capitulo 18

Manuel ja estava a postos, preparando o ambiente, todos os dias após o jantar, João Barroso ia pro quarto com uma garrafa de aguardente, ficava bebendo até apagar, dificultando a emancipação do espirito que sofria com o efeito do álcool.

Ao terminar o jantar foi pegar a garrafa de água ardente mas a garrafa escorregou de suas mãos e se quebrou, ele fala uns palavrões, vai até a cozinha atrás de mãe Maria

João Barroso-Caiiu a garrafa na sala de jantar, quero outra com aguardente.

Mãe Maria- Já vô lá limpá, Sinhozinho ,aqui na dispensa num tem mais.

João Barroso fica nervoso- Como não tem mais, não tem que deixar acabar.

Sai batendo o chicotinho na bota, como era seu costume quando alguma coisa o contrariava. Foi para o seu quarto indignado, os espíritos que o acompanhavam também ficaram indignados pois eles sugavam a energia que despreendiam do seu corpo gerando prazer , Manuel ja começava a preparar o ambiente para junto de Adéli e Samuel tentarem ter acesso para conversarem com ele. Ele se deitou, ficou olhando para o teto, entediado, começou a falar- acho que vou começar a fabricar aguardente, tenho canavial, vou aumentar os lucros e não vai faltar mais aqui pra mim.

Adeli e Samuel chegam no quarto, pedem permissão para entrar

Manuel - Entrem, hoje ele não vai ficar bêbado, a última garrafa escorregou de suas mãos e quebrou, foi a única forma que encontrei pra que ele esteja lúcido quando dormir, os nossos irmãos que o acompanham não estão nos vendo, preciso que me ajudem a isolar o ambiente pro nossos irmãos não incomodar.

Os três se dividiram, Samuel ficou nos pés da cama, Adéli posicionou no lado direito e Manuel lado esquerdo, mentalizando e orando. Uma luz foi iluminando o quarto, aos poucos João Barroso ficou sonolento, os espíritos que o acompanhavam não conseguiam ver os três, mas a luz começou a cegá-los, um deles percebeu o que estava acontecendo e disse" vamo sai fora, pruque o povo da luz tá aqui, vamo fugi senão prende nóis." outro espírito "Mais se nois fô simbora quem vai fazê esse um aí paga o que feiz nois sofrê?"Outro - "Nois só vai afastá, esse aí já é nosso, ele num vai querê nada com esse povo, esse aí é bicho ruim", eles então decidiram ficar fora do quarto enquanto isso João Barroso dorme profundamente, seu espírito senta em seu leito e vê o seu corpo deitado sobre a cama, essa era uma experiência nova pra ele, fica um pouco confuso.

Manuel - João Barroso, precisamos conversar

João Barroso olha e vê uma moça e dois rapazes ao lado de seu leito. - Quem são vocês, como entraram no meu quarto?

Manuel - Fica tranqüilo, nós somos seus amigos, e estamos aqui pra te orientar, te dar uns conselhos.

João Barroso- Que conselhos? Eu pedí?

Samuel - Não meu irmão, mas como temos uma afeição muito grande por você estamos aqui.

João Barroso - Não os conheço, como são meus amigos?

Adéli- Não se lembra de nos conhecer, isso não é o caso, só gostaríamos de pedir um pequeno favor, estamos aqui para interceder por Marina, sua filha, você já a castigou o suficiente mantendo-a trancada dentro do quarto, ela está adoecendo, gostaria de pedir para que permita que a menina ande pela casa, que tome um pouco de sol...

João Barroso- Não, essa desmiolada só me dá desgosto, sabe o porquê que está presa?

Samuel - Sim temos conhecimento, já faz tempo do que ocorreu, não tem sentido você mantê -la presa.

Manuel - você tem esperança que ela possa te dar um neto, mas continuar mantendo nessas condições ela vai adoecer, então pense bem, chega de castigá-la , desde o dia que a mandou para o quarto não foi vê'-la, não procurou saber como ela está.

João Barroso - Ela me odeia.

Adéli- E o que você fez para que ela o amasse?

Samuel - Agente recebe o que agente dá

João Barroso - Nunca deixei nada faltar.

Adéli - coisas materiais sim, mas amor, carinho, atenção, ela nunca teve

Manuel - Não estamos pedindo muito, deixe- a sair do quarto.

João Barroso- Vou pensar

Adéli- coloque-se no lugar dela, como seria triste você ficar o tempo todo dentro de um quarto escuro, pense nisso....

João Barroso começou a sentir um torpor, seus olhos se fecharam ele deitou sob o seu corpo material é voltou a dormir.

Manuel - Vamos ver amanhã quando ele acordar se tivemos êxito, agora só nos resta a esperar.

Adéli - vai dar certo sim, vocês vão ver

Samuel- Agora vamos, mãe Maria nos aguarda para irmos até Leni, tentaremos resgatá-la, obrigado Manuel pela ajuda que nos deu hoje.

Manuel - sempre que precisarem estarei aqui, e foi muito bom hoje ele ficar um pouco sem a bebida e as companhias, com eles aqui é difícil me aproximar, fico de lado aguardando uma oportunidade, já faz tempo que não consigo manter contato quando ele dorme, sempre embriagado.

Adéli- precisando de ajuda conte comigo, também estou acompanhando Marina, estarei sempre por aqui.

Eles se despedem e vão se encontrar com Mãe Maria já os esperava

Mãe Maria- vamo meus fio, lá onde tá a Leni, essa mínima tá precisando muito da nossa ajuda.

Samuel - Sim mãe Maria, vamos resgatá-la,

Eles dão as mãos e mentalizam Leni e ao abrir os olhos estão perto da menina. José que a acompanha recebe-os com alegria.

Mãe Maria se senta ao lado de Leni, pega em suas mãos e começa conversar .-- Oi fia, vim aqui pra mode te buscar, ficá anssim num é bão, vosmicê tá sofrendo muito, vamo cumigo, pra mode ocê sê cuidada, abre bem seus oio do ispirito, é a mãe Maria que tá aqui cun vosmicê.

Leni começa a apontar falando " oia a cascavé, vai me morde ." Seu corpo começa a tremer, ela se agita. Mãe Maria segura em seu rosto e diz

--Não fia, não tem mais ninhuma cascavé aqui, oia pra mim, essa cascavé tá e na sua mente, vem deita aqui no colo dessa veia.

Leni deita a cabeça no colo da mãe Maria e começa a chorar, mae Maria começa a cantar embalando-a, até ela se acalmar . --- pronto fia, agora vosmicê intende que pricisa saí daqui? Tudo já passô, vosmicê pricisa de aceitar ajuda que tão te ofereceno, oia tem uns moço e uma moça que tá quereno te levá prum lugar bão onde vosmicê vai trata dessa mordida de cascavé.

Leni- Mais num posso dexá a Marina e o Eugenio pá trais

Mãe Maria - podi sim, pruque eles já se foram, só farta ocê, e é só ocê quere í.

Leni olha pra frente e vê Samuel, José e Adéli-- É cum eles que devo de í?

Mãe Maria- É sim fia, eles vão cuidar de ocê .

Adéli estende a mão para Leni -- venha comigo minha querida

Leni olha pra Mãe Maria - E a sinhora?

Mãe Maria - priocupe cumigo não, quando chega a minha hora vô te incuntra, agora é ocê que tem que ir, vai minha fia na santa pais de de Deus

mãe Maria da um beijo em Leni, ela pega na mão de Adéli que deita -a em uma maca e vão para o hospital do plano espiritual.

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