Samantha

Quando cheguei em casa minha mãe veio direto me abraçar, ela não entendeu nada quando comecei a chorar foi quando dei uma explicação boba já que não posso falar a verdade. Tinha uma cláusula de confidencialidade no contrato e não posso quebrar já basta que contei para a Nala.

Não vi problema em contar para ela porque ela viu o momento em que fui levada pelo Dominic e era a única pessoa que eu poderia descarregar minha frustração sem pirar, mas minha mãe… Ela me levaria para a delegacia arrastada e me daria uma surra se eu não falasse a verdade.

— Por que está chorando, meu bebê?

— Por que? — como eu disse, dei uma resposta boba — Apenas por saudade, mãe. Me perdoa por viajar assim tão de repente e não avisar nada. Foi algo urgente e de momento.

— O Will e o Taylor me pediram para avisar quando você chegasse. Já vou avisando que eles vão te encher de perguntas, foi difícil segurá-los depois que acharam estranho o fato de você só poder falar com eles por mensagem e não fazer uma chamada de vídeo.

— Mãe, preciso descansar agora, sabe como é isso de viagem. Mais tarde vou dormir na casa da Nala, mas amanhã dormirei em casa.

— Não vai para o seu apartamento? Fez tanta questão de ir morar num lugar só seu e agora quer voltar a ficar aqui? O que está acontecendo, bebê?

— Mãe, acabei de passar dias fora, a senhora não quer ficar um pouco comigo?

— Calma, meu bebê, só achei estranho você não querer descansar no seu apartamento, ter a sua privacidade. Claro que pode ficar aqui. Vou preparar seu almoço favorito, vá e descanse.

Minha mãe me dá um último abraço e eu vou para o meu quarto. Continua tudo do mesmo jeito que deixei, para minha sorte deixei umas roupas minhas aqui. Tomo meu banho no banheiro que fica de frente para o meu quarto e saí enrolada na toalha me trocando dentro do meu quarto.

Eu não queria ficar sozinha no meu apartamento, lá é até gostoso de ficar. Meu apartamento é composto de um quarto que para minha felicidade tem um banheiro dentro, uma sala/cozinha, um banheiro menor e uma pequena varanda.

Meu pequeno paraíso, decidi ano passado que estava na hora de sair da casa da minha mãe, mas isso não quer dizer que eu não venha ficar com ela às vezes.

Me jogo na minha cama e apago, sou despertada pela minha mãe e o aroma delicioso de macarronada pela casa. Me levanto de imediato com o estômago roncando. Chegando na sala logo vejo em cima da mesa uma enorme travessa com o melhor macarrão com carne picadinha que já comi na vida. Me sento e logo me sirvo de uma generosa porção.

— Sam, filha, calma. Seu prato não vai fugir, parece até que não come a dias.

— Mãe, seu macarrão é o melhor. Não tem comparação, estava ansiosa por isso.

— Você não se alimentou nessa viagem? — ela pergunta enquanto enche um copo pra mim com suco gelado de laranja.

— Eu comi, mãe… Mas nada se compara com a sua comida! Sua comida é a melhor.

Ela sorriu para mim e serviu o próprio prato, pensei que comeríamos em silêncio, sempre foi assim, porém hoje ela está falante.

— Como foi esse trabalho? Por que ele te contratou e logo te levou para viajar? Por que se demitiu do outro emprego? Pensei que gostava dele.

— Muitas perguntas, mãe! Tá, vou responder. O trabalho foi como todo trabalho, exaustivo e entediante. Ele me escolheu porque gostou da minha aparência, meu jeito de falar sem travar e minha inteligência. Me demiti porque não queriam aumentar meu salário, todos no meu setor haviam ganhado aumento menos eu. — odeio mentir para minha mãe e espero que ela não tenha percebido.

— Ah, tá. Foi isso então. Você está certa, não é justo aumentar o salário dos outros e o seu não, já que trabalha a mesma quantidade de horas que seus colegas. Minha filha, o Erick esteve aqui te procurando, não contou para o seu namorado que iria viajar a trabalho?

Solto o garfo na mesma hora e olho para a minha mãe. Merda, com tudo que me aconteceu eu realmente havia esquecido do Erick. Meu olhar vai da minha mãe de volta para o meu prato enquanto respondo:

— Mãe, desculpa não ter falado antes, mas nós terminamos. Não iremos voltar.

— Já sei, você não quer falar sobre isso agora e talvez não fale sobre isso nunca. Tudo bem, contanto que esteja bem.

Ficamos caladas depois disso, passei o dia com a cabeça no colo da minha mãe assistindo séries com ela. Quando a noite caiu fui para a casa da Nala, mas por minha culpa não seremos só nós duas hoje.

— Sam, agora você não vai fugir de nós. Queremos saber onde se enfiou esse tempo que ficou fora. — Aysra me puxa para dentro do apartamento da Nala e me abraça.

— Concordo com a Aysra, você precisa nos contar onde se enfiou. — Mariah grita já vindo na minha direção com uma taça cheia de vinho para mim.

— Mariah, Aysra, vamos deixar a Sam entrar primeiro, respirar e depois se ela se sentir confortável fala onde esteve. Não vamos forçá-la a nada.

Olho para Nala e ela sabe que estou agradecendo mentalmente. Mas aquela fala dela deixou as meninas ainda mais curiosas.

— Não acredito. A Nala sabe onde você estava e nós não? — Mariah pergunta irritada.

— Estou vendo que é isso mesmo, Mariah! — Aysra conclui.

— Parem, agora. — falo largando a taça de vinho — Eu aceitei um trabalho que iria me pagar bem, foi só isso. Não falei nada porque tive que assinar um acordo de confidencialidade e por isso não posso falar nada além do que foi dito. Nala também não sabe de nada, apenas o que acabei de falar para vocês. Meninas, apenas compreendam e não me forcem a falar mais nada, ok?

Elas me olham, não sei dizer se estão chateadas ou se acreditaram mesmo no que eu disse. Apenas trocam de assunto como se nada tivesse acontecido e voltam a beber.

Pensei que seria mais difícil, mas não foi. Nala e eu trocamos olhares algumas vezes durante a noite, mas nossa conversa terá que ficar para outro dia. Entre uma taça e outra acabo me perguntando mentalmente:

— “Como deve estar o Dominic?”

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