Uma semana ja havia se passado, Marina esperava ansiosa pela segunda feira para se encontrar com Eugênio, para planejarem a fuga , ela e sua mãe continuaram com suas rotinas , seu pai trouxe alguns tecidos e elas passaram a bordar, Marina não voltou mais na senzala, sua mãe estava feliz pois acreditava que a menina estava mais tranquila, não reclamava. Ela fingia aceitar pra não levantar suspeitas, mas seus pensamentos eram voltados para o planejamento de sua fuga.
Finalmente chega a segunda- feira, Marina age naturalmente , as dezoito horas jantam e após cada um se recolhe em seus aposentos, a menina fica esperando até escurecer então prepara o seu lampião, pula a janela e corre para encontrar Eugênio.
Eugênio passa pelo telhado, chega um pouco antes de Marina, fica jogando pedrinhas no riacho, pouco tempo depois ela chega correndo ele vai ao seu ncontro e eles se abraçam.
Marina - Nossa a semana demorou a passar
Eugênio- Demorou memo.
Eles caminham até as pedras e se sentam.
Marina- conseguiu alguma informação?
Eugênio- Cunsigui, priguntei po nego e Ele me disse que tem que descê siguino o rio maiô e que esse riacho aqui morre inté nesse rio.
Marina - Você conhece esse rio?
Eugênio- Já fui inté lá uma veiz, tava procurano umas vaca que tinha pirdido, é só descer acumpanhano o riacho que nois chega no rio, o quilombo fica de trais do rio, diz ele que tem uma mata fechada e que assim que nois chegá os nego que fica vigiano a entrada leva nois po quilombo.
Marina - Ele disse quantos dias de caminhada?
Eugênio -De treis a quatro dia, e que nois tem que caminhar dentro d'gua, pra mode num dexá rastro, discansá de dia e só anda de noite.
Marina- será que a noite não tem mais perigo não? Pode ter bicho e agente não vê.
Eugênio - É muito pirigoso sim, mais pro capitão do Mato achá nois no escuro e mais difici.
Marina- Então faremos assim, como ele disse, agora precisamos marcar o dia, preciso de uma semana pra estocar uns alimentos.
Eugênio - É só vosmicê falar o dia que nois vai
Marina- Acho que pode ser semana que vem, vamos fugir de noite, segunda feira que vem.
Eugênio- Num pode leva peso, pra num atrasá na caminhada.
Marina- Pode deixar, vou levar só uma muda de roupa, quando chegar no quilombo me visto com as roupas deles, vou preparar um farnel pra gente se alimentar.
Eugênio- vosmicê não tá cum medo não?
Marina - Medo tenho é de ficar aqui e meu pai me obrigar a casar com quem ele quer, de viver presa, não ter direito de fazer as minhas escolhas, de ficar igual a minha mãe. E você está com medo?
Eugênio- Não, num tô com medo não, dispois que nois chega inté lá, vo trabaiá, se livre e nois pode fica juntinho, inté casá, vo arjudá a sortá os nego do cativero.
Marina - Também quero trabalhar junto das mulheres do quilombo, quero aprender a cozinhar, fazer pão tudo que elas fazem.
Eugênio- nois vai se muito filiz lá no quilombo.
Marina - Vamos sim, só espero que me aceitem por ser branca.
Eugênio- Vão aceita sim, isso não pricisa de si procurpa, vosmicê vai tá comigo, e vô te protegê.
Marina - Confio em você , vai dar tudo certo.
Eugênio - O bão é que a lua tá clara, vai se mais faci de andar, num podemo usa lampião, pra mode não chamá atenção.
Marina - É não podemos mesmo.
Eugênio pega a sua mão e da um beijo. ela encosta a cabeça no seu ombro e fica olhando pro céu ele faz um carinho em seu rosto e a beija.
Marina - O importante é que ficaremos juntos pro resto da vida.
Eugênio- Vamos sim, vou cuidá muito bem de ocê.
Marina dá um sorriso fecha os olhos aproveitando aquele momento. - quando estou com vc me sinto segura, pena que não podemos fugir hoje, temos que esperar até semana que vem.
Eugênio- Vai passar dipressa, daqui uns dia ninguém vai separar nois mais.
Marina- Vou sentir saudades da minha mãe, da Mãe Maria, se pudesse levaria com agente.
Eugênio - E a Leni? Vamo leva ela cum nois?
Marina- Vou conversar com ela, se ela quiser ir ...
Eugênio- Será que ela vai te corage?E se ela intregá nois?
Marina- Acho que ela não faria isso com a agente, ela tem me ajudado muito.
Eugênio - Intão vosmice que sabe.
Marina- Agora vou voltar, ficamos combinados segunda feira nos encontramos aqui a noite.
Eugênio- combinado.
Marina se despede e volta correndo pra casa. chegando lá pula a janela, tudo está em silêncio , se prepara para dormir, assim que cai no sono Marina escuta alguém lhe chamando.
Adéli - Marina, minha querida, vamos conversar um pouquinho.
Marina abre os olhos e vê a sua amiga Adéli, e novamente se vê na cama dormindo, então ela pensa: - É só um sonho.
Adéli sorri é diz- Não é um sonho não, vc está bem acordada, o seu corpo físico é que dorme.
Marina - Mas tinha que me lembrar de tudo isso quando estiver acordada.
Adéli - Isso se dá pelo peso da matéria. -hoje vamos encontrar outras pessoas, vamos comigo?
Marina - Pra onde?
Adéli- confie em mim, feche os olhos .
MarinaConfia segura nas mãos de Adéli e fecha os olhos em questão de segundos elas chegam na praça que haviam estado antes, ela percebe que sua mãe e Mãe Maria acompanhados cada uma com uma pessoa, ela estranha todos estarem lá esperando por ela.
Marina- o que eles estão fazendo aqui?
Adéli- Estão aqui para conversarmos.
Marina- você não vai contar que vou fugir .
Adéli- Não precisa, elas já tem conhecimento do que pretendem, por isso estamos todos aqui, pra conversarmos com você
Marina - Vocês não vão me convencer a desistir.
Tereza ao ver sua filha corre para abraça-la- minha querida, não tome decisões precipitadas, essa decisão vai te trazer muitas dores, tanto pra vc quanto para Eugênio, nessa vida vocês precisam seguir rumos diferentes, pra que no futuro possam estar juntos.
Mãe Maria chega ao seu lado faz um carinho nos cabelos de Marina - precisa aprender a esperar, tudo tem o seu tempo sinhazinha, confia no pai porque tudo que acontece é pra nosso bem, aceita o que a vida tem pra vosmicê.
Marina começa a chorar - Não consigo viver assim, Mamãe não sei como a senhora aguenta viver desse jeito, aceitar significa me anular e eu quero viver, mas viver com liberdade.
Mãe Maria- Minha fia, minha menina a liberdade tá aqui- põe a mão no coração - e aqui- põe a mão na cabeça.- muitas vezes o corpo é cativo, mais o espírito é livre.
Marina - Mas de que adianta meu coração e meu pensamento serem livres se não posso fazer o que quero, a senhora mamãe vive mais presa do que os escravos, não tem vontade de ser livre?
Tereza- Tenho o que preciso é sei que será por um tempo, porque quando essa minha vida passar retornarei mais forte, valorizando o que antes pra mim não tinha valor.
Marina - Não vou desistir assim, sem lutar.
Adéli - Marina quando vamos reencarnar é feito um programa visando o crescimento do espírito reencarnante, o que precisamos para trabalhar as nossas dificuldades e visando também o crescimento do grupo ao qual estaremos juntos, um ajudando o outro, recebemos todas as oportunidades, mas o poder de decisão cabe a cada um.
Marina- Então quando agente nasce escravo é porque precisamos? Quando alguém corta os dedos de uma pessoa é porque ela está precisando?
Adéli- Não minha querida, nao precisamos provocar a dor, e se assim o fazemos somos responsáveis é a lei de causa e efeito, e por isso precisamos da reencarnação, para aprendermos a não machucar os nossos irmãos aquilo que impormos ao outro necessitamos viver para aprender, você e o Eugenio caminham juntos há muito tempo e pra viver esse amor traíram, mataram e hoje se reencontraram pra reconstruir um novo caminho. A impossibilidade de viverem esse amor agora é pra que possam caminhar construindo um novo futuro .
Tereza- minha filha não tome atitudes que vá se arrepender.
Mãe Maria- Minha menina isso tudo passa.
Marina não responde , só consegue chorar.
Adéli- Pensa em tudo que falamos. Agora vamos retornar .
Marina acorda em prantos, muito angustiada, pensando se estava certo em fugir e deixar a sua mãe sozinha.
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Maria Ines Santos Ferreira
tomara que ela desista
2024-08-05
0
Maria Silva
mais somos imediatistas queremos tudo para agora...e isso é a causa de nossos sofrimentos...
2022-06-14
2
Francine Ferreira
Muitos aprendizados... e como é difícil aprender....
2022-03-29
0