Capítulo 5

Lucas

Segunda feira, me levanto na força do ódio. Tomo banho e coloco meu terno azul de alfaiataria. Cadê a Alicia quando preciso dela, eu não sei fazer nó de gravata, já tentei mas nunca fica bom. Ligo pra ela sete da manhã, ela vai me esganar tô nem ai.

Na terceira vez que ligo, ela atende.

– Lucas espero que você tenha bons motivos para me ligar essa hora!

– É muito sério, não estou conseguindo fazer um nó na gravata. – Posso sentir ela xingando até a minha última geração.

– Lucas eu vou te matar seu infeliz, pega uma daquelas gravatas com zíper.

– Não, eu quero usar essa. Por favor eu tenho um cliente para daqui uma hora.

– Você vai ter que me recompensar, saiba disso. – Ouço ela resmungar algo e sei que está vindo aqui em casa.

Vou até a cozinha e preparo um café e minutos depois a porta de casa é aberta violentamente.

– Bom dia minha pequena Alicia – Falo com um sorriso no rosto enquanto coloco café na xícara.

– Bom dia o cacete, hoje eu entro no consultório só 11 horas da manhã dava tempo de eu dormir mais um pouquinho.

– Nossa mulher, tu mais dorme do que atende seus pacientes. Pode dormir depois.

– Lucas acho bom você não discutir com sua dentista, se não arranco essas lentes que coloquei em você na mão.

– Ok, desculpa – falo, ela me olha e vem amarrar minha gravata. Aproveito e cheiro seu pescoço.

– Alicia que delícia, amo seu cheiro pequena. – Falo segurando em sua cintura, Alicia de uns tempos pra cá, sempre que a elogio ou cheiro seu pescoço, fica com as pernas bambas, se não fossemos melhores amigos eu iria achar que eu mexia com ela.

– Lucas hã... Vamos tomar café, estou morrendo de fome. – Ela fala se esquivando do meu abraço.

– Ei esse café é meu! – Reclamo quando ela pega a minha xícara.

– Era seu, você me acordou sete horas da manhã o mínimo que você tem que oferecer é um café. – Ela fala bebendo o café e me dá uma piscada.

– Ok, está perdoada mas só porque eu te amo pequena. – falo perto do seu rosto e beijo sua testa. Levanto meu pulso pra checar o horário. – Tenho que ir, tranque tudo depois de sair. – Vou no meu quarto e pego minha pasta cheio de documentos. – Tchau pequena, bom trabalho pra você.

– Pra você também Lucas – ela levanta os pés pra me dar um beijo no rosto.

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Alicia

Lucas sai de casa e eu suspiro inalando seu delicioso cheiro. Eu e Lucas crescemos juntos, fizemos várias coisas juntos, dormimos muitas vezes juntos, mas quando fiz dezoito anos algo mudou e comecei a ver ele com outros olhos.

São 6 anos ouvindo ele falar das mulheres que ele pega e tendo que ficar calada, não sei se ele tem o mesmo sentimento por mim. É só olhar pra ele que eu me derreto inteira, mas tenho medo de avançar e isso acabar nossa amizade, daí não tenho ele como namorado nem como meu melhor amigo, e eu sofreria em dobro.

Então prefiro ficar calada na minha, e ter sua amizade, sua proteção, seu cuidado e carinho.

...Deixo de vagar em meus pensamentos, subo até o quarto do Lucas e deito em seu travesseiro. O cheiro dele é delicioso uma mistura de menta e hortelã....

Não sei quanto tempo eu dormi mas sou acordada pelo Lucas me chacoalhando.

– Ei acorda pequena. – Abro meus olhos e vejo seus lindos olhos me fitando.

– Oi, peguei no sono que horas são? E o que você está fazendo aqui? – Me sento na cama preocupada em ter perdido o horário do paciente.

– Hã..– Ele olha seu relógio de pulso. – São exatamente 10:00 – Ele diz.

– Caralho eu estou atrasada, Tenho que tomar banho ainda, pra que eu fui dormir. – pulo da cama e esbarro em algo, se não fosse o Lucas eu teria metido a cara no chão, ai quem precisaria de um implante dentário seria eu.

– Calma, você disse que seu paciente seria 11:00 da tempo, você toma banho aqui em casa e depois só passa na sua e troca de roupa.

– Tá pode ser, e você não respondeu o que está fazendo aqui?

– Passei aqui pra pegar uns documentos que esqueci antes do próximo cliente. Não vejo a hora da Gio começar a estagiar assim ela pode me ajudar, e eu não fico tão atarefado.

– Falta pouco, mais alguns meses e ela vai poder te ajudar. – falo e me levanto tirando minha blusa de alcinha, ficando apenas de sutiã preto, Lucas não liga sempre ficamos assim um perto do outro, só nunca ficamos nu, eu não tinha coragem não nesse ponto e ele também não, mas eu sei até onde meus olhos podem ver quantas pintas ele tem no corpo, a tatuagem enorme nas suas costas largas.

– Eu vou tomar banho tá? E depois vou até em casa trocar de roupa.

– Tá eu vou pegar os documentos e estou voltando para o escritório. Qualquer coisa me liga. Te amo pequena.

– Te amo Gigante. – Ele sai fechando a porta do quarto, e eu termino de tirar minha roupa para tomar banho.

O bom que hoje o consultório é sossegado.

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