enfermeira não quis medica-la. – Respondo.

– Olha, aqui é um hospital de emergência, e febre não é uma emergência. Eu tenho outras crianças para atender do que ver uma criança com febre. – Diz e sai do quarto. Eu fico parada de boca aberta. Como é? Ele acha que está falando com quem?

Olho pra Laura e seus olhinhos vão se fechando.

Vou atrás do médico e exijo que ele olhe a Laura e ele se recusa.

– Não vai? Você deve ser novo aqui e não sabe com quem está falando, mas tudo bem eu me apresento para você. – falo e pego meu celular ligando.

– Oi pai.

– Filha aconteceu algo? Já é tarde.

– Sim eu sei que é tarde pai, mas o senhor pode dar um pulo aqui?

– Tá Ayla, aconteceu alguma coisa com você? – Ouço movimentos dele acredito que se levantando da cama.

– Comigo não mas com a Laura sim.

– Tá chego ai em dez minutos. – meu pai desliga o telefone e o médico continua a olhar pra mim com cara de poucos amigos.

– Minha querida chamar seu papai não vai adiantar. Pare de se comportar feito uma criança mimada e aceita que não terá seu doce preferido e me deixa trabalhar – Que comparação tosca, pra não sentar a mão na cara dele, eu saio de perto desse homem e volto para o quarto com a pequena Laura.

Sua febre parece ter aumentado, seus olhos quase se fechando, que sentimento ruim.

Meu pai chega e entra no quarto, percebendo meu estado.

– O que aconteceu Ayla, você preocupou a mim e a sua mãe. – meu pai diz segurando minha mão que nem percebi estar tremendo.

– Eu estou bem, Laura que não está. Ela está com febre e ninguém quer fazer nada. – Grudo na camisa do meu pai chorando, ele alisa minhas costas até eu acalmar.

– Você disse que ela está com febre?

– Sim. – Respondo e ele chega perto dela.

– Mas que merda! – Meu pai bate no aparelho de chamar a enfermeira mas ela não vem. Vejo meu pai dobrar de tamanho, e sei que ele está puto. Sai feito foguete do quarto.

– Que porra é essa que acontece dentro do meu hospital? É só o gato sair que os ratos fazem a festa?– Meu pai grita no posto de enfermagem e todos se assustam – Você. – Ele aponta para uma mulher que está sentada mexendo no celular. – Pega pra mim uma máscara de oxigênio, pra agora. Já. – Ele grita e a mulher sai correndo, e ele volta pra dentro do quarto correndo de novo. Ver o meu pai trabalhar assim, na correria. É incrível, ele sabe lidar com qualquer situação. Observo de longe ele colocar a máscara na Laura, um aparelho de medir sinais vitais em seu dedo. Ele examina ela e me olha.

– Eu não sei, deixei escapar alguma coisa que não estou vendo. – Ele fala cobrindo Laura com um lençol já que está dormindo agora.

Vejo Laura tão indefesa deitada na cama que uma raiva se apodera de mim, saia do quarto indo até a emergência porém o médico que falou comigo não está lá, então eu vou até a área de descanso dos profissionais.

Abro a porta fazendo um estrondo e encontro o médico com as calças arriadas enquanto come a enfermeira.

– Ah seu filho da puta! Você não quis atender a menina porque queria transar. Você é um ser nojento.–digo a mulher se assusta e abaixa o vestido e ele levanta as calças rapidamente.

– O que tá.. – Meu pai entra dentro e observa as peças de roupas espalhados no chão.

– Senhor Pedro, o que faz aqui? No plantão noturno. Está tudo sobre controle. – O médico gagueja pra falar com meu pai, e eu tenho vontade de rir os olhos dele estão arregalados como se a qualquer momento eles fossem pular pra fora.

– Tô vendo mesmo – Meu pai fala . Ele olha pra mulher e diz:

– Você está demitida. E você minha sala agora.– Aponta para o médico e eu óbvio vou junto.

– Vicente minha filha te chamou para atender uma garota porque você não foi?

– Senhor eu fui, mas ela me disse que a garota estava com febre, e febre é uma coisa normal nas crianças.

– Você chegou perto dela? Não né? Se não você ia perceber que ela estava ficando com a saturação baixa. Se não sou eu, a menina poderia morrer por falta de oxigênio.

– Mas Doutor ela não disse que a criança estava tão ruim.

– Vicente, ela não é médica não tem obrigação de saber nada, a sua obrigação era checar a informação que foi te passada,se fosse uma simples febre bastava medica-la e pronto. Agora a sua imprudência colocou a vida da garota em risco. Você também está demitido. – Ele olha com raiva pra mim e eu dou um risinho pra ele.

– Deixa eu me apresentar, Ayla Lopes filha do Dr. Pedro Lopes. Prazer – passo por ele e esbarro nele de propósito voltando para o quarto da garotinha.

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