19. Surpresa maravilhosa

A noite de natal chegou e Pedro tinha convidado alguns de seus sócios para a ceia, Sr. Santos e sua esposa chegaram cedo, os Mattos logo em seguida e o mais novo sócio da equipe de advogados, o Sr. Cristóvão, era um homem muito elegante, aparentava uns 25 anos, tinha traços orientais e um olhar marcante.

Quando Katharina entrou na sala seu pai imediatamente veio ao seu encontro, apresentando-a para os outros, fazendo-a se sentir confortável.

- E, por fim, este é nosso novo sócio, o Cristóvão. Enquanto ele a olhava nos olhos e pegava a mão dela para cumprimentar, seu pai continuava falando. - É jovem, mas um advogado brilhante.

- Vejo que conquistou meu pai. Ele sorriu sedutoramente e foi direto nas palavras.

- Espero conquistar a filha também.

- Você sabe usar bem as palavras, isso é bom para um advogado.

- E você, observadora, isso também é bom. Os dois riram ao mesmo tempo. E no desenrolar da noite a conversa se tornou ainda mais interessante, ele não era um tipo de conquistador comum, sabia perfeitamente usar cada palavra e chamar a atenção para si, era uma característica excelente para um bom advogado, eles riram e cada vez mais que findava a noite ela se sentia cativada pela forma como ele se portava, as vezes a fazia se sentir especial. Depois da ceia todos se reuniram no terraço, um lugar amplo com aparência bem natural, algumas árvores de tronco fino, jarros de flores coloridas e uma cerejeira japonesa que dava um encanto especial ao lugar, alguns bancos confortáveis onde eles se acomodaram com suas taças de vinho nas mãos, Katharina e Cristóvão estavam um pouco distantes de todos, ela recostada em um dos pilares de frente para a piscina olhava para ele sorrindo, no entanto ele perguntou:

- Sabe o que queria fazer agora? Ela sorriu curiosa.

- Será que é o mesmo que eu? Ele não olhou para ela, mas falou de forma natural.

- Nadar pelado naquela piscina. Ela riu admirada.

- Eu nunca nadei assim, nem na minha piscina.

- Não sabe o que está perdendo, ainda mais numa noite quente como esta.

- Você tem cara de que curte umas aventuras loucas.

- Aventuras sim, mas não loucas. A vida é muito curta para viver de arrependimentos, perdi meus pais muito cedo e tive que aprender muita coisa sozinho.

- Eu não sabia, sinto muito.

- Não sinta, faz parte da vida, na época eu tinha apenas 7 anos.

- Realmente, mas imagino como foi difícil.

- Um pouco, aprendi a viver em lares adotivos e a conviver com pessoas desequilibradas, foi trabalhoso, mas não difícil. E você?

- Eu?

- Sim, você parece um livro aberto, mas ao mesmo tempo esconde alguma coisa, há uma tristeza profunda em seus olhos. O que aconteceu com você? Katharina ficou sem chão e no mesmo instante a lembrança de David surgiu em sua mente como um filme, ela não soube o que dizer.

- Bem, eu... Ele sorriu de forma carinhosa dizendo:

- Não precisa falar nada, jamais quis deixá-la constrangida, eu só percebi que algo te machucou ou está machucando, mas não se preocupe, não pretendo fazer o mesmo, amigos? Ele estirou a mão para pegar na dela, quando Katharina respondeu:

- Amigos. Ela sorriu imediatamente e segurou firme a mão dele.

- Simplesmente esqueça.

- O quê?

- Rápida você, já esqueceu. Os dois riram juntos como se fosse a piada mais engraçada do mundo. Aquela noite de natal ao lado de Cristóvão foi muito mais que especial, conhecer alguém como ele, era uma dádiva divina, alguém que a fez por um momento esquecer sua dor. Com o passar dos dias aquele homem a conquistava a cada encontro, a cada ocasião que estavam juntos, entretanto na véspera do réveillon, Katharina estava pronta para visitar sua mãe na clínica, quando Cristóvão apareceu em sua casa sem avisá-la, ela levou um susto, mas sorriu largamente quando o viu chegar.

- Meu pai não está, posso saber o que o traz aqui na véspera do réveillon?

- Você, não vim pelo seu pai.

- Cristóvão, pare com essas cantadas baratas. Ele riu.

- Só estou sendo sincero, tenho pensado muito em você esses dias e como ficarei em São Paulo por um tempo, quero aproveitar os dias que ainda me restam.

- Vai embora? Pensei que fosse ficar com meu pai por aqui.

- Então, ele não te falou?

- Não.

- Abrimos uma filial em São Paulo, melhor dizer, Campinas, e eu serei o responsável, então preciso ir para deixar tudo pronto.

- Entendo, já tem um lugar para ficar?

- Ainda não, irei resolver isso também.

- Eu tenho um apartamento em Guarulhos, pode ficar lá se quiser.

- Esses detalhes precisam ter a confirmação final do seu pai, mas seria bom.

- Bom, nosso papo está ótimo, mas preciso ir, não quero perder o horário da visita.

- Eu te levo, quero aproveitar um tempo com você. Eles saíram trocando palavras, era agradável conversar com alguém que a deixava feliz. A visita não demorou muito, pois ela chegou depois do horário e não pôde ficar mais tempo, sua mãe parecia bem, mas os remédios a deixava sonolenta, quando saiu da sala teve vontade de chorar, mas se conteve e falou ao sair:

- Vamos. Ele olhou para ela e perguntou:

- Como sua mãe está? Katharina não sorriu quando respondeu.

- Aparentemente bem.

- Tenho uma surpresa, quero te levar a um lugar que se tornou especial para mim. Ele seguiu para o parque natural de São Francisco de Assis, era um lugar magnifico com árvores lindas, jardins floridos e um delicioso cheiro de flores, eles caminharam por uma trilha comprida com diversas flores coloridas, depararam com duas pedras e um caminho estreito, ele segurou na mão dela e seguiram, deram mais alguns passos e pararam em frente a um riacho, o lugar era lindo e encantador.

- É lindo! Ela estava admirada com aquela beleza natural e olhava pausadamente ao redor, enquanto ele falava.

- Sabia que ia gostar, esse é meu lugar especial. Sensibilizado com o ambiente e o momento ele a acariciou no rosto e em seguida tocou seus lábios nos dela, com um beijo habilidoso ele a envolveu, despertando nela um desejo primitivo, as mãos passearam pela cintura dela devagar, ela deixou que ele continuasse colocando os braços em volta do seu pescoço. O beijo quente de Cristóvão era uma dança contínua de paixão em sua boca, fazendo ela lembrar de David naquele momento, acendendo um desejo irresistível, fazendo seus corpos se alinharem um no outro, seus batimentos cardíacos estavam disparados, quando enfim, parou para respirar percebeu que era Cristóvão e não David, ela se afastou imediatamente, sentindo-se culpada, no entanto ele olhou confuso para ela e perguntou:

- Fiz algo de errado?

- Não, não é isso, está tarde, acho que devemos voltar para casa.

- Fique tranquila, eu te deixarei em casa, mas antes quero convidá-la para passar o réveillon comigo, na casa de praia, lá em Balneário, o que você acha?

- Bom, não sei quais os planos do meu pai, mas talvez eu vá. Enquanto conversavam, eles seguiram de volta pelo mesmo caminho e não demorou muito para que ele a deixasse em casa, ao se despedir ele disse sorrindo:

- Aguardo sua resposta o mais rápido possível.

- Está bem, e obrigada por hoje. Ele a beijou no rosto carinhosamente e saiu.

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