capítulo 10

Finalmente chegou a segunda feira, Marina conseguiu fazer uma reserva de pães, um naco de carne seca e dois cantis de água, tudo isso escondido dentro do seu baú de roupas, Leni decidiu ir também, ela e Eugênio dormiam no mesmo cômodo da senzala, eles sairão pelo telhado.

Marina estava ansiosa , passou o dia tentando parecer normal, foi para o jardim com a mãe, depois do almoço foram bordar, ela ficava olhando sua mãe em alguns momentos vinha-lhe uns pensamentos para que desistisse, mas ao mesmo tempo pensava, " não tenho escolha"

A minha mãe vai sofrer mas vai me entender, e me perdoar por ter ido embora, ela sabe que nao seria feliz tendo que me curvar a vontade do meu pai, ela sofreria mais me vendo infeliz, o tempo cura e vai curar a dor que ela vai sentir com a minha ausência.

tereza- O que você tem minha filha, está com esse olhar perdido...

Marina- Nada não mamãe, só estava pensando ...

Tereza - Ultimamente tenho percebido que você está meio diferente.

Marina - Não, estou igual a todos os dias, só queria te dizer que amo muito a senhora, e sempre vou te amar, onde eu estiver a senhora vai estar no meu coração!!

Tereza- Que estranho filha, da forma que você está falando, parece que está se despedindo?

Marina- Não estou, pra onde eu iria? Só que agente nunca fala pras pessoas o quanto as amamos e estou com vontade de dizer hoje.

Marina se levanta e abraça a mãe pelas costas e da vários beijos em seu rosto - Amo demais, a senhora é a melhor mãe do mundo

Tereza se emociona mãe e filha começam a chorar.

Tereza- você que é a melhor filha do mundo, é o que mais importa pra mim, não quero perdê-la nunca, vou estar sempre do seu lado.

Marina- Mesmo que não possa estar do meu lado saiba que sempre vou lembrar dos seus conselhos, da sua bondade.

Tereza seca o rosto vira-se pra ela é da um sorriso - Minha menina, você está crescendo, mas para mim será sempre a minha menina, a vida não é fácil, mas com paciência vamos vencendo todas as batalhas, o que não podemos é precipitar, porque as vezes tudo nos parece eterno, mas não é, eterno é o amor que sentimos, o que não é bom passa, lembre-se sempre disso, construir o amor!!

Marina - Pode deixar mamãe jamais me esquecerei dos seus conselhos.

Tereza da um beijo no rosto de Marina - Agora vamos organizar esses tecidos por hoje já chega, temos muito tempo pra bordar.

Marina - Temos sim.

Elas terminam de organizar os tecidos, já era horário do jantar, foram para a mesa aguardando o João Barroso.

João Barroso chega e se senta na cabeceira da mesa- Boa noite

Tereza- Boa noite, senhor

Marina- Boa noite

João Barroso- Não ouvi direito , como é que se fala?

Marina tremia de raiva - Boa noite senhor

João Barroso- Assim está melhor, a senhora minha esposa tem a única função de educar a sua filha e não está cumprindo bem essa tarefa, ela se porta muito mal, se não mudar vou maná- lá pra um colégio de freiras e ficará lá até se casar, está muito insolente.

Marina apertava as mãos de tanta raiva em ouvi-lo falar dela, era como se ela não estivesse lá.

Tereza- Pode ficar tranquilo, Marina vai se comportar melhor, não será necessário enviá- lá pra outro lugar, estamos avançando muito na sua preparação.

João Barroso não falou mais nada, serviu-se silenciosamente, o coração de Tereza batia descompassado, ela começou a sentir uma dor no peito, mas respirou fundo, serviu-se e passou a alimentar, Marina estava com muita raiva, tinha vontade de sair correndo daquela mesa e nunca mais olhar pro rosto dele " hoje farei isso, vou sair daqui sem remorso nenhum E espero não vê-lo nunca mais"

Após João Barroso terminar todos se recolheram em seus quartos

Marina espera um tempo, resolve dar um último abraço em sua mãe, ela vai até seu quarto bate na porta, sua mãe abre e se assusta com a menina

Tereza- Tudo bem filha?

Marina- tudo, só vim ver como a senhora está e

te desejar uma boa noite.

Tereza- Estou bem, e boa noite pra você também, volte para o seu quarto, seu pai não gosta que fiquemos andando pela casa a noite.

Marina - sei disso, então uma boa noite Mamãe.

Marina retorna pro quarto troca de roupa, veste um vestido mais simples e sem os saiotes que usava por baixo, calça a sua bota, retira do baú o alforje com os alimentos e os cantis, abre a janela e coloca do outro lado, espera escurecer um pouco mais, da uma olhada pelo quarto em despedida pula a janela e vai ao encontro de Eugênio e Leni.

Ao chegar eles a estão esperando, Eugênio pega o alforje e os cantis, Leni tinha uma pequena trouxa os três em silêncio começam a caminhar nas margens do riacho pra não deixar pegadas no início corriam com medo de serem descobertos, ficando cansados, passaram a caminhar, Marina juntou as barras do seu vestido e fez um nó, pois estava molhado e pesado, Leni fez o mesmo em sua saia, de vez em quando paravam para tomar água e abastecer o cantil já estava amanhecendo.

Eugenio - pricisamo arranjar um lugar pra discansá.

Marina - Não estou cansada, seria melhor agente continuar mais um pouco, quanto mais agente avançar mais difícil pra sermos alcançados

Eugenio- Mas o nego disse que era pra caminha só de noite.

Marina - Só quero ganhar mais tempo.

Leni - Sinhazinha o Eugenio há de tá certo, vamo nos isconde no meio do Mato, nois discansa um poco e di noiti nois vorta a caminhar.

Marina- Então tá bom.

Eugênio- Oceis fica aqui que vô da uma oiada pra mode acha um lugar .

Marina - Mas cuidado pra não se perder no Mato.

Eugênio - vô marcar o caminho quebrando umas gaias.

Eugênio sumiu no meio do mato, as duas ficaram debaixo de uma árvore esperando por Eugênio

Marina - Você está com fome , Leni, se quiser pode comer.

Leni- porinquanto não, agente pricisa é isconde, anssim que discubri que nois num tamo mais lá, já vão é sair pra pricura.

Marina- Já estamos em uma boa distância da Fazenda, não vão nos alcançar.

Leni - Tumara sinhazinha.

Marina - Não sou sinhazinha, me chame pelo meu nome Leni, não tem porque vc me chamar assim, aqui somos iguais, amigas, estamos lutando pela nossa liberdade .

Leni- me adiscurpe, ieu tenho que me acustumá.

Marina - vamos trabalhar juntas no quilombo.

Eugênio retorna - achei um lugar pra nois discansá, é uma gruta tem uns cipó na entrada, intao vamo ruma pra lá, mior inchê os cantil de água pru lado de lá num tem água.

Assim o fizeram, encheram os cantis de água

e foram pra gruta pra renovarem as forças e mais tarde retomarem a caminhada.

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

Marina é muito jovem não entendeu a sabedoria da mãe dela Teresa já percebeu o que a filha vai sofrer 😔

2023-04-06

1

Regina Da Silva

Regina Da Silva

coração já está aos pulos

2022-09-07

0

Francine Ferreira

Francine Ferreira

Que agonia, a cada nova frase eu já estava esperando alguma coisa acontecer 😬

2022-03-29

0

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