O sol já se pondo, Eugênio dá uma olhada na entrada da gruta, acorda as meninas
Eugênio- O sol já tá se pondo, é mio nois vorta pro rio pra caminhá, vamo cume primero.
Marina - melhor mesmo, estou com fome
Leni pega o farnel parte um pão em três partes com um pedaço de carne seca eles comem em silêncio .
Marina- Eles já devem estar procurando, temos que ter muita atenção, vamos tentar andar mais rápido pra não perder tempo.
Eugênio- nois tá de a pé, elis capais de tá de cavalo, intão temo que sê mais ligero.
Terminaram de alimentar e desceram pra alcançar o leito do rio, tinha partes que era um pouco mais fundo molhando mais a roupa, mas não desanimaram continuaram com a caminhada
Eleutério organizou uma comitiva com cinco capangas deixando uns tomando conta da fazenda, a tarde saíram pra iniciar as buscas, o escravo que sofreu castigo informou que eles seguiriam o rio abaixo e que eles caminharriam apenas a noite.
João Barroso - eles estão um dia a nossa frente, como vão caminhar somente a noite, não descansaremos, pois assim perdem a vantagem que eles tem.
Eleutério- Nesse início do caminho é bobagem agente ficar parando, porque com certeza já passaram por aqui, eles estão a pé isso atrasa , como estamos a cavalo devemos alcança-los amanhã .
João Barroso- Tem razão vamos direto sem parar.
Eugênio, Marina e Leni começaram a encontrar dificuldades em uma parte do rio, tinha muitas pedras e o mato nas margens estava alto, em algumas vezes eles escorregavam e caiam, Marina já estava com os joelhos e braços machucados, mas nada diminuía a esperança de conseguir chegar no quilombo, Eugênio segui na frente, a lua estava clara iluminando o caminho, eles caminham a noite toda, o sol nasce então decidem parar pra alimentar e descansar, de novo Eugênio procura um lugar pra ficarem, não muito longe do rio, encontra uma árvore frondosa com grandes raízes , depois de se alimentarem deitam pra dormir.
Enquanto isso a comitiva de João Barroso para para se alimentarem, Eleutério, vasculha em sua volta procurando pistas, ele vê uns galhos quebrados e segue até chegar a pequena gruta onde dormiram no dia anterior.
Eleutério - Senhor eles passaram por aqui ontem, tem uma gruta mais acima eles dormiram lá como eles caminhando só a noite já devem estar descansando agora, se continuarmo poderemos passar na frente deles e arruma uma emboscada.
João Barroso- Não vamos parar, agora que já alimentamos vamos seguir, menos barulho possível ouviram?
Homens concordaram, montaram seus cavalos e continuaram descendo seguindo o leito do rio
Já entardecendo Marina acorda e chama Eugênio e Leni.
Marina- Vamos comer, o sol está se pondo, temos que voltar pro Rio.
Ela se levanta e sente um pouco de dor no corpo, por ter deitado no chão duro. Eles se alimentam e descem pra Continuar a caminhada, essa região estava com mato alto não permitindo que aminhassem nas margens do rio, chegou em um ponto que tiveram que pisar em cima do mato, estavam caminhando quando Leni dá um grito, Eugênio e Marina voltam correndo pra ver o que aconteceu.
Leni- Uma cobra me mordeu aqui na perna.
Eugênio sai procurando e vê uma cascavel saindo do rio , ele volta correndo - vamo ter que sair d'gua, foi uma cascaver que mordeu ela.
Marina e Eugênio ajuda lenir a sair da água, Marina rasga um pedaço do seu vestido e amarra um pouco acima da mordida, Eugênio suga o sangue várias vezes na expectativa de tirar o veneno, Leni fica desesperada - Cumé que nois vai fazê agora, num dô conta de caminhá, minhas vista já tão iscureceno.
Marina - Fica tranquila, daqui a pouco vai passar, você vai melhorar, o Eugênio sugou o sangue e o veneno veio junto,
Marina põe cabeça de lenir em seu colo - vamos descansar um pouquinho, daqui a pouco você vai estar melhor.
Lenir começa a sentir, calafrios, os olhos ficam embaçados, a perna fica inchada, ela começa a vomitar com sangue, reclama falta de ar.
Eugênio fala no ouvido de Marina - isso num é bão não, cume que nois vai fazê agora?
Marina - vamos continuar, pego ela de um lado e você de outro, não vai dar pra andar dentro d'agua, mas já estamos bem distantes, devem estar longe ainda.
Eugênio - Intão vamo.
Marina- Lenir, vamos te ajudar a caminhar, segura em meu ombro e no do Eugênio.
Leni- Sinhazinha, vo atrasa oceis, me dexá aqui.
Marina- Não de jeito nenhum você fica pra trás, saímos juntos e vamos chegar juntos.
Leni - num tô dano conta, tá tudo dueno, tô afogano sem ar, parece que minha garganta tá fechano, essa mardita cascave tá me matano.
Marina - Não Leni, você vai ficar bem, daqui a pouco chegaremos no quilombo, e vai cuidar de você.
Lenir começa a chorar - vai da tempo não sinhazinha, já num tô sintino as perna, num do conta de andá.
Eugênio - te carrego, monta nas minhas costas.
Ele abaixa e Marina ajuda Lenir a subir nas costas do Eugênio.
voltaram a andar, agora fora da água e devagar de vez em quando paravam um pouco , Marina colocava água na boca de Leni, ela mal conseguia engolir.
Com o peso de lenir, Eugênio tinha que parar um pouco pra recuperar forças.
Marina - vamos parar um pouquinho, Eugenio põe ela no chão.
Lenir estava confusa, pedindo ajuda, que não queria ir pro tronco
Marina- ela está com muita febre, vou colocar uns pedaços de pano molhado na testa dela, pra ver se abaixa.
Eugenio- Ela num vai resisti.
Marina- É muito grave mordedura de cobra.
Eugênio - inda mais essa, é muito braba, nunca vi ninguém vive dispois que é murdido .
Marina- Mas vamos cuidar dela, não vamos abandoná-lá aqui.
Eugênio - vai atrasá nóis, mais dexá ela assim nós num pode.
Marina - temos que tentar baixar a febre.
Eugênio - vamo pará aqui, na hora que crariá vô pricurá um lugar siguro pra nóis fica inté ela miorá.
Marina - descansa um pouco, vou ficar trocando as compressas agente revesa.
Leni tremia, falava coisas desconexas, a perna estava muito inchada.
Marina começou a sentir medo, pensando" meu Deus não deixa ela morrer, ela é tão nova, já estamos quase perto, falta tao pouco pra ela ter o gosto da liberdade.
Marina encosta a cabeça no tronco de uma árvore e fica olhando o céu estrelado " podia ser tão diferente, não devia exigir cativos, somos todos iguais, queria tanto ter um pai que se importasse comigo, que amasse a minha mãe é que não explorasse os negros, poderiam trabalhar mais livres, recebendo pelo seu trabalho. minha mãe, como será que ela está, deve estar muito triste com a minha partida, mas um dia ela vai entender. O coronel João Barroso deve estar soltando fogo pelas ventas como diz mãe Maria, ele é o que menos me interessa onde já se viu me mandar pra uma escola de freiras, morreria mas não ia.
Leni parou de falar é tremer, Marina aproveitou para descansar um pouco, acabou dormindo.
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Francine Ferreira
Que agonia para saber o que aconteceu...
2022-03-29
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