capítulo 11

Amanheceu na fazenda, Mãe Maria já estava na cozinha preparando o café da manhã, achou estranho por Leni não ter aparecido ainda, ela sempre chegou cedo, continuou o seu trabalho, depois ia ver o que aconteceu com a menina.

No mesmo horário Tereza e Joao Barroso sentam a mesa pra tomarem café, como Marina ainda não havia chegado, seu pai fica nervoso.

João Barroso- E essa menina, atrasada de novo.

Tereza - Vou pedir para lenir chamá-la

João Barroso- Não, ninguém vai chamá -la, hoje ela fica sem o café da manhã, pra aprender a seguir os horários, entendeu?

Tereza - Sim senhor

Mãe Maria chega com o leite quente

João Barroso- Onde está a negrinha que serve o café?

Mãe Maria - Ela num deve de tá bem de saúde pruque ainda num chego.

João Barroso - Mas isso é um absurdo, ela tem que estar aqui no horário que mandei, pode está morrendo, mas tem que vir, depois do café vou ver o que está acontecendo.

Tereza olha, fica com o coração apertado, com medo de Leni sofrer algum tipo de castigo, mas não ousa falar nada, permanece em silêncio.

João Barroso- hoje parece que querem me afrontar, começando pela sua filha senhora minha esposa que não apareceu .

Tereza continua em silêncio, não estava se sentindo bem, desde a noite anterior sentia uma dor no peito, o seu braço esquerdo estava meio dormente, e estava com ânsia de vômito, mas não demonstrou , tomou uma xícara de café e comeu uma fatia de bolo, esperava João Barroso terminar o seu café para se retirar da mesa.

Alguém chama lá fora, Mãe Maria vai atender, volta a sala de jantar pra avisar que o feitor queria falar com João Barroso.

João Barroso- Fale pra esperar, já estou terminando o meu café.

Mãe Maria volta e avisa o feitor que ele já estaria vindo, o homem ficou do lado de fora esperando, porque João Barroso não permitia que os empregados entrassem dentro de casa.

Ao terminar ele vai até o feitor.

João Barroso- O que aconteceu pra ter vindo aqui? Não tinha que estar com os negros na lovaura.?

Feitor Eleuotério- Sim senhor, mas é que hoje na hora da contagem dos negros, está faltando um.

João Barroso - O quê? Já procurou por ele na Fazenda?

Eleutério- Sim, já procuramos , agora os capangas já estão procurando nos arredores.

João Barroso - E como ele conseguiu fugir, não trancou o portão da senzala?

Eleutério- Tranquei sim senhor, ele escapou pelo telhado.

João Barroso lembrou se dá escrava que trabalhava na casa não tinha aparecido - foi só um que fugiu ou tem mais algum

Eleutério- na contagem falta um

João Barroso- Tem certeza, porque a neguinha que trabalha aqui na casa não apareceu hoje

Eleutério- como só tem duas que servem aqui na casa não conto elas.

João Barroso- Como assim? elas são escravas do mesmo jeito.

Eleutério- A mãe Maria e a mocinha comecam na lida as cinco horas da manha, por isso elas nao entram na contagem.

João Barroso - Vamos lá na senzala, algum negro vai saber e alguma coisa, reúne todos no pátio do café.

Eles vão pra senzala, Mãe Maria que estava ouvindo a conversa fica desesperada, Lenir fugiu com outro escravo e ela precisava descobri com quem ela fugiu. apreensiva ela saiu escondida , cortou caminho é foi até a senzala, os escravos não tinham ido para a lavoura, tinha três homens armados tomando conta deles, Mãe Maria não conseguiu se aproximar, entrou ficou atrás de um tanque observando o que ia acontecer.

João Barroso e o feitor chegaram.

João Barroso- Estão faltando 2 escravos, alguém sabe onde eles estão,?

Os escravos permaneceram em silêncio

João Barroso - É melhor alguém falar, se não todo mundo vai ficar sem comida. nunca teve negro fujão aqui, e nem vai ter.

Todos permanecem em silêncio

João Barroso- Já que ninguém vai falar, Eleutério pega aqueles dois ali e põe no tronco, João Barroso aponta pra dois escravos, - quero ver se com o chicote no lombo se não soltam a língua.

Um dos escravos que ele manda para o tronco foi o que deu as informações pra Eugênio,

Escravo - Sinhô, o negro que fugiu está indo procura o quilombo, ele deve de tá descendo o rio. Num castiga nois, nois num tem curpa do nego tê fugido.

João Barroso - Então esse escravo sabia da intenção de fuga e não disse nada, põe ele no tronco e dá 20 chicotada pra ele aprender.

Escravo - Mais num fiz nada

Jão Barroso - Não avisou que tinha escravo planejando fugir, agora vai ser castigado, pra todo mundo aprender , o resto vai pra lavoura, separa três homens pra ajudar a caçar esses escravos, não devem estar muito longe.

João Barroso bate o chicotinho na sua bota e vai em direção da casa grande mãe Maria volta correndo para cozinha, poucos minutos depois ele entra na cozinha

João Barroso - A neguinha fugiu junto com outro negro, sabia disso?

Mãe Maria - Não sinhô, achei estranho ela num vim cedo iguar todo dia.

João Barroso- Meus homens já vão atrás, quando forem encontrados os dois vao pro tronco, escravo meu não foge! l

Da uma chicotada em cima da mesa, e sai.

Mãe Maria fica com o coração acelerado, dizia baixinho " mínima o que vosmicê foi faze, ó pai num deixa incontra eles não, ajuda que eles ache esse tar de quilombo. Agora o coitado do nego que nem tem curpa vai sê castigado, que tristeza.

Mãe Maria volta a mexer na cozinha, vem na cabeça dela: Ingraçado a sinhazinha Marina num apareceu hoje pó café e inté agora tá drumindo? A sinhá hoje num foi pro jardim, será que elas tão juntas no quarto? Vou dá uma ispiada.

Mãe Maria seca as mãos no avental e vai atrás da sinhá, bate na porta do quarto dela

Mãe Maria - Sinhá , vim vê se vosmicê tá passa no bem. Sinhazinha ainda num se levantô, e oceis num vai no jardim hoje não?

Tereza - Não mãe Maria, não vamos estou com uma dorzinha chata no peito, devo ter dormido por cima do meu braço esquerdo está meio dormente, e o jantar também não me caiu bem, estou enjoada, nem fui acordar a Marina, vou deixar ela dormir um pouco mais, bom que não ficará com fome porque o meu esposo proibiu de dar a ela o café da manhã pois não acordou no horário determinado por ele.

Mãe Maria - A sinhá num tá sabeno?

Tereza - Sabendo de que?

Mãe Maria- essa noite fugiu dois nego, e acho que é a Leni, o outro num sei, o coroné já pois um coitado no tronco.

Tereza - Meu Deus do céu, que tristeza, quando Marina acordar vai ficar muito triste com essa situação, já tinha tanto tempo sem esses castigos, agora vai começar tudo de novo!!

Mãe Maria- a sinhá num acha mió contar pra sinhazinha?

Tereza_ Mpelhor mesmo, vou no quarto dela agora.

Mãe Maria- inquanto isso vo dá uma ajeitada no vosso quarto

Tereza - Obrigada mãe Maria, não sei o que seria de mim sem a senhora.

Tereza ruma para o quarto de Marina, bate na porta e espera a menina abrir a porta, bate de novo e nada, nenhuma resposta

Tereza - Está dormindo pesado até agora, será que está passando mal? Vou abrir pra ver como ela está.

Tereza abre a porta e fica para de na soleira da porta "a cama de Marina está arrumada, Meu Deus, onde está essa menina, ela nem deitou na cama", viu o baú aberto, suas roupas estavam lá, a janela aberta, Tereza caminha e olha pela janela, nenhum vestígio da filha, ela bota a mão no peito e pensa - " ela já deve estar sabendo do castigo e deve ter ido pra tentar impedir" Tereza sente uma vertigem, se senta na cama " Meu Deus se ela tentar impedir o seu pai vai ficar muito bravo, tenho que ir atrás dela, impedir de fazer algo em defesa do escravo."

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