Capitulo 6

Marina acorda com batidas na porta de seu quarto.

Leni - Sinhazinha, vossa mãe tá chamano, pra tomá café, o sinhô já tá na mesa.

A mocinha levabta correndo e abre a porta.

Marina - Dormi demais, errei a hora, já estou indo, só vou lavar o rosto.

Leni - Se arranja dipressa, ele vai raiá cá sinhazinha.

Marina -Me ajuda a vestir esse vestido.

Depois de pronta Marina vai para a mesa

Marina - Sua bênção meu pai.

João Barroso - A senhorita sabe os horários dessa casa, a sua obrigação e seguir, da próxima vez fica sem o café da manhã.

Marina- Sim senhor, desculpe o atraso. Sua bênção mamãe.

Tereza - Deus te abençoe filha.

O silêncio volta a reinar entre eles, pareciam pessoas estranhas entre si, Marina só pensava, vai ser por pouco tempo essa vida que levo aqui, daqui a pouco estarei livre dele é dessas regras que ele nos impõe. No seu íntimo sorria imaginando como seu pai ficará ao perceber que ela fugiu de casa, bom, ele vai ver que não manda em mim, e isso lhe dava uma satisfação imensa.

Quando terminam o café da manhã, João Barroso se levanta - Vou na cidade hoje, não me esperem para o almoço.

Tereza - Sim senhor, gostaria de pedi-lo para comprar uns tecidos.

João Barroso - Se der tempo compro, vou comprar uns negros aqui pra fazenda e isso leva tempo, tenho que examinar as peças pra ver se estão boas.

Marina pensa - Parece que vai comprar animais e não gente, é revoltante.

Tereza - Sim senhor.

Eles saem da mesa ,Teresa diz estar com dor de cabeça e que não iria pro jardim, que ficaria recolhida em seu quarto pra ver se dor passava

Marina _ O feitor vai com meu pai pra cidade?

Tereza - Acredito que não, o Feitor deve estar na lavoura com os escravos.

Marina- Posso ir um pouquinho na senzala pra ver as crianças? Estou com muitas saudades deles. Por favor mamãe.

Tereza-Mesmo que seu pai e o Feitor não estejam, os capangas ficam vigiando a fazenda, se seu pai descobrir que foi lá ficará muito nervoso. Acho melhor evitar.

Marina - Então vou pro jardim, o Vicente já deve estar lá, vou ajudar a arrumar os canteiros.

Tereza - Mas é só até lá, não me faça perder a confiança em você.

Marina - Pode deixar, vou comportar direito

Tereza- Então vá, assim que o sol ficar forte você vem embora, sua pele é muito branquinha pode ficar com manchas do sol.

Marina- No mesmo horário, dez horas volto pra dentro de casa.

Tereza - Estarei no meu quarto.

Vicente já estava

podando as falhas das roseiras

Marina - Bom dia Vicente, começou cedo.

Vicente- É bão cuidar delas mais cedo, a sinhá num veio hoje não?

Marina - Não, está com dor de cabeça, de vez em quando ela tem essas dores, depois passa.

Vicente - Pruque ela num pede pra Mãe Maria faze uma baberagem pra mode miora, ela é que cuida de nois quando tamo doente.

Marina- Vou falar pra ela.

Ela senta na grama e fica olhando trabalhar.

Marina- Vicente estou com vontade de ir lá na senzala um pouco pra ver as crianças, o bebê da Jacira deve estar esperto, tem muito tempo que não o vejo.

Vicente- Tá sim, o muleque tá espertinho que pricisa vê.

Marina - Se eu for lá só um pouquinho você não conta pra minha mãe não?

Vicente- Sinhazinha num quero arruma pobrema cum vossa mãe não.

Marina- Vou muito rápido, você não vai nem perceber.

Vicente - Humm,

Marina - Vou num pé e volto no outro, rapidinho.

Vicente - Intão vosmice vai e num demora.

Marina - Muito obrigada Vicente . levanta-se depressa e sai correndo.

Ao chegar as crianças estavam no terreiro brincando, quando veem Marina vai correndo encontrar com ela, eles a abraçam. um deles grita na porta chamado a Jacira, ela cuidava das crianças enquanto os pais trabalhavam.

Jacira aparece na porta. - Sinhazinha sumiu, tava inté pensano que tava doente.

Marina - Que nada, estou é preza dentro de cada. Mas hoje deu pra dar uma escapada e vim ver vocês, estou com muitas saudades,

e o seu bebê? Deve estar grandinho. Posso vê-lo?

Jacira - Vem cá, tá drumino.

Marina - Que pena, queria pegar ele um pouquinho.

Jacira - Tá meio injuadinho deve se os dentin que tá naceno.

Marina senta no chão e fica vendo o menino enrolado nuns pano, deitado em uma esteira de capim, sente muita dó daquele serzinho tão indefeso nascer já escravo, o que o futuro reservava pra ele, lágrimas começaram a cair de seus olhos

Jacira - Sinhazinha tá chorano, por mode quê?

Marina - Fico pensando Jacira, que tudo podia ser tão diferente, ninguém ser dono de ninguém, todo mundo ter direito de ir e vir, olha só pra essas crianças, daqui a pouco já vão começar a trabalhar, isso me deixa muito revoltada.

Jacira- Fica ansim não sinhazinha, num tem como sê diferente, ixiste dois tipo de pessoa os Branco e os preto, os branco domino meu povo, e agora num tem o que fazê, o jeito é obedece pra mode num sofre muito.

Marina- Porque vocês não lutam, são em maior número.

Jacira - Mais as arma tá na mão deles, a sinhazinha ainda num viu um preto no tronco, é de da tristeza, intao é mio aceitar pra mode num í pro tronco e vive em paz.

Marina- Não consigo aceitar isso, a escravidão me dói, queria tanto fazer alguma coisa pra acabar com isso, Jacira.

Jacira - Mas a sinhazinha já ajuda muito nois, Oia só cumo é que os mínimo gosta quando chega aqui, eles fica numa felicidade que só.

Marina - Nem isso posso fazer mais, meu pai me proibiu de vir aqui, estou presa, hoje ele foi pra cidade, consegui fugir um pouquinho, por isso não tenho aparecido.

Jacira - Oia sinhazinha num deve faze anssim não, num deve de brincá com vosso pai.

Marina- Fica preocupada não, ele não vai saber que estive aqui, vou sentir muita saudade de vocês.

Jacira- Credo, do geitio que a sinhazinha tá falano tá inté parecendo uma dispidida.

Marina- Não é isso, é que agora nem sei quando vou voltar aqui.

Jacira - na hora qui dé a sinhazinha vem

Marina- Vou brincar um pouco com as crianças, no posso demorar muito.

Jacira- Vai Intão, mais num se afaste, pruque os capangas tão vigiano, se te vê conta pro sinhozinho.

Marina - Tá bom.

Marina chega na porta e chama as crianças, eram quatro com idade entre três a cinco anos

Marina- Vem vamos brincar de roda.As crianças vem correndo , brigando para segurar as mãos de Marina.

Marina - Ei, vamos organizar essa nossa brincadeira, quem lembra da música da roda?

Uma menina começa a cantar " roda roda sinhazinha, vamo vê cumé qui é .

Marina- É assim mesmo, agora vamos trocando de lugar, isso, roda roda Pedrinho para ver como é que é, agora é a vez do Pedrinho cantar.

roda, roda..

Marina brinca um pouco, Após se despede deles e volta correndo, Vicente já estava incomodado com a demora dela.

Vicente- Só faltava a sinhazinha esquece da vida lá com a mulecada, se a sinhá aparece num sei o que falá.

Pouco tempo depois Marina chega correndo - Falei que não ia demorar, Vicente.

Vicente - Mais já tava agoniado, com medo da sinhazinha esquece da vida e a sinhá vi atrás docê. inda bem que vortô im antes dela chega

Marina- Preocupa não, acho que hoje ela não vem aqui fora, daqui a pouco vou entrar pra ver se a dor de cabeça melhorou.

Vicente - Vai sim, a sinhá é uma das mior pessoa que tem aqui, a sinhazinha tamém é.

Marina sorri- Já estava com ciúme.

Ela pega uma tesoura e começa a retirar as folhas velhas das Rosas.

Marina: Você sonha Vicente?

Vicente: Quando tô drumindo as veis sonho.

Marina- É o que vc acha que é o sonho, porque nunca consigo lembrar direito. Essa noite sonhei com uma moça, ela me mostrou uma praça muito bonita, conversamos muito Mas não consigo me lembrar o que ela me disse.

Vicente - A mãe Maria fala que são os isprito

que vem dar cunceio pa nois, as veis pareci confuso, mais agente sabe, e quando menos ispera agente lembra.

Marina - Depois vou conversar com ela então, acho que vou entrar, amanhã volto pra te ajudar.

Vicente - Tá bão, sinhazinha.

Marina se dirige pra casa grande, vai até a cozinha pra tomar um copo de agua, Mãe Maria estava começando a fazer o almoço, Leni estava arrumando os quartos

Marina- Posso te ajudar em alguma coisa mãe Maria

Mãe Maria- inté parece, a sinhazinha me ajudando na lida da cozinha, se sinhozinho chegá é vê vosmicê trabaiano é capaz de me bota no tronco.

Marina ri da cara de espanto de mãe Maria - Ele foi cedo pra cidade não tem perigo não.

Mãe Maria- Mais mior num abusá, mais o que a sinhazinha tá quereno?

Marina- Queria falar com a senhora sobre sonho, é que tive um sonho essa noite mas não me lembro o que conversei com uma moça. Estou com isso na minha cabeça, tentando lembrar.

Mãe Maria- Priocupa não, quando chega a hora vai passá na sua cabeça as veis vem tamém como um conceio, se pricisa da sinhá lembra pá mode chama atenção.

Marina - Isso é muito complicada, mas deixa pra lá, minha mãe ainda está no quarto?

Mãe Maria - Tá sim, fiz um chá pra ela toma, já já vo levar.

Marina - Pode deixar que levo, vou ver como ela está se sentindo.

Mãe Maria- Intao tá aqui.

Marina pega a bandeja e vai para o quarto da sua mãe.

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Comments

Erica Terra

Erica Terra

Estou me apaixonando nessa 📚

2022-07-23

0

Mia Connolly

Mia Connolly

perfeito

2022-07-20

0

Marcela Santos Santos Lalá

Marcela Santos Santos Lalá

Que dó deles.

2022-06-23

0

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