15. Bons momentos

Duas semanas se passaram, a correria das aulas não parou e para Katharina o estágio já havia começado, não era o que ela realmente queria, mas era obrigatório e toda aquela correria não lhe deu tempo para se diverti, entretanto, na noite do último sábado do mês, depois daquelas duas semanas sufocantes, Leila ligou.

- Oi amiga, saudades de você, não te vejo a duas semanas, parece uma eternidade.

- Pois é, eu também, mas comecei a estagiar semana passada, mal posso respirar, estou terminando um relatório agora.

- Sabe que esta é última semana de aula do meu pai na faculdade?

- Não, não sabia, nas aulas ele malmente me olha, acho que o lance entre nós acabou.

- Talvez não, porque pensa assim?

- Não posso competir com a professora Emilly, ela é linda, solteira, tem quase a idade dele e os dois estão sempre conversando.

- Para de pensar assim, você também é linda e eu não gosto daquela professora, mas, a turma quer fazer uma festa de despedida na próxima sexta para ele e será a oportunidade perfeita para você saber quem ele realmente quer.

- Não vou perguntar isso a ele, se o problema entre nós era por ser meu professor, então quando terminar se ele quiser que me procure.

- Talvez você tenha razão, ele tem andado estranho ultimamente, bastante pensativo.

- Eu preciso terminar esse relatório, mas o que você vai fazer amanhã?

- Tenho alguns trabalhos sobre anatomia.

- Podemos estudar juntas se você quiser.

- Claro! Amanhã à tarde, 14 horas está bom?

- Está ótimo. Quando a amiga desligou, Katharina recostou a cabeça no sofá e sentiu uma profunda vontade de chorar, mas se conteve, lembrar do David era doloroso, doloroso demais saber que o amava, mas não podia tê-lo. Talvez seu romance com ele tenha começado muito rápido, talvez tenham agidos pela emoção, mas porque ela sentia aquela dor no peito que parecia sufocá-la? Nem ela mesmo sabia, o que realmente desejava era está perto dele, tocá-lo e se embriagar no seu cheiro, mas cada vez que ele a ignorava ela sentia uma raiva por amá-lo tanto e de repente estava triste. Depois de terminar o relatório, ela foi até a geladeira pegar algo para comer, mas seu celular tocou e ela parou para atendê-lo, era seu pai.

- Oi pai.

- Como você está, minha querida?

- Estudando como sempre.

- Já decidiu onde será sua festa?

- Não quero fazer festa pai, não estou no clima.

- Você sabe que não aceito um não, vai fazer 18 anos filha, esse é um momento único que não pode ser passado em branco, eu já organizei tudo, basta me dizer o local.

- Pai, por favor.

- Que tal na Boate Kiss? Lá seria perfeito.

- Não adianta eu questionar, não é?

- Você sabe que não.

- Eu te conheço pai, tá bom, faz como quiser.

- Depois vamos fazer uma viagem, só nós dois, o que acha? Ela sorriu e perguntou:

- Para onde?

- Você escolhe, um fim de semana só nosso.

- Adorei, vou pensar num lugar legal. E a mamãe, como ela está?

- Bem, na medida do possível.

- Te amo pai.

- Eu te amo mais. Ela riu e desligou o telefone, aquela simples conversa com seu pai fez o seu humor mudar, o romance que viveu com David a meses atrás tinha mexido com ela profundamente, estava apaixonada por aquele homem e não sabia lidar com aquela situação, mas decidiu esperar até a festa de despedida dele, talvez algo bom acontecesse.

No dia seguinte Leila chegou antes das 14 horas, as duas se abraçaram como se tivesse uma eternidade separadas.

- Senti saudades.

- Eu também, estava lembrando quando éramos crianças, aquele tempo que brincávamos o dia inteiro, sem se preocupar com nada, éramos inseparáveis. As duas riram.

- Aprontamos muito, sinto saudades daquele tempo.

- Lembra quando nós furamos a piscina de Gustavo e ficamos de castigo quase uma semana, você lembra?

- Foi quando conheci meu pai... Leila de repente parou de falar e ficou séria, depois olhou para sua amiga e continuou. - Ontem à noite eu conversei com meu pai, sempre quis saber a versão dele do romance com minha mãe, ele me contou. Nunca foi um romance, na verdade meu pai que gostava dela, mas como só tinha 16 anos e sabia que não tinha chance, só admirava de longe, minha mãe tinha 18 anos, era popular e se preparava para a faculdade. Então, numa festa de calouros meu pai foi com um amigo e lá estava ela, tudo aconteceu, não como ele queria, mas ela ficou grávida.

- Porque está me contando isso?

- Você sabe, eu sempre pensei que meu pai era um mal caráter, que engravidou minha mãe e fugiu das responsabilidades, pensava que ele me odiava, minha mãe dizia coisas horríveis sobre ele.

- Lembro que você falava.

- Ontem à noite, ele me contou tudo, todas as vezes que a procurou depois que soube que ela estava grávida, ele tentou de todas as formas está por perto, mas ela o afastava todas as vezes, culpava ele por destruir a vida dela.

- Talvez sua mãe tivesse os motivos dela.

- E qual motivo seria? Eu fico me perguntando porque ela me afastou dele, se foi só uma aposta idiota, uma aposta para ela, porque ele estava apaixonado.

- As vezes fazemos coisas tolas, sua mãe era caloura, estava cheias de sonhos e expectativas. Katharina tentava usar as palavras certas para que não deixasse a amiga mais triste. - Mesmo que ela não gostasse do seu pai, mas uma gravidez naquele momento da vida dela, não seria nada fácil e como sabe, ela não quis abdicar de você.

- Eu sei, certas coisas não podem ser mudadas.

- Pelo menos uma coisa boa aconteceu, nós nos conhecemos.

- É verdade. Elas riram e Leila abraçou a amiga novamente, enquanto Katharina tentava mudar o rumo daquela conversa.

- Sabe que meu aniversário está chegando, não é?

- Eu jamais esqueceria.

- Pois é, meu pai me ligou ontem e decidiu fazer a festa na Kiss.

- Uau! Sério? Vai ser a festa!

- Acho que sim.

- Então teremos um fim de semana agitado e depois, férias. As duas amigas passaram o resto da tarde assim, conversando e estudando, para elas foi uma tarde divertida e produtiva.

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