Na fazenda
Mãe Maria vai até o quarto de Marina, desde os últimos acontecimentos até as refeições mãe Maria servia em seu quarto, seu pai não exigia a sua presença e também não a procurava para ver como estava, a janela ficava aberta mas não dava pra ver do lado de fora porque foi colocado tábuas formando uma grade. Marina não se importava, ficava praticamente o dia todo deitada, mãe Maria tentava animá-la, mas nada surgia efeito.
Mãe Maria- Sinhazinha, ocê num pode ficá anssim, vai adoecê, num tá cumeno direito, tá ficano fraca.
Marina - Quero morrer
Mãe Maria - Oia a vida pode num tá boa, mais nóis tem que vivê, num pode entregá desse jeito.
Marina - Já tiraram o Eugênio do tronco?
Mãe Maria- tiraro
Marina - E voltou pra lavoura?
Mãe Maria- Não
Marina- Porque? O que meu pai fez com ele?
Mãe Maria- Oia minha fia, o Eugênio num aguentô o castigo, as firida inframô e espaiô no corpo, intão ele num resistiu, já faz uma semana que interramo ele.
Marina- Porque que a senhora não me falou?
Ela começa a chorar abraçando o travesseiro
Mãe Maria- A sinhazinha já num tá bem.
Marina - É minha culpa, primeiro foi a mamãe, depois a Leni e agora o Eugênio, meu Deus, como vou conviver com essa culpa? Só queria ser livre, viver longe dessa casa, das regras do meu pai, olha no que deu!
Mãe Maria- As veis agente tá com tanta raiva que memo se alguém chegá e falá que o que vai fazê num há de sê bão, agente num inxerga, é só dispois é que da pra vê os istrago. Agora sinhazinha num dianta ficá se punino, é continuá, do jeito que Deus qué.
Marina - Deus é muito injusto, eu, mamãe Eugênio, Leni nós nunca fizemos nada de mal com ninguém, olha o que aconteceu? Meu pai é um verdadeiro carrasco, só pensa nele e pra ele continua tudo bem, se Deus fosse bom seria ele a sofrer, não nós, se fosse bom não permitiria que os negros fossem escravos.
Mãe Maria- Num fala anssim não, pruque num é Deus que fez a mardade, nois é que fizemo, quando botô nois na terra era todo mundo iguar, mais o nosso orguio, vaidade
ganança é que fez a mardade, Intão nosso
pai vai dano um jeito de nóis botar pra fora, aí nóis vai nasceno, morreno, nasceno de novo inquanto pricisá.
Marina - A senhora está querendo dizer que as pessoas não morrem?
Mãe Maria pega no próprio braço e diz - Isso minha fia é só uma carcaça, me serve hoje, mais quandipuÀo num tiver mais pricisão se acaba iguarzinho uma ropa veia, mas quem veste a ropa cuntinua, vai pricisá de uma nova, assim é nóis de tempo em tempo nois troca de roupa.
Marina - Onde a senhora aprendeu isso
Mãe Maria- Iiiii minha fia, já vi muita coisa nessa vida, e aprindi cum ela...
Marina - Queria que fosse assim mesmo, saberia que a minha mãe, Leni e Eugênio estão vivos em algum lugar e que vou me encontrar com eles.
Mãe Maria- Mais a sinhazinha tem que ir na hora que chegá a sua veis, pruque se disisti da vida, num vai pa donde elis tão, se forçá a morte fica perdidinha, é muito sufrimento.
Marina - Mas e quando outra pessoa tira a vida da gente, por que por exemplo o Eugênio morreu por causa do castigo que meu pai ordenou então, o meu pai é o responsável pela morte dele.
Mãe Maria- sabe fia, num precisava de tê sido anssim, o sinhozinho num precisava de dá o castigo ele tamem é rispunsárve, mais aí nóis dexá na não de Deus pruque só ele sabe o pruquê.
Marina - É muito difícil de entender, só consigo entender o que vejo, e pra mim meu pai é um carrasco e que odeio . Ele vai me prender aqui pro resto da minha vida, vou aceitar essa prisão, mas ele nunca ouvirá minha voz, não quero vê-lo tão pouco
Mãe Maria - Fia num dexa o rancor faze morada no vosso coração, aprende a perdoar...
Marina - Perdoar esse monstro? Nunca, posso ter mais dez vidas mas não perdoo.
Mãe Maria- Num fala anssim fia, pruquê quanto mais ocê odeia mais agarrado nele ocê fica, é isso nunca se acaba.
Marina- Ele nem parece meu pai, nunca teve uma palavra de carinho, mal olha pra mim, ele me culpa por não ter nascido menino, culpou a minha mãe, como posso amá-lo mae Maria, me diz? Só consigo odiá-lo.
Mãe Maria- Sabe fia, a vida tá dano condição pra mode oceis se intendé, se num fô agora há de sê dispois.
Marina se levanta vai a até a janela - Vê, nem a luz do sol posso ver, o céu estrelado a noite, estou confinada nesse quarto pra sempre!!
Mãe Maria- É pruque ele inda tá brabo com a sinhazinha, com o tempo ele vai ficando mais carmo e tira essas madera daí.
Marina - Acho que não, ele não vai mudar, não imagino o que ele pretende fazer comigo, mas assim como ele não gosta de mim eu muito menos dele.
Mãe Maria- Oia fia vamu vê cumo que vai ficá, vou lidá cum armoço, mais tarde trago a sua cumida.
Marina deita na cama abraça o travesseiro e começa a chorar pensando em Eugênio " queria tanto que fosse verdade o que a mãe Maria falou, porque saberia que um dia te encontraria, mas não consigo ter esperanças, me perdoa por ter te envolvido, se não tivéssemos fugido pelo menos você estaria vivo, cativo mais vivo, meu Deus a Leni, me perdoa, mamãe me perdoa, como é difícil estar sem vocês, minha mãe meu porto seguro, Eugênio meu amor, Leni minha única amiga, agora estou só, não tenho mais ninguém que mais triste.
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Cremilda Machado
vc está falando sobre a forma como os personagens falam? ou é por algum tipo de erro, agradeço por me dar esse toque, se for pela forma dos personagens falarem é por causa da época, mais para frente vera que os diálogos são como conhecemos
2023-12-21
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Maria Eduarda Marques
autora vc poderia melhorar a escrita por que é muito difícil de ler assim se vc mudar ficarei agradecida 😍
2023-12-21
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Maroka Oliveira
Coitada da Marina
2023-01-19
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