13. Mantendo o foco

Na sexta feira o dia amanheceu muito claro, o sol parecia bem disposto refletindo seus raios por toda a cidade, Katharina se espreguiçou na cama e pulou imediatamente quando olhou as horas.

- Droga, vou me atrasar. Ela entrou no banheiro rápido e em seguida estava de volta, não tomou café, pegou suas coisas e saiu, o trânsito estava intenso naquela manhã de sexta e ela não pôde evitar, chegou na faculdade no meio da aula de direito constitucional e quando entrou na sala o professor pediu que saísse, aquilo a deixou extremamente irritada, não podia perder mais nenhuma aula dele, precisava de pontos e com certeza ficaria abaixo da média. No corredor ela ficou parada por alguns segundo olhando para a porta fechada, caminhou lentamente pelo comprido corredor e decidiu ir até o laboratório falar com Ted Will. Assim que o viu na sala acenou com a mão fazendo sinal para ele.

- Oi Katy, espera só um instante enquanto imprimo o restante.

- Tudo bem, o professor me expulsou da sala mesmo, eu tenho tempo.

- Sério? E o que você fez?

- Cheguei atrasada.

- Francisco, não libera ninguém. Ele arrumou os papéis na ordem, grampeou e entregou para ela.

- Obrigado Ted, te devo uma.

- Quando precisar é só falar. Ela sorriu e voltou pelo mesmo caminho, enquanto caminhava folheou a pesquisa conferindo cada página, quando se bateu em alguém, ela parou e olhou para cima quando Edward disse.

- Duas vezes na mesma semana! É algum sinal. Acho que o destino quer nos unir. Katharina olhou para ele sem entender nada, no entanto, ela preferiu ignorá-lo, mas ele continuou falando: - Orgulhosa e linda! Ela olhou sério para ele.

- Com licença, eu quero passar. Ele saiu da frente sorrindo maliciosamente e ela seguiu seu caminho, sem entender o que acabara de acontecer. O resto do dia pareceu tranquilo, até que a última aula começou, Nolan estava sentado ao lado de Katharina quando David entrou na sala.

- Boa tarde pessoal, tragam seus trabalhos e coloquem na minha mesa, por favor. Nesse momento Katharina olhou para Nolan e disse:

- Leva para mim. Ele acariciou o rosto dela sorrindo.

- O que ganho em troca?

- Não esqueça que o trabalho é meu e seu. Ele se levantou ainda sorrindo para ela.

- Vai ficar me devendo. Ela sorriu para ele observando-o, quando seus olhos encontraram os de David que a espiava de longe, no mesmo instante seu sorriso desapareceu e ela olhou para baixo. As vezes era muito desconfortável a forma como ele a olhava, parecia um olhar de reprovação, mesmo assim, tentava levar sua vida normalmente. Alguns minutos mais tarde os alunos foram saindo um a um, quando ela finalmente levantou Nolan perguntou:

- E o nosso encontro de hoje?

- Nolan, por favor, eu te disse que não, não posso. Ele se afastou dela.

- Ok, ok, entendi. Nolan saiu irritado sem olhar para trás, enquanto ela o observava ir, uma voz lhe tirou do seu transe.

- Katharina, pode vir aqui? Ela não respondeu, mas foi até ele, ao chegar diante do professor, olhando fixamente para ele perguntou.

- O que foi?

- A Leila não está muito bem, ela me pediu para lhe entregar isso. Ele estirou um classificador preto, que ela pegou imediatamente, seus olhos fixo nos dele, no entanto ele continuou falando. - O celular dela quebrou, eu ainda não tive tempo de comprar outro, então, seria bom se você pudesse vê-la. Quando ele terminou de falar a senhorita Emily Tool entrou na sala, andou rebolando até David e sentou na ponta da mesa, jogando seu sorriso sedutor. Katharina ficou paralisada, enquanto ela jogava todo seu charme para cima dele, Emily era uma das professoras, uma mulher muito bonita, de seios avantajados e pernas bem torneadas, aparentava uns 29 anos e tinha lindos cabelos castanhos, ignorando totalmente a presença de Katharina ela perguntou a David.

- Então fofinho, hoje à noite, está tudo certo? Katharina ficou paralisada por alguns segundos, depois saiu correndo dali, no entanto, David se levantou quando Katharina decidiu sair da sala imediatamente, ela andou em passos largos pelo corredor, depois saiu correndo, a vontade que sentia era de fugir, gritar, chorar, se odiou por sentir ciúmes dele com aquela mulher, por ainda amar aquele homem. Quando chegou do lado de fora ela se deu conta de que esqueceu a bolsa na sala, mas não quis voltar para pegá-la e decidiu ir para casa a pé. O tempo tinha mudado completamente, a chuva era fina, mas constante, mesmo assim ela foi caminhando, no início em passos largos como se quisesse chegar logo, depois em passos lentos, andando e chorando, sentia raiva, dor, tristeza, tudo misturado. Os pingos da chuva escorriam pelo seu rosto misturando com suas lágrimas que insistia em cair, de repente um farol forte iluminou seu rosto, o carro parou ao seu lado, a porta do carona imediatamente se abriu e uma voz suave falou:

- Entre por favor. Mas Katharina reconhecendo a voz de David continuou andando, neste instante ele saiu do carro e a pegou pelo braço fazendo-a parar. Ela balbuciou em lágrimas.

- Não toque em mim, me deixa em paz.

- Ei, calma, você está encharcada, pode ficar doente, venha comigo. Naquele momento ela sentiu vontade de abraçá-lo e o acompanhou até o carro, sentou e tentou secar as lágrimas com as costas da mão. Ele pegou um casaco no banco traseiro e deu para ela dizendo. - Vista isso, você está tremendo, vou levá-la para casa. Ela não disse nada, apenas ficou ali no banco sentada, estava séria e não disse uma única palavra até ele parar em frente ao prédio, quando ela fez menção para abrir a porta David a segurou pelo braço, mas Katharina revidou.

- O que você quer?

- Desculpa por hoje, eu sinto sua falta. Ela imediatamente olhou para ele, olhou para aqueles olhos claros e no mesmo instante se perdeu neles, quando sentiu os lábios suave de David a envolver os seus num beijo quente, sedento e cheio de desejo que a fez sonhar, não quis mais nada a não ser ficar ali no aconchego daqueles braços fortes. Sua língua dançava com a dele no ritmo ágil, quente e com muita paixão, por um momento ela desejou que aquele beijo nunca se acabasse, mas para seu desgosto David se afastou lentamente, como se fizesse um esforço enorme para se conter e recostou sua testa na dela em silêncio, depois olhando-a nos olhos acariciou seu rosto dizendo. – Desculpe, mas você precisa ir. Ela não esperava ouvir dele aquelas palavras, no entanto, saíram do carro em silêncio, quando ele a chamou de volta. - Sua bolsa. Katharina não sorriu, pegou a bolsa olhando para ele por alguns segundos, depois entrou no prédio seguindo direto para seu apartamento. Assim que entrou, tirou suas roupas molhada e mergulhou seu corpo numa banheira de água quente, ela conseguiu relaxar um pouco, queria entender o que David realmente pretendia, dizia sentir falta dela, depois mandava ir embora, o que sentia por ele não era algo momentâneo, era algo tão intenso, tão forte que o desejava para sempre.

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