A vida corria normal, Marina passou a acompanhar sua mãe, como o seu pai queria, Tereza se esmerava para torná-la uma moça prendada, mas ela pouco se interessava, estava cansada de ficar dentro de casa, saindo apenas para irem ao jardim de rosas, se sentia presa, estava esperando Eugênio descobrir uma forma de sair da senzala a noite pra se verem.
Eugênio quando recebeu o recado de Marina passou a observar por onde ele poderia fugir, a senzala era uma construção de pedras e não tinha como passar pela parede, então ele passou a observar o telhado, tinha um ponto em que a telha estava quebrada, ele só precisava conseguir escalar a parede, os escravos mais velhos ficavam em um outro cômodo, as crianças e os jovens ficavam juntos, e lenir era muito amiga de Eugênio, ela não o entregaria, a noite ele experimentava, cada dia subindo um pouco mais, até que conseguiu alcançar a telha, ele arreda e como era muito magro deu pra passar entre os caibros, no outro dia pediu pra lenir marcar a noite pra Marina encontrá-lo perto do riacho.
Após o café da manhã, mãe e filha não foram para o jardim, pois o dia amanheceu chuvoso, Marina pediu pra retornar ao seu quarto, todos os dias ficava ansiosa esperando por lenir, no mesmo horário a mocinha bate na porta.
Marina - Bom dia, tem novidades pra mim?
Lenir - tem sim, onte de noite ele cunsiguiu í inté o teiado, falô que se a sinhazinha quise, pode i se incuntrá essa noite
Marina - Mas está chovendo, tem muito barro e escorrega muito, vou pensar o que fazer
Leni- aí a sinhazinha me fala pra mode avisa ele, pra ele num i atoa
Marina- se a chuva passar até a tarde da pra ir, antes do jantar vamos ver como vai ficar o tempo aí te falo
Leni - Tá bão sinhazinha
A menina começa a arrumar a cama, Marina se senta em uma poltrona e fica observando
Marina- você gosta de viver aqui?
Leni- Num sei, num conheço outro luga.
Marina - Você nasceu aqui,?
Leni- Não sinhazinha, quando vosso avó comprô a minha mãe eu tinha poco tempo de nascida, o meu pai foi pra otra fazenda, num cunheci.
Marina - A sua mãe foi vendida de novo, porque ela não está mais aqui.
Leni- ela morreu, tem poco tempo.
Marina - Ela morreu de que?
Leni- Ela foi comprada pra ser paridera, tava tendo um fio atrais do otro e no úrtimo ela num cunsiguiu bota ele pra fora, mae Maria teve que ajudá, ela fico muito fraca e num deu conta.
Marina - Meu Deus do céu isso é uma violência muito grande
Leni - Tenho medo do sinhozinho quere me bota pra paridera, igual feiz cum a minha mãe, tem mais duas na senzala, as coitada nem dá leite pros fio, pra mode imbucha de novo.
e quando os mínimo faz sete anos ou vão pra lavora, ou são vendidos, separam eles nuvinho.
Marina - Alguns dos seus irmãos já foram vendidos?
Leni - dos onze só tem treis, já tão mais crecido trabaiam na lavora de café e cana
Marina- você tem vontade de ir embora daqui?
Leni- Pra donde?
Marina- Não sei, fugir, ser livre.
Leni- Pra quarqué lugar que for, vô cuntinuar a ser preta e escrava.
Marina- Ouvi meu pai falando com o Feitor que os negros que fogem estão indo pra um lugar chamado quilombo, onde ninguém está conseguindo encontrar os negros fugitivos, que muitas fazendas estão perdendo muitos escravos.
Leni - mais será que ixiste esse lugar memo?
Marina- tenho vontade de ir pra lá, junto com Eugênio, se nós formos podemos te levar.
Leni- A sinhazinha qué fugi tamém?
Marina- Quero sim,
Leni- mai num tô intendendo aqui é a casa da sinhazinha , vosso pai te dá de tudo!
Marina- Aqui sou tão escrava como você, estou proibida de sair sem minha mãe pela fazenda, não posso ir na senzala mais, e assim que fizer quize anos meu pai vai me casar. Esta vendo a minha situação não é boa!
Leni - intao a sinhazinha que memo é fugir.
Marina - E vou fugir, e quando for se quizer pode vir com agente.
Leni - A sinhá não tem medo de sê pega, pq o Feitor conhece essas Mata tudo, e é muito pirigoso.
Marina- Mas viver desse jeito não dá, prefiro morrer!
Leni faz o sinal da cruz - curuis credo sinhazinha
Marina - Mas é a verdade, não suporto esse cativeiro.
Leni - num sei se tenho corage.
Marina - Mas vai pensando, porque não vai demorar muito pra gente fugir.
Leni- tá bão quarquer coisa te falo, já acabei de arranjar o vosso quarto, vô ajudá mãe Maria cum armoço.
Mariana- obrigada por arrumar meu quarto, mais tarde passo na cozinha pra te falar se vai dar pra encontrar o Eugênio está noite.
Leni balança a cabeça e sai do quarto, Marina vai para janela pra ver a chuva cair, pedindo a Deus pra parar de chover, a possibilidade de ver seu querido Eugênio a deixava com um calorzinho no seu coração.
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Angela
nesse tempo era muito sofrimento
essa prática era feita para economizar na compra de escravos...
tinha sempre uma moça jovem pra parir todo ano um...de preferência menino...
tempos difíceis de pessoas cruéis...
livro bem escrito...ansiosa por mais capítulos ❤️
2023-04-01
3
Mia Connolly
😍😍😍😍😍😍😍😍
2022-07-20
0
Cremilda Machado
Boa tarde Arien, que bom que vc está gostando, fica grata por nós escolher! Tem outro também se quiser conferir chama Morri?
2022-07-20
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