11. Confissão

O domingo amanheceu muito lindo, o sol brilhava intensamente, até parecia que os pássaros cantavam, mas para Katharina o dia era tão triste e frio que parecia o inverno, levantou do sofá, o seu corpo doía um pouco pela noite mal dormida, tirou toda a sua roupa e se jogou na cama envolvendo seu corpo entre os lençóis. Sentia uma dor tão forte que as vezes nem conseguia respirar, foi só abrir os olhos e David invadiu seus pensamentos mais uma vez, o sorriso dele, o cheiro inebriante, o toque suave, ela voltou a chorar quando seu telefone tocou, era Leila, ela ficou ali parada olhando para o celular, secou as lágrimas e atendeu tentando falar o mínimo possível.

- Oi. A voz doce e carinhosa de Leila do outro lado da linha soou no seu ouvido.

- Oi, eu posso te ver? Estou aqui em baixo, vai me deixar subir?

- Sim. Ela respirou fundo, desligou o telefone, se levantou, vestiu um roupão de algodão e foi até a porta. Não demorou muito e sua amiga chegou sorrindo, com aquele sorriso que conquista o mundo, abriu os braços e a envolveu com um abraço aconchegante e confortável, Katharina voltou a chorar e elas sentaram no sofá, Leila deixou que a amiga chorasse por algum tempo, depois tocando em seu rosto perguntou:

- Quer falar sobre o que aconteceu? Ela baixou a cabeça, tentando controlar as lágrimas que insistia em cair, mas disse:

- Eu preciso, mas antes, você me perdoa?

- Ei, não tem nada que te perdoar, somos irmãs, você esqueceu?

- Lembra de tudo que te contei que o Bruce fez comigo né? Bom, eu gostava daquele idiota como você sabe, então isso me aborreceu muito, quando cheguei no aeroporto ele me ligou terminando, eu nem quis conversar, já sabia o real motivo, mas depois, fiquei tão chateada por ser traída também pelas minhas amigas que decidir sair e fui para Boate Kiss...

- Como você entrou lá?

- A Paula e as outras meninas sempre iam lá, como eu e a Cris não podia entrar, ela conseguiu uma identidade falsa com um amigo, e foi lá nessa boate que conheci o bonitão, foi tudo tão mágico e intenso, nem nos preocupamos em falar da nossa vida pessoal, quando estava com ele era tão bom, sabe, era como se o resto do mundo não importasse, eu me sentia livre e especial, não transamos naquela noite... Ela sorriu e continuou falando: - Porque meu pai ligou e interrompeu nosso momento, mas eu estava tão feliz que nem me importei, depois de alguns dias ele me levou para jantar, foi romântico e atencioso, tão carinhoso que nem parecia real, sabe, um tipo de príncipe encantado, depois disso percebi que estava me apaixonando por ele. No dia seguinte recebi um lindo buquê de rosas vermelhas e um cartão dele me convidando para outro encontro, dessa vez no parque natural, por isso esqueci de te ver no aeroporto, eu estava tão estonteante com tudo que estava acontecendo, aqueles sentimentos novos e desconhecidos que, acabei me perdendo num mundo de fantasia, no dia que você chegou, tivemos outro encontro mágico. Ela sorriu docilmente e seus olhos brilhavam enquanto falava.

- Lembro que você me disse que estava apaixonada. Leila sorriu levemente.

- E ainda estou, mas no dia seguinte aconteceu uma coisa tão estranha, eu fui no shopping fazer um favor para o Greg, mas na verdade o idiota do Bruce que queria falar comigo, só que quando cheguei ele não estava, ai fui andando e parei para ligar, quando o Bruce me agarrou por traz, tomei um susto que meu coração disparou, ai eu explodir com ele, você sabe como sou, daí ele ficou insistindo, querendo me beijar, quando o bonitão apareceu, eu quase morri de susto, ele estava armado e mostrou o documento de policial para Bruce, aquilo foi muito bizarro, mas ele tentou se explicar e acabou falando que estava ali com a filha, eu fiquei horrorizada...

- Espera, você... quando... Leila ainda estava parada com as revelações de sua amiga, as peças começavam a se encaixar, no entanto ela deixou que a amiga continuasse.

- Sim, é isso mesmo que está pensando. Eu não sabia, briguei com ele aquele dia porque pensei que ele era casado, passei o resto da tarde chorando, aí ele foi na minha casa, mas eu estava tão aborrecida que não queria ver a cara dele, ele ficou me ligando e eu acabei quebrando meu celular de tanta raiva, joguei ele na parede. Mas quando chegou a noite eu tive que sair para comprar outro, fui ao shopping e voltei bem rápido, quando os portões da garagem se abriram, ele apareceu na frente do carro, parecia bem tenso e triste ao mesmo tempo, se aproximou me pedindo para deixá-lo falar, quando eu o vi, meu coração estremeceu, eu abri a porta carona e deixei ele entrar. Ficamos na garagem conversando, ele me disse que não era casado, mas que tinha uma filha e me olhou nos olhos e disse que me amava, que tinha se apaixonado por mim no momento que me viu naquela boate, mas que precisava voltar para o trabalho e que no dia seguinte me contaria tudo que eu quisesse saber. Sua amiga ainda estava incrédula, mas Katharina continuou contando. - No dia seguinte era um domingo, eu acordei quase meio dia, você lembra que passamos a tarde juntas?

- Claro, assistimos todos aqueles filmes, nos divertimos muito.

- Depois que você foi embora, eu tomei um banho e quando ia dormi ele me ligou, eu nem esperava mais falar com ele aquela noite, mas ele disse que estava na minha porta, aquela noite foi... até me faltam palavras para expressar como foi, maravilhoso, inesquecível, tudo de bom, sabe amiga, ele me fazia se sentir especial. E essa foi a última vez, no dia seguinte as aulas começaram e toda aquela correria e a palestra...

- Então, é meu pai? Leila sorriu largamente, no entanto, depois de toda aquela confissão, Katharina não teve coragem de olhar nos olhos da amiga.

- Eu sinto muito Leila, você me perdoa?

- Ei Katy, não mandamos no coração, nem sabemos quando ele está pronto para agir. É assim que o amor funciona. Katharina levantou o rosto e a olhou com doçura, as duas se abraçaram durante um longo tempo, não precisava dizer mais nenhuma palavra, aquele abraço dizia tudo.